Mesmo ainda restando 11 dias para o fim da pré-estação (dezembro-janeiro) chuvosa no Ceará, os volumes pluviométricos acumulados até agora já estão entre os melhores da década. Levantamento realizado pelo Diário do Nordeste, com base em dados divulgados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), aponta que a pré-estação de 2022 já é a terceira melhor dos últimos dez anos.
O volume de chuva acumulado no Estado entre dezembro de 2021 e 18 de janeiro deste ano é de 171.6 milímetros - dentre os quais 48.5 mm foram registrados em dezembro, cuja média é de 31.5 mm. Ou seja, o mês passado fechou com pluviometria 53,6% acima da média.
Já o índice total acumulado até agora no bimestre é 31% superior a média histórica para o período, que é de 130.3 mm. Os dados foram extraídos na manhã desta terça-feira (18) e são parciais, portanto podem sofrer atualização até o fim da pré-estação.
Nos últimos dez anos, os períodos mais chuvosos foram em 2019 e 2016, com 195.8 mm e 200.5 mm, respectivamente. Quando expandido o recorte temporal, a pré-estação mais chuvosa das últimas duas décadas foi registrada em 2004, com impressionantes 419.6 milímetros acumulados. Somente em janeiro daquele ano, a Funceme observou volume de 406.8 mm.
Levando em consideração que ainda faltam 11 dias para o fim da pré-estação atual e de que as previsões dos órgãos meteorológicos preveem mais chuvas no Estado nos próximos dias, a pré-estação chuvosa pode ultrapassar os anos de 2019 e 2016.
Para esta quarta-feira, previsão é de céu variando de parcialmente nublado a poucas nuvens em todas as macrorregiões com baixa possibilidade de chuva na Jaguaribana. "Nas demais macrorregiões, há alta possibilidade de chuva", destacou a Funceme.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também aponta possibilidade de chuvas para o Ceará. Conforme alerta divulgado pelo órgão e cuja validade se estende até esta quarta (19), 31 cidades têm potencial perigo para chuvas e ventos fortes.
Esta classificação sugere risco de chuva entre 20 e 30 mm por hora ou até 50 milímetros ao dia, além de ventos intensos com rajadas que podem chegar até a 60 km/h. Para estas regiões, o risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas é baixo.
Cidades incluídas no alerta:
- Acaraú, Alcântaras, Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Cariré, Carnaubal, Chaval, Coreaú, Crateús, Croatá, Frecheirinha, Graça, Granja, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipueiras, Marco, Martinópole, Massapê, Moraújo, Mucambo, Pacujá, Poranga, São Benedito, Senador Sá, Sobral, Tianguá, Ubajara, Uruoca e Viçosa do Ceará
Quadra chuvosa
Já a quadra chuvosa no Ceará tem início no próximo mês de fevereiro. O período, que se estende até maio, também deverá ser propício para bons volumes pluviométricos, conforme antecipou o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Flaviano Fernandes. "Deverá ser dentro da média a ligeiramente acima do normal", destaca o especialista.
A divulgação oficial do prognóstico para o quadrimestre acontecerá nesta sexta-feira (20) em entrevista coletiva promovida pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Fernandes explica que, para que os especialistas cheguem a uma análise robusta, diversos fatores são estudados e monitorados ao longo de semanas.
"As previsões [tanto da pré, quanto da quadra chuvosa] são elaboradas em conjunto com outros órgãos, analisando as temperaturas superficiais dos oceanos, o comportamento das regiões de alta pressão subtropical, comportamento dos ventos de baixa até alta troposfera, além de como será a atuação dos sistemas atmosféricos que podem provocar chuva na região", detalhou.
Os órgãos que fazem essa análise conjunta são Inmet, Funceme e Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climático (CPTEC). "São analisados os modelos numéricos e estatísticos para poder fazer uma previsão de consenso", acrescenta o especialista do Inmet.
Quem também aposta em uma boa quadra chuvosa são os sertanejos conhecidos como "Profetas da chuva". Este grupo, formado em sua maioria por idosos com mais de 60 anos, observam diversos sinais da natureza e, diante de uma sabedoria repassada ao longo de gerações, traçam previsões para o quadrimestre popularmente chamado de 'inverno'.
"A natureza nos fornece muitas pistas. Ela é capaz de mostrar o que irá acontecer, basta entendermos. Até a forma com que o João-de-barro constrói sua casa pode indicar se o inverno será bom ou não. São muitos elementos. Para este ano, apostamos em boas chuvas", destaca o João Soares de Freitas, de 81 anos e que há sete décadas faz as previsões climáticas.
Nos últimos 11 anos, as previsões dos "Profetas da Chuva" se confirmaram em seis oportunidads (2011, 2013, 2015, 2018, 2019, 2020).