Estação Ambiental em Icapuí será reconstruída após 18 meses dos ataques criminosos

O local foi incendiado em fevereiro de 2019, na onda de ataques iniciada em Fortaleza e que se espalhou pelo Interior do CE

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Legenda: A recuperação do local vai custar cerca de R$ 500 mil reais
Foto: Natinho Rodrigues

As obras de reconstrução da Estação Ambiental Mangue Pequeno, na praia da Requenguela, em Icapuí, no litoral Leste cearense, que deveriam ter começado em fevereiro passado, não saíram do papel. Seis depois, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) anunciou novo prazo. Agora, a expectativa é de que sejam iniciadas em setembro, com seis meses de prazo para conclusão dos serviços.

A Sema esclareceu que a licitação para escolha e contratação da empresa ocorreu, "no tempo hábil, após prazos legais", mas a obra não foi iniciada em seguida por causa da pandemia do novo coronavírus que determinou o isolamento social e suspendeu atividades da cadeia da construção civil. O valor dos serviços é de R$ 503.645,73. 

O local foi incendiado em fevereiro de 2019, durante a onda das ações criminosas que se espalharam na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O fogo destruiu auditório, equipamentos eletrônicos e materiais científicos.

Recomeço

Para Leinad Carbogim, a destruição de parte do acervo e de equipamentos da unidade trouxe perdas materiais e sentimentais. “No início, a gente havia perdido a esperança, e não sabia se resistiria”.

“Foram dez anos jogados às cinzas e tivemos que recomeçar do zero”, destacou.

No aspecto material, o prejuízo foi estimado em cerca de um milhão de reais (destruição do prédio, equipamentos, instrumentos musicais, de som e de móveis). “Para nós é incalculável por conta da história, da memória”, ressaltou Leinad Carbogim.  

Legenda: O fogo destruiu auditório, equipamentos eletrônicos e materiais científicos
Foto: Natinho Rodrigues

“Parecia ser o fim dos nossos sonhos, doeu muito no coração”, lembrou a diretora executiva do Projeto. “A comunidade nos apoiou, a população foi generosa, e cedeu espaços nas casas, salas, garagem e a esperança continuou”.

Em 2019, os projetos foram mantidos em espaços cedidos pelos moradores e em uma tenda instalada pela Prefeitura de Icapuí. A equipe pedagógica se dividiu e as atividades não pararam. Veio o tempo da pandemia do novo coronavírus e a criatividade novamente foi usada para manter viva as ações sociais e em defesa do meio ambiente.

Acolhida

Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade são assistidas no projeto e com a suspensão de aulas presenciais por causa da pandemia foi implantada a ação pedagógica ‘Brincando de longe’ para manter a turma envolvida.

“O nosso esforço é para que as crianças tenham sucesso escolar, na vida e no futuro será bom para todos – as famílias e para a cidade de Icapuí, com a formação cidadã”, destacou Leinad Carbogim.

Os vídeos são gravados pelos próprios professores em casa e na comunidade e repassados aos alunos através de redes sociais como WhatsApp. Os alunos também são incentivados a fazer vídeos com ideias propostas pelas equipes pedagógicas narrando situações do cotidiano, um inventário ambiental do entorno de suas casas.

“Usamos a criatividade e em Icapuí há uma certa facilidade de acesso à Internet e dispomos de uma sala com computadores”, explicou Leinad Carbogim. “A maioria dos alunos está inserida nessas ações pedagógicas alternativas”. Aulas de música também são repassadas por vídeo feitos pelos próprios professores.