“A gente não pode parar no meio do caminho”, diz enfermeira que fez ‘caminho de pedras’ para vacinar

Em vídeo, a enfermeira mostra as dificuldades de acesso para vacinar a população idosa do Sítio São José, na zona rural de Pedra Branca

Escrito por Redação ,
Ana Kalini vacinação Pedra Branca
Legenda: O esforço foi para a aplicar a primeira dose da vacina contra Covid-19 em Francisco Henrique de Lima, de 102 anos
Foto: Arquivo Pessoal

Durante a campanha de vacinação contra a Covid-19 várias histórias de superação dos profissionais da saúde para conseguir aplicar as doses em idosos, que são o primeiro grupo a receber o imunizante, estão se espalhando pelo País. O mais recente caso de força de vontade no exercício da profissão veio da zona rual da cidade de Pedra Branca, no Ceará.  Por lá, a enfermeira Ana Kalini precisou recorrer às pedras para que o carro da equipe de saúde conseguisse subir a serra e vacinar idosos.

"O acesso em Pedra Branca é muito difícil, já que é uma serra, tem muita estrada de terra e, também, porque havia chovido na noite anterior, então o carro deslizava muito”, explica. 

O objetivo do vídeo era mostrar à sua coordenadora a dificuldade de acesso para vacinar a população do Sítio São José, que tem mais de três mil pessoas, na zona rural de Pedra Branca. A gravação ocorreu no Sítio Feijão, na zona rural de Pedra Branca. A equipe estava indo à casa de Francisco Henrique de Lima, um idoso de 102 anos, para vaciná-lo. 

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Segundo Kalini, após abrir o frasco que contém o líquido para vacinar, ela teria apenas 6 horas para usar a quantidade total de doses do recipiente. Dessa forma, até aquele momento ela tinha vacinado 11 pessoas e sobravam 9 doses. “Com o vídeo, eu pedi permissão à minha coordenadora para utilizar aquelas doses em idosos na faixa de 80 a 90 anos. Pela dificuldade de acesso tinha medo de perder aquelas doses”, complementa a enfermeira.  

Vacinação em Pedra Branca 

A profissional da saúde alertou que a situação de Pedra Branca é delicada, principalmente, porque o hospital mais próximo não possui UTI. “Precisamos vacinar essa população porque com os casos subindo a situação pode ficar mais difícil. O hospital daqui é de pequeno porte e nem tem UTI, precisaríamos ir para o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC) e lá praticamente todos os leitos estão lotados”, explica. 

De acordo com o site Integrasus, 87,9% dos leitos de UTI do HRSC estão ocupados.  

Além disso, de acordo com o site da prefeitura de Pedra Branca foram recebidas 1.782 vacinas e, dessas, apenas 50 doses foram aplicadas. A taxa de vacinação está em 2,81%.  

Com isso, a enfermeira explica que essa tabela que define as faixas etárias para vacinação não é adequada para todas as cidades do Brasil e nem consideram as dificuldades de acesso das zonas rurais. 

Com a lentidão na aplicação das doses e os problemas enfrentados pelo município, as famílias seguem angustiadas pela falta de imunização. “As pessoas estão com medo, nós, profissionais da saúde, também estamos, uma mistura de apreensão e medo. Por isso, Nós não podemos é parar no meio do caminho”, afirma. 

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