Com abertura de leitos de UTI-Covid neste mês, Interior já concentra 46% de todas as vagas do Ceará

Atualmente, 383 dos 824 leitos de UTI estão no Interior. O número total de leitos no Ceará, juntando UTI e enfermaria, já supera em 5% o quantitativo existente no pico da primeira onda da pandemia

Escrito por André Costa , andre.costa@svm.com.br
Legenda: A cidade de Crato, na região do Cariri, ganhou 10 novos leitos de UTI nesta segunda-feira (1º)
Foto: Elizangela Santos

A pandemia do novo coronavírus pode ter sua gravidade dimensionada pelas mais de 11.330 vidas perdidas somente no Ceará em cerca de um ano. Para que tantos outros nomes não sejam silenciados, a disponibilidade de leitos se torna vital. No entanto, a alta taxa de ocupação das UTIs superior aos 90%, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), preocupa.

Com hospitais por todas as regiões cearenses à beira de um colapso, expandir a cobertura tornou-se uma necessidade urgente e que pode representar vidas salvas. Somente nesta semana, 30 novos leitos foram abertos nas cidades de Canindé, Crato e Tauá, além de outros 10 já abertos na semana passada em Crateús. Com este incremento, já são 824 leitos de UTI em todo o Ceará, dentre os quais, 383 estão no interior cearense, isto é, 46,8%. 

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Cenário no Estado

O número já se aproxima do total de leitos existentes no Ceará no pico da primeira onda, entre abril e junho do ano passado, quando o Estado contabilizava 911 leitos UTI-Covid. No entanto, quando se comparado todos os leitos (Unidades de Terapia Intensiva e leitos de enfermaria) do Ceará, o número atual já supera o verificado no ano passado em 5,42%. Eram 2.951 até junho e hoje são 3.111, ainda conforme dados da Sesa.

A alta taxa de transmissão identificada na segunda onda, somado aos casos mais graves que se apresentam, justifica a abertura contínua de leitos em 2021. O ano começou com 327 leitos de UTI, incluindo Fortaleza, Região Metropolitana e Interior, e hoje são 152% de leitos a mais (824).

“Está havendo uma crescente demanda de pacientes com Covid-19", pontuou Dr. Cabeto, secretária da Saúde do Ceará.  

Na cidade de Crato, os dez leitos implantados ontem (1º) são os primeiros do Município, que antes da pandemia só dispunha de 42 leitos de enfermaria. A cidade está atualmente na classificação de risco nível "alto" para taxa de transmissão da doença. 

 

A incidência de casos Covid por dia, para cada 100 mil habitantes, está em 179,5, com tendência crescente. A taxa do Ceará é 207,8, conforme dados o último boletim epidemiológico, correspondente aos dias 14 a 27 de fevereiro. O Município já soma 9.965 casos e 124 óbitos.

Embora o governador do Estado, Camilo Santana (PT), alerte que a expansão de leitos tenha um limite, dentre outras razões, “pelo esgotamento dos profissionais de saúde, que têm se dedicado ao máximo”, a oferta ainda deverá ser ampliada nas próximas semanas. Quixadá, principal cidade do Sertão Central vai ganhar 10 leitos de UTI.

Assim como em Crato, estes serão os primeiros leitos de UTI de Quixadá. Essas vagas devem ser abertas até o fim de março, na Maternidade Jesus Maria e José. O Município está na classificação de nível "altíssima" par transmissão e tem taxa de letalidade em 3,4%. O percentual do Estado é de 1,4%. Quixadá tem 4.755 casos e 99 mortes por decorrência da Covid-19.

Já em Barbalha, o incremento dos leitos foi custeado pelos cofres municipais. A Prefeitura contratou, nesta terça-feira (2) mais 50 leitos de enfermaria para atendimento aos pacientes da Covid-19. São 40 adultos e 10 pediátricos.

O prefeito Guilherme Saraiva justificou a contratação devido ao "aumento no número de casos". Barbalha está na classificação de nível "altíssimo" para transmissão do vírus e incidência para cada 100 mil habitantes é de 164,5. “Esse foi o maior contrato de leitos desde o início da pandemia", acrescentou Saraiva.

Aumento de internações

As internações por Covid-19 em UTIs atingiram no fim de fevereiro e início deste mês, a maior taxa de ocupação geral da pandemia, superando, pela primeira vez, a marca dos 91%. Em 25 de maio do ano passado, acontecia até então o pico de ocupação, com 90,94%, conforme dados do IntegraSus, plataforma oficial da Sesa.

Exatos nove meses depois (25 de fevereiro), esse número foi superado, chegando a 92,2% de ocupação. A taxa desse tipo de leito vinha em queda desde julho de 2020 e atingiu o menor número em 24 de dezembro, quando teve 163 pessoas internadas. 

A necessidade de expansão de leitos para atender a alta demanda também onera os cofres públicos. Segundo Camilo Santana (PT), o custo mensal por leito de UTI é de 80 mil reais. Considerando que atualmente são 824 leitos, o Estado gasta, a cada mês, R$ 65,9 milhões só na manutenção das UTIs.

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