Uma semana após episódio de agressão, Câmara de Fortaleza ainda não definiu medidas sobre o caso
Na abertura dos trabalhos legislativos, a vereadora Enfermeira Ana Paula (PDT) agrediu a vereadora Cláudia Gomes (PSDB) e o suplente Júnior Aquino (União)
Uma semana após o episódio, a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) ainda não deliberou sobre quais providências irá tomar quanto à agressão da vereadora Enfermeira Ana Paula (PDT) contra sua colega de plenário Cláudia Gomes (PSDB) e o suplente de vereador Júnior Aquino (União). O fato foi registrado na quinta-feira passada (1º), durante a abertura dos trabalhos de 2024.
O assunto chegou a ser incluído nas pautas de reuniões da Mesa Diretora e do Colégio de Líderes na segunda-feira (5), mas, segundo parlamentares que estiveram nos dois encontros, não houve nenhum encaminhamento. A própria Ana Paula informou ao Diário do Nordeste que, pelo que sabe, a "Mesa Diretora não teve tempo ainda de marcar nenhum tipo de reunião" com ela.
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De acordo com um dos líderes do colegiado, Gabriel Aguiar (PSOL), a oportunidade serviu como um "termômetro" da situação, de modo que as demais lideranças se manifestaram sobre o ocorrido e puderam contribuir sobre qual posição seria adotada pela presidência a partir dali. Ele esteve no colegiado representando o partido e a oposição.
"Foi uma reunião bastante longa, foram mais de duas horas, mas não foi 'encaminhativa'. Foi uma reunião mais para a presidência e os demais sentirem a temperatura da Casa, conversar e cada um falar sua posição", comentou o político.
Aguiar disse que os próximos passos que serão tomados não foram revelados aos pares. Para ele, encaminhamentos futuros agora irão depender dos diálogos da presidência da CMFor e das providências pensadas pela chefia do Legislativo para o caso.
Já o vereador Danilo Lopes (Avante), que também esteve no Colégio de Líderes, comentou que sua preocupação, para além da violência registrada no Legislativo, foi a garantia da segurança no Plenário Fausto Arruda, com a adoção de medidas que evitem um grande volume de pessoas na área interna do prédio.
"Em relação às outras demandas, existe uma divergência entre vereadores do que pode ocorrer para que se dê alguma resposta. Mas uma resposta à sociedade tem que ser dada pela Casa. E vai ser dada, sim, da forma mais amigável possível com todos, reconhecendo que existem os momentos em que o ser humano fragiliza e deixa expor seus momentos, sua forma mais radical de ser", avaliou Lopes, acrescentando que a presidência acolheu as sugestões.
Representando a Rede Sustentabilidade, Estrela Barros, que exerce cargo de liderança, reforçou que não houve nenhuma decisão. "Ficou definido pela presidência do vereador Gardel (Rolim) que seria vista a melhor forma de dar um retorno para a imprensa e para esta Casa. Todos estão aguardando", considerou.
Nas palavras dela, esse primeiro momento foi de escuta, para que em outra ocasião deliberem o que será feito diante do fato.
O vice-líder governista e membro do Colégio de Líderes como representante do seu partido, Didi Mangueira (PDT) comentou que o clima de análise imperou no encontro. Houve, entre os presentes, o entendimento de que as lideranças deverão orientar os demais legisladores a manter um tom moderado, apesar do ano eleitoral influenciar no acirramento dos debates.
Ele indicou que sugeriu ao presidente que a Mesa Diretora seja a única responsável por encaminhar uma possível abertura de processo disciplinar contra a vereadora acusada de agressão.
"Eu disse: 'Olhem, pensem, a mesa diretora, veja aí com seus membros, tire o Colégio de Líderes disso, botem a Mesa Diretora para ver e analisem tudo com muito cuidado, porque qualquer decisão tomada na mesma semana ou na semana seguinte é precipitada", frisou. Ao que afirmou Mangueira, a tendência é mesmo que a Mesa Diretora assuma a condução do assunto.
Segunda vice-presidente da Casa, a vereadora Cláudia Gomes voltou a lamentar o que aconteceu com ela na última semana. Pelo que falou a parlamentar, a reunião da segunda-feira debateu a adoção de normas diferenciadas para o controle de acesso ao ambiente legislativo.
"Como aqui é a casa da população, é a casa do povo, a gente tem que estar com portas abertas, mas de uma forma segura, que traga tranquilidade para todos nós podermos exercer a nossa função", completou a tucana, sem detalhar como a instância será providencial quanto a agressão.
O Diário do Nordeste tentou contato com o presidente da Casa, o vereador Gardel Rolim (PDT), para que se manifestasse sobre o assunto. Apesar disso, não houve nenhuma resposta até a publicação desta matéria. O conteúdo será atualizado caso haja alguma devolutiva.
*Colaborou a repórter Ingrid Campos