Legislativo Judiciário Executivo

"O objetivo é gerar desgaste em Capitão Wagner", diz Soldado Noélio sobre CPI das Associações

A CPI das Associações Militares ouviu o primeiro depoimento nesta terça-feira (5)

Escrito por Wagner Mendes e Felipe Azevedo ,
Legenda: CPI das Associações Militares investiga supostas interferências de entidades militares no motim de 2020
Foto: Paulo Rocha/AL-CE

Único integrante da oposição na CPI das Associações Militares, na Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado estadual Soldado Noélio (UB), rebateu as declarações do relator da comissão, Elmano de Freitas (PT), feitas nesta terça-feira (5), de que teria ficado "evidente" que a Associação dos Profissionais de Segurança (APS) é "utilizada para fazer política partidária dentro da polícia".

Para o parlamentar, o objetivo da CPI, em ano eleitoral, "é gerar desgaste no maior opositor do governo do Estado, que é o Capitão Wagner". Noélio ganhou relevância política na esteira da popularidade do deputado federal Capitão Wagner nas mobilizações da categoria.

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Durante o depoimento, Elmano afirmou que a associação é um "braço político" do grupo político comandando pelo deputado federal licenciado, Capitão Wagner (UB). Ele citou como exemplo a "mobilização conjunta" entre parlamentares do grupo e a APS durante a mobilização em dezembro de 2019 pelo reajuste salarial da categoria.

Nesta terça (5), o relator afirmou também que membros da APS teriam sacado, em caixas eletrônicos de agências bancárias, cerca de R$ 2,3 milhões entre os anos de 2015 e 2021. O uso do recurso em espécie comprometeria, assim, a prestação de contas.

"Se fizer um cálculo simples de R$ 2,3 milhões ao longo de cinco anos, se você dividir isso por mês dá em torno de R$ 38 mil por mês para uma entidade que tem uma arrecadação de quase R$ 400 mil por mês e tem oito mil associados", rebateu Noélio. 

A CPI investiga se foi feito o uso financeiro dos recursos da entidade para alimentar o motim da Polícia Militar em 2020. Há suspeitas, inclusive, de pagamentos irregulares a escritórios de advocacia contratados pelas entidades e possível criação de CNPJ com fins duvidosos.

Discurso meramente politiqueiro. Tem advogados que trabalharam nessas associações e que já trabalharam com políticos, mas que hoje trabalham inclusive com deputados que são da base do governo, vereadores que são da base do governo. Isso só demonstra que o advogado é profissional, é direito dele trabalhar com quem quer que ele queira trabalhar
Soldado Noélio (UB)
Deputado estadual

O parlamentar também procurou minimizar as denúncias do relator na comissão. Segundo ele, não há nada grave que possa indicar atos de corrupção, por exemplo.

"Não vislumbrei nada de grave ou que possa gerar um entendimento de que houve corrupção. Não há nenhum centavo dessas associações que venha do governo, são contribuições voluntárias dos policiais a essas entidades, não há recursos públicos", apontou o parlamentar. 

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Depoimento

Nesta terça-feira (5), os deputados estaduais ouviram a primeira testemunha da CPI, o atual presidente da APS, Cleyber Araújo. O representante negou supostas irregularidades.

"Em relação à participação da associação na paralisação: nós não participamos, nós não motivamos, nós não financiamos. (...) Há diversa documentação que inclusive já foi enviada para a CPI que comprova exatamente isso", disse.  

A CPI, instalada em agosto de 2021, foi criada na Assembleia Legislativa do Ceará para investigar possíveis ligações destas instituições com o motim de PMs ocorrido em fevereiro de 2020, o que seria ilegal.

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