Legislativo Judiciário Executivo

CPI das Associações gera embate entre deputados e troca de acusações no plenário da AL-CE

Discussão envolveu relator, presidente e um membro titular da comissão que integra o grupo de oposição no Estado

Escrito por Felipe Azevedo e Jéssica Welma ,
Montagem Soldado Noélio e Salmito Filho na tribuna da Assembleia
Legenda: Soldado Noélio (UB) e Salmito Filho (PDT) protagonizaram embates na tribuna da Assembleia Legislativa
Foto: Júnior Pio/AL

Deputados estaduais entraram em embate e trocaram acusações durante a sessão desta quinta-feira (7), na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), ao falarem sobre os desdobramentos da CPI que investiga a suposta participação de associações militares no motim da PM de 2020. Os debates ocorreram entre a base do governo e a oposição, que acusou a comissão de utilizar “discurso politiqueiro”.  

As discussões acaloradas começaram após a fala do deputado Soldado Noélio (UB), único membro titular da CPI que faz parte do grupo de oposição. Aliado ao Capitão Wagner, ele acusou o grupo governista de tentar aproximar as ações do motim para “macular a imagem” do pré-candidato a governador pelo União Brasil.  

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“A paralisação da Policia Militar foi em 2020, estamos no ano de 2022, esperaram chegar no ano eleitoral para fazer politicagem. Quando iniciou essa CPI na Assembleia, avisei, é CPI pra fazer politicagem”, disse o deputado.  

 

 

Noélio também argumentou que, uma vez que sejam levantadas as suspeitas sobre a participação de associações no motim, os deputados possam também apresentar provas no âmbito da comissão parlamentar.  

“O que espero da CPI é que, quando fizer acusações, apresente as provas. Foi sacado dinheiro, qual foi a ilicitude em que esse dinheiro foi usado de forma irregular?  Mostre a prova”, provocou ainda o parlamentar. 

Plenário da AL, com Elmano e Augusta em destaque
Legenda: Embates ocorreram após a fala do deputado Soldado Noélio
Foto: Júnior Pio/AL

Embate no plenário

Como resposta, o presidente da CPI, deputado Salmito Filho (PDT), disse que o requerimento para abertura das investigações foi aprovado ainda em 2020, mas o início da pandemia, as ondas de infecção pela doença e as Eleições 2020 provocaram o adiamento dos trabalhos.  

“Fazer o debate é importante, é necessário. Eu estou aqui para debater. Me permita, eu tenho que discordar muito do Soldado Noélio, como é que ele desqualifica uma CPI da qual é membro titular? Nós vamos terminar antes das eleições, pelo prazo regimental”, destacou o pedetista. 

Salmito também salientou que, na sessão da comissão da última terça-feira (7), ao ouvir presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Araújo, a relatoria da CPI apresentou documentos de movimentações bancárias da associação, inclusive em datas próximas ao estouro do motim.  

“Construir uma retórica para tentar construir a cabeça da população, não adianta. Contra provas não há argumentos”, rebateu o parlamentar do PDT. 
Salmito Filho (PDT)
Presidente da CPI

 

 

Elmano de Freitas (PT), que é relator da comissão parlamentar, destacou que Soldado Noélio também assinou requerimento para abertura das investigações contra as associações militares, e que, portanto, seria à favor dos trabalhos da CPI.  

“Nenhum outro político da CPI ficou discutindo política na CPI no sentido partidário, mas ele (Noélio) faz questão”, disse ainda o petista.  

Também do grupo de oposição, Heitor Férrer (UB) participou do debate e argumentou que, segundo a própria avaliação, os índices de violência no Ceará não se dão por conta do motim policial, alegando ser uma questão do debate público. 

Próximos passos

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as Associações Militares volta a se reunir na próxima terça-feira (12) e ouvirá o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (UB), que foi presidente da APS por cinco anos. 

O depoimento, no entanto, já vem sendo discutido na Câmara Muicipal, onde Reginauro, ainda nesta quarta-feira (6), disse que deputados terão que "forjar provas" contra ele, caso queiram comprovar sua participação no motim policial de 2020.

A sessão está marcada para ocorrer a partir das 14h30, no complexo das comissões da Assembleia Legislativa do Ceará. 

 

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