Esperança no ressurgimento do Pontal de Maceió

Escrito por Redação ,

Sem qualquer tipo de intervenção humana, a faixa de areia da praia, localizada em Fortim, começoua reaparecer a partir do ano passado

Fortim Depois de verem sua praia quase ser varrida do mapa, os pescadores e barraqueiros de Fortim acreditam que a natureza resolveu reverter o processo de erosão que assolava o Pontal de Maceió. Muitas barracas tiveram que recuar cerca de 300 metros na direção do continente e os sinais de destruição ainda são visíveis.

Em 1993, Francisco Gomes Monteiro herdou a barraca do pai. "Ela ficava bem distante mesmo. Está vendo aqueles arrecifes a mais de 300 metros? Eles eram descobertos. Protegiam a praia. Garantiam uma boa faixa de areia. Apesar de continuarem distantes, hoje já estamos mais esperançosos. É que de um ano para cá, o avanço parece que resolveu dar uma trégua".

Francisco recorda que a terceira e última vez que o mar derrubou a sua barraca ele estava participando de uma regata. "Era dia de domingo, à tarde, há uns três anos. Foi um desespero muito grande. Nos juntamos por aqui em mutirão e conseguimos salvar pelo menos alguns equipamentos e utensílios".

Durante todo esse período, Francisco teve que exercer a atividade de pescador para garantir a sobrevivência da família. "Hoje, com o retorno da praia, soergui a minha barraca. Por via das dúvidas, a instalei na parte mais alta para evitar qualquer surpresa desagradável. Não tenho mais a necessidade de ir para o mar todos os dias para pescar. Com o retorno dos frequentadores, principalmente durante as férias e os fins de semana, dá para ir se mantendo".

A mesma sorte não tiveram ainda os moradores da praia vizinha ao Pontal de Maceió, conhecida como Suspiro da Baleia. Ali, o avanço atinge em cheio alguns morros e dunas. A proprietária da barraca Sol Nascente, Maria da Silva Ferreira, espera "que a areia que recuperou o Pontal do Maceió chegue até aqui. É um mistério. A gente não sabe de onde ela surgiu. O pessoal comenta que ela veio trazida lá da África. O certo é que já criou um pouquinho de praia por aqui, o suficiente para a gente manter nossa barraca, já que a outra foi levada pela maré".

Já Izídio Braga, dono da barraca Canto Verde, localizada no Pontal de Maceió, tem uma outra explicação para a chegada da areia. "A última cheia no Rio Jaguaribe, ocorrida há mais de dois anos veio trazendo essa areia aos poucos e só agora ela chegou de vez".

O mestre em análise ambiental e professor do curso de Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Paulo Roberto Silva Pessoa acha pouco provável que a areia tenha surgido de acordo com as versões dos barraqueiros. "Temos que melhor investigar essa situação. A título de hipótese, pode ser que uma duna grande existente às margens do Jaguaribe tenha sido carregada pelo vento para dentro do rio, que usou o material para alimentar a praia. Isso, ressalto, é apenas uma possibilidade".

Iguape

Outra praia que vem sofrendo com o avanço do mar é a do Iguape, em Aquiraz. Desde agosto último, as ondas, impulsionadas pelo vento, pioraram a situação. Desde então, foram destruídos postes de iluminação, muros de casas de veraneio e pousadas, além de algumas barracas. (FM)


arte fortim