Chuva de granizo em sítio de Independência assusta moradores

Segundo a Funceme, as nuvens possuíam um potencial para formação de raios e gelo no seu interior

Escrito por Angélica Feitosa , angelica.feitosa@svm.com.br

O mês de janeiro, no Interior do Ceará, costuma receber as chuvas da pré-estação, mas este ano foi diferente. No distrito de Povoado da Favela, em Independência, no Sertão Central, caíram pedras de gelo. Entre 18h40 e 19h desta quinta-feira (13), moradores da região sentiram o vento mais frio e começaram a ouvir o barulho das pedras batendo no telhado das casas. 

“Chega eu me assustei. Nunca tinha acontecido. Quando percebi, ouvi os pingos diferentes  e, com pouco tempo, começou a cair pedra de gelo dentro de casa”, relembra a dona de casa Raimunda do Nascimento, 40, conhecida como Preta. Ela, que mora com a mãe, a aposentada Antônia Adelaide Soares do Nascimento, 78, e com o marido, o agricultor José Gomes Filho, 35, precisou colocar casacos para se proteger do frio.

A dona de casa conta que, em 40 anos de vida, nunca presenciou o fenômeno no distrito. Mas, no ano de 2020, chuvas de granizo também ocorreram na localidade de Novo Oriente. Nesta quinta, também choveu granizo no distrito de Tranqueira, no município.

Tempo favorável para fenômeno

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a previsão do tempo para esta quinta-feira (14) indicou a possibilidade de chuva na macrorregião do Sertão Central e Inhamuns, onde está localizado o município de Independência, principalmente no período da tarde e noite. A instituição apontou ainda cenário para acumulados mais expressivos.

Segundo o meteorologista da Funceme, Agustinho Brito, as chuvas previstas estavam relacionadas à atuação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que está atuando sobre o Nordeste. 

Ainda de acordo com Brito, segundo análise de imagens de satélite, durante o período da chuva de granizo no município de Independência, havia nuvens convectivas do tipo cumulonimbus, que são caracterizadas por bastante movimento vertical, se estendendo da superfície até aproximadamente 9 km de altitude.

“Essas nuvens possuem um potencial para formação de raios e gelo no seu interior. Por sua vez, na região Nordeste, devido a suas altas temperaturas na superfície, não é comum a gota chegar na condição de gelo em superfície”, informa o meteorologista. Porém, ainda segundo ele, em condições específicas da atmosfera (instabilidade e circulação do vento), como foi observada na noite de quinta próximo à Independência, e efeitos locais (relevo e temperatura), pode tornar-se favorável o granizo chegar ao solo", disse.