Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado e assume o posto pela segunda vez

O senador recebeu apoio de membros da base de Lula, mesmo com histórico de alinhamento ao bolsonarismo

Escrito por
Ingrid Campos ingrid.campos@svm.com.br
(Atualizado às 16:14)
Davi Alcolumbre, Senado
Legenda: O parlamentar já chefiou os trabalhos no Senado entre 2019 e 2021.
Foto: Divulgação/Agência Senado

O Senado Federal retomou suas atividades pós-recesso neste sábado (1º) e elegeu a Mesa Diretora do biênio que começa em fevereiro de 2025 e termina em janeiro de 2027. Davi Alcolumbre (União-AP) foi eleito presidente da Casa na sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) por 73 votos de 81.

Inicialmente, havia outros quatro nomes na disputa: Eduardo Guirão (Novo-CE), Marcos Pontes (PL-SP), Marcos do Val (Podemos-ES) e Soraya Thronicke (Podemos-MS). Os dois últimos, contudo, durante discursos que anteciparam a votação, retiraram-se da disputa. 

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A votação foi secreta - apesar de questão de ordem apresentada por Girão - e em cédulas, que foram depositadas em uma urna instalada para esse fim. Foram 4 votos em Girão e 4 em Pontes.

Antes da votação, em discurso, Davi Alcolumbre destacou a independência entre Poderes e mencionou os acordos sobre emendas parlamentares, que viraram alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de transparência e mau uso dos recursos públicos.

"Quero ser claro: é essencial respeitar as decisões judiciais e o papel do Judiciário em nosso sistema democrático. Mas é igualmente indispensável respeitar as prerrogativas do Legislativo e garantir que este Parlamento possa exercer seu dever constitucional de legislar e representar o povo brasileiro", disse.

Pacheco e representantes dos candidatos se encarregaram da apuração. Ao fim da contagem, os votos foram triturados. Alcolumbre venceu devido a ter obtido a maioria absoluta dos votos. Ele tomou posse do cargo em sequência.

Neste sábado, a Câmara dos Deputados também escolhe seu presidente. São candidatos Hugo Motta (Republicanos-PB), Henrique Vieira (Psol-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS).

Demais integrantes da Mesa

Após o trâmite de eleição e posse de Davi Alcolumbre na presidência do Senado, a Casa Alta formalizou e escolheu, também em votação secreta, os demais integrantes da Mesa Diretora.

Nesse caso, também é exigida maioria de votos e presença da maioria dos senadores. A composição, então, ficou da seguinte forma:

  • Primeira-Vice-Presidência: Eduardo Gomes (PL-TO)
  • Segunda-Vice-Presidência: Humberto Costa (PT-PE)
  • Primeira-Secretaria: Daniella Ribeiro (PSD-PB) 
  • Segunda-Secretaria: Confúcio Moura (MDB-RO)
  • Terceira-Secretaria: Ana Paula Lobato (PDT-MA)
  • Quarta-Secretaria: Laércio Oliveira (PP-SE)

Suplência de Secretaria:

  • Chico Rodrigues (PSB-RR)
  • Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
  • Styvenson Valentim (PSDB-RN)
  • Soraya Thronicke (Podemos-MS)

Conheça o novo presidente do Senado

Davi Alcolumbre reuniu apoio de ao menos dez partidos na Casa e retornou ao topo do Congresso Nacional com apoio do presidente da República, Lula (PT). A aliança chama atenção porque o parlamentar já chefiou os trabalhos no Senado entre 2019 e 2021, em pleno Governo Bolsonaro, ao qual foi alinhado.

No novo mandato, passou a chefiar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pela qual passaram atos importantes para o atual governo, como a reforma tributária e a sabatina dos indicados de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF) e outros espaços. 

Apelo por transparência

O cearense Eduardo Girão apresentou, em discurso, questão de ordem para tornar a votação para a presidência, tradicionalmente secreta, aberta. O pedido foi negado pelo então presidente Rodrigo Pacheco.

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Legenda: Eduardo Girão foi um dos candidatos à presidência do Senado.
Foto: Divulgação/Agência Senado

Ele argumentou que a modalidade não é exigida na Constituição, o que exigiria a adoção do princípio da transparência. "Se for voto secreto, é voto no Davi Alcolumbre. [...] Hoje, o Davi é o Golias, e para derrubar esse Golias, precisamos do voto aberto", disse Girão, convocando os colegas a adotarem "a coragem de mostrar publicamente" suas escolhas. 

Girão também lembrou que Alcolumbre foi eleito à presidência pelo voto aberto em 2019 e defendeu, à época, institucionalizar a prática. "Ele nunca moveu uma palha nesse sentido. Muito pelo contrário, hoje quem mostrar o voto pode até perder o mandato", afirmou.