Entenda por que o Ceará tem 34 cidades em alerta elevado para Covid mesmo com casos e óbitos caindo

Gestores avaliam que a vacinação é a principal aliada na redução de casos graves, mas não impedem a contaminação pelo coronavírus.

Escrito por André Costa e Nícolas Paulino , regiao@svm.com.br
Enfermeiro aplica vacina contra a Covid-19 no braço de uma mulher.
Legenda: A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Cidade, observa que grande parte das pessoas que estão sendo contaminadas e desenvolvendo formas graves da Covid atualmente não tomaram a vacina ou não completaram as duas doses
Foto: José Leomar

Apesar de casos confirmados e óbitos por Covid-19 em queda mais expressiva nos últimos três meses, o Ceará ainda tem 34 cidades em nível de alerta alto ou altíssimo para a transmissão da doença, de acordo com a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A análise se refere até o dia 20 de novembro.

O total representa 18% dos 184 municípios do Estado. A maioria (22) está no nível alto, enquanto outras 12 estão no alerta “altíssimo”. 

Segundo o IntegraSUS, o estado geral do município é definido pelo indicador de nível mais alto, ou seja, se um município tiver três indicadores baixos e um altíssimo, seu nível de alerta final será altíssimo.

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Guaramiranga, por exemplo, está em alerta altíssimo embora seja a cidade com a população adulta completamente vacinada com pelo menos a primeira dose. A plataforma indica risco relacionado a internações por causas respiratórias. Tianguá e Juazeiro do Norte têm alertas relacionados à letalidade pela doença.

Até o último dia 19, Tianguá registrou 4 novos casos em 24 horas e tinha apenas 5% de leitos de enfermaria ocupados com pacientes suspeitos. Em Juazeiro, no sábado (20), havia cinco pacientes hospitalizados e 22 em isolamento domiciliar. As informações são de boletins epidemiológicos municipais.

A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Cidade, observa que grande parte das pessoas que estão sendo contaminadas e desenvolvendo formas graves da Covid atualmente não tomaram a vacina ou não completaram as duas doses, além de “um quantitativo alto de pessoas que assinaram o termo de recusa da vacina”. 

"Nós iremos conviver com a Covid-19 de agora em diante, por isso a vacinação não é garantia de a população não se contaminar com o vírus; ela contribuirá para uma maior resistência e, consequentemente, evitará muitos óbitos pela doença”, lembra.

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Confira as cidades com alerta mais alto:

Nível alto

Acarape
Alto Santo
Antonina do Norte
Aratuba
Apuiarés
Campos Sales
Cascavel
Ererê
Fortim
Jucás
Martinópole
Missão Velha
Mulungu
Nova Olinda
Pacujá
Pereiro
Pindoretama
Pires Ferreira
Salitre
São Luís do Curu
Tarrafas
Várzea Alegre

Nível altíssimo

Altaneira
Deputado Irapuan Pinheiro
Guaraciaba do Norte
Guaramiranga
Icó
Juazeiro do Norte
Parambu
Poranga
Quiterianópolis
Orós
Tianguá
Umari


De maneira geral, o Ceará tem risco moderado relacionado à letalidade pela doença. Contudo, os outros quatro indicadores analisados pelo IntegraSUS estão em baixa.

De acordo com o infectologista Ivo Castelo Branco, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), como o Estado atravessa um momento de número baixo de casos, quando há qualquer novo incremento, por menor que seja, pode acarretar em uma alta variação percentual.

Por exemplo: se uma cidade registra 4 casos em uma semana e 12 na seguinte, o aumento percentual é de 200%, “não significando, porém, que aquela cidade está em uma situação de risco”, considera Sayonara Cidade, do Cosems. 

“Para tratar de risco, é necessário analisar o cenário geral do município para que se tenha a real situação que o mesmo se encontra”, afirma.

A Sesa informou que segue monitorando diariamente os indicadores da Covid-19 e “coordenando ações preventivas com os municípios, quando necessário”.

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A Pasta reforça que, apesar “de estarmos no momento de maior controle dos índices epidemiológicos e assistenciais da pandemia”, é preciso que os cearenses completem o esquema vacinal, além de buscarem a terceira dose ou dose de reforço “para garantir máxima proteção contra a doença”.

A presidente do Cosems destaca que municípios com percentual de vacinação mais alto têm, consequentemente, menos casos de contaminação e óbitos, notando “um excelente trabalho nas campanhas de vacinação em todo o Estado”.

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