Centenário do Açude Cedro é comemorado hoje

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Foto: Alex Pimentel

Hoje é comemorado o centenário do que é considerado o mais importante complexo arquitetônico, histórico e cultural existente em Quixadá, o Açude Cedro. A Secretaria de Educação e Desporto de Quixadá promove encontro cultural a partir das 16 horas na Praça José de Barros. Trinta e sete escolas públicas e particulares irão expor trabalhos abordando os aspectos históricos, culturais e econômicos da primeira obra de combate à seca no País, concluída em 1906.

O primeiro açude público construído no País surgiu por determinação do imperador Dom Pedro II. Sensibilizado com o sofrimento do povo cearense diante da seca que assolava a região, o monarca disponibilizou recursos para a construção do reservatório. A preocupação era tamanha que a majestade imperial, herdeiro do trono lusitano, se propôs a vender as jóias de seu reino para erradicar o sofrimento do povo. “Nem que eu tenha que vender todas as jóias de meu reino, nenhum nordestino morrerá de fome”, declarou Dom Pedro II. Essa abordagem histórica é citada no livro “Retalhos da História de Quixadá”, obra do pesquisador João Eudes Costa.

Passaram-se 22 anos até que a construção do complexo da represa em forma de arco fosse concluída. Naquele ano, 1906, o então presidente do Brasil, Afonso Pena, acompanhado de comitiva, visitou o Açude Cedro. Foi recepcionado pelo engenheiro Piquet Caneiro. Na inspeção, informal, o presidente se referiu à obra como um desperdício sem fim. Foram gastos mais de 4,6 bilhões de réis (moeda da época).

Conforme o pesquisador João Eudes Costa e historiadores da terra, o desprezo de Afonso Pena pelo reservatório ofuscou a data solene de inauguração. Sua visita ocorreu aos 15 de julho de 1906. Mas não houve nenhum registro oficial. Mesmo assim, a antipatia do chefe de Estado não foi suficiente para abater a importância social e econômica da que foi a primeira obra originada de estudos para o convívio com a seca.

Dom Pedro II havia apoiado a realização da importante empreitada no sertão do solo quixadaense em razão de sua visão social e econômica. A represa propiciaria a irrigação de milhares de hectares. Garantiria prosperidade para o povo da região. Além do que seria uma obra redentora do martírio da seca. A edificação do reservatório, com seu modelo arquitetônico peculiar, também se fundiu espontaneamente a uma exótica obra da natureza, a Pedra da Galinha Choca, um monumental monólito que aos olhos lembra a ave que abriga os terreiros matutos. Assegurava assim o mais visitado recanto turístico da região.

Atualmente, apesar da situação de abandono apontada pela maioria da população, o Açude Cedro ainda encanta visitantes do Estado, do País e do mundo. Não há um quixadaense que não se orgulhe do interessante conjunto arquitetônico. Aguardam apenas que as autoridade municipais, estaduais e federais dêem a atenção merecida ao velho e agora centenário Açude Cedro.

Acerca das críticas da população, o prefeito em exercício, Cristiano Góes, afirma que a administração pública local se empenha em busca de recursos para restauração do Cedro e seu entorno. Segundo garante, mesmo sob tratamento médico em razão de um acidente aéreo, o prefeito Ilário Marques não mede esforços no sentido de que o projeto seja concluído e obtidos os recursos necessários para revitalização do acervo imperial.

De acordo com o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan) no Ceará, o arquiteto Romeu Duarte, a importância do Açude do Cedro para o País foi reconhecida publicamente, com o tombamento do acervo como Patrimônio Nacional. Quanto a preservação, Duarte enfatizou que o Iphan presta a assistência necessária no que se refere a preservação dos traços históricos. “Isso não inibe a gestão pública local de realizar os reparos necessários”, considera.

SERVIÇO: Exposição Centenário do Açude Cedro, hoje, 26, de 16 às 22 horas, na Praça José de Barros. Aberta ao público. Mais informações com Secretaria de Educação e Desporto de Quixadá, (88) 3414.4660.

Alex Pimentel
sucursal Quixadá

"Percebo o Açude Cedro, sua construção, como o alicerce econômico, cultural e histórico de Quixadá. A população deve dedicar uma pouco dessa glória centenária ao conterrâneo José Jucá. Foi ele, maçom, o conquistador dessa importante obra para nossas terras”."
João Eudes Costa, Pesquisador

´Infelizmente, nem mesmo o nosso povo percebe a importância do Açude Cedro para nossas vidas. É necessário despertá-lo. Muitos deles nasceram de um primeiro beijo dos pais à margem desse maravilhoso recanto. Recordo com triste saudade as noites de seresta vendo a lua beijar a água do Cedro."
Arthur Almeida, Historiador

"Assim como a maioria dos quixadaenses, não entendo como esse importante patrimônio está se dizimando. É necessário que as autoridades públicas esclareçam a população acerca do que está e o que será feito para a restauração de nossa maior riqueza histórica."
Elisângela Martins, Escritora

"Reconhecemos a importância do Açude Cedro como importante acervo histórico e cultural de nosso Município e do País. Estamos nos empenhando para assegurar ao nosso secular patrimônio o valor merecido."
Cristiano Góes, Prefeito em exercício