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"Entidade é utilizada para fazer política partidária dentro da polícia", diz relator da CPI na AL-CE

Elmano de Freitas faz referência a Associação de Profissionais da Segurança; presidente da entidade foi primeira testemunha da comissão

Escrito por Luana Barros, Felipe Azevedo ,
Elmano de Freitas
Legenda: Elmano de Freitas é o relator da CPI que investiga possível envolvimento das associações militares com o motim de 2020
Foto: Júnior Pior/AL-CE

O relator da CPI que investiga possível envolvimento das associações militares com o motim de policiais e bombeiros em 2020 no Ceará, Elmano de Freitas (PT), disse, após depoimento desta terça-feira (5), que ficou "evidente" que a Associação dos Profissionais de Segurança (APS) é "utilizada para fazer política partidária dentro da polícia".

Da oposição, o deputado Soldado Noélio (UB), também integrante da CPI, rebate e acusa comissão de tentar prejudicar o pré-candidato ao Governo Capitão Wagner (UB).

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Os deputados estaduais ouviram Cleyber Araújo, atual presidente da APS. Ele é a primeira testemunha da CPI, instalada em agosto de 2021. 

Durante o depoimento, Elmano de Freitas já havia afirmado que a associação é um "braço político" do grupo político comandando pelo deputado federal licenciado, Capitão Wagner (UB). Ele citou como exemplo a "mobilização conjunta" entre parlamentares do grupo e a APS durante a mobilização em dezembro de 2019 pelo reajuste salarial da categoria.

Além disso, também foram indagados à Cleyber Araújo sobre o fato de que ex-esposa e prima da testemunha atuaram como assessoras parlamentares de Wagner, além de advogados contratados pela APS serem os mesmos que assessoram o deputado federal. 

"Fica evidente que a atuação da APS é absolutamente vinculada. Evidentemente que é um relacionamento político e que a entidade é utilizada para fazer política partidária dentro da polícia", ressaltou após o fim do depoimento.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, Capitão Wagner disse ver "com estranheza" os trabalhos da CPI, que acredita estar sendo usada para "fins eleitorais". Além disso, afirmou que deve tomar "medidas judiciais cabíveis" para evitar que sejam criadas "falsas narrativas" envolvendo seu nome.

Aliado de Wagner, Soldado Noélio apontou "discurso meramente politiqueiro" na sessão e nas acusações dos parlamentares e disse que "o objetivo é gerar desgaste no maior opositor do governo do Estado, que é o Capitão Wagner". Ele

"Não vislumbrei nada de grave ou que possa gerar um entendimento de que houve corrupção. Não há nenhum centavo dessas associações que venha do governo, são contribuições voluntárias dos policiais a essas entidades, não há recursos públicos", afirmou Noélio, após a sessão.

Cleyber também negou envolvimento com objetivos políticos da entidade com lideranças partidárias. "Não vejo nenhuma ligação, por mais que seja parente, não diz respeito a mim", disse sobre a ex-esposa e a prima terem atuado com Wagner.

Próximo depoimento

A CPI havia agendado o depoimento de Cleyber Araújo para o último da 29 de março. Contudo, ele não compareceu. Por meio do seu advogado, Araújo enviou um ofício com um atestado médico anexado alegando estar com sintomas de síndrome gripal.

Para recuperar o tempo, duas oitivas devem ser realizadas nesta semana. Além do depoimento de Araújo, os deputados estaduais também devem ouvir o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (UB) nesta quarta-feira (6). O parlamentar presidia a APS na época do motim. 

Elmano de Freitas disse ainda que não descarta a possibilidade de voltar a ouvir Cleyber Araújo. "Nós vamos ter outros depoimentos e algumas afirmações que foram feitas podem ser questionadas por outros depoentes", projeta o relator. 

 

 

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