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Entenda a diferença entre CPI e CPMI no Congresso Nacional

Os dois tipos de comissões têm as mesmas competências e modelo de funcionamento, o que muda é apenas a composição

Escrito por Ingrid Campos , ingrid.campos@svm.com.br
Senado, CPMI, 8 de janeiro
Legenda: A expectativa é que os trabalhos contem com 44 parlamentares, sendo 11 senadores e 11 deputados titulares, e o mesmo número de suplentes.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Ocorre nesta quarta-feira (26) a sessão de abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. Diferentemente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a CPMI contará com deputados federais e senadores. O requerimento que deve ser lido nesta data pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é de autoria do deputado cearense André Fernandes (PL). 

Os dois tipos de comissões têm as mesmas competências e modelo de funcionamento, o que muda é apenas a composição. Enquanto a CPI conta com parlamentares de apenas uma das casas, a CPMI é formada por deputados federais e senadores.

A expectativa é de que os trabalhos contem com 44 parlamentares, sendo 11 senadores e 11 deputados titulares, e o mesmo número de suplentes. O número de membros exato, contudo, será fixado no ato da sua instalação e deve obedecer à proporcionalidade partidária e à participação igualitária de parlamentares das duas Casas.  

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As indicações são cruciais para entender como o embate de narrativas deve se desenrolar ao longo dos meses de atividade. Normalmente, uma comissão do tipo tem 120 dias para realizar as investigações e elaborar o relatório final sobre os trabalhos, mas o período pode ser prorrogado. Desta vez, Fernandes pede um prazo inicial maior, de 180 dias.

Tanto CPI como CPMI têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais - e do que os regimentos internos das Casas preveem - sobre um fato determinado. O fato em questão são os ataques à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro deste ano.

Mesmo que ambas funcionem de forma semelhante, a abertura da CPMI dá um peso maior às discussões e evita possíveis embates entre as duas Casas. 

O relatório elaborado ao término desse período, dependendo do que for apurado, pode ser encaminhado ao Ministério Público para possíveis responsabilizações cíveis ou criminais dos infratores. As discussões prometem uma forte queda de braço entre membros da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e opositores, como o próprio Fernandes.

O que pode vir pela frente

Para a abertura da CPMI, é necessário a assinatura de pelo menos um terço dos deputados ou dos senadores. A mesma proporção é exigida pela CPI, mas com a restrição de apenas uma casa legislativa.

Ainda na etapa de coleta de assinaturas, as dinâmicas entre situação e oposição se mostraram latentes, com forte adesão de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e rejeição de figuras próximas a Lula.

Com a divulgação de vídeos que mostravam o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, circulando pelo Palácio do Planalto durante os ataques, a posição do governo mudou. O ministro deixou o cargo e abriu espaço para o engajamento de parlamentares da base.

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Agora, o PT estuda como pode evitar que a presidência do colegiado fique com André Fernandes, questão que pode ser judicializada. A representação do partido na comissão é importante para ter força suficiente de indicar o nome de quem vai chefiar os trabalhos e da relatoria.

Até o momento, o deputado André Fufuca (PP-MA) e os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede) e Omar Aziz (PSD-AM), entre outros, estão na disputa para ser o relator. 

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