Legislativo Judiciário Executivo

CPI da Covid ouve Helcio Bruno de Almeida, apontado como elo entre Davati e Ministério da Saúde

Coronel da reserva é presidente do Instituto Força Brasil, envolvida na propagação de fake news

Escrito por Diário do Nordeste e Agência Senado ,
Coronel da reserva Helcio Bruno ao lado de várias pessoas antes do início da sessão da CPI
Legenda: Militar é apontado como elo entre a empresa Davati Medical Supply e o Ministério da Saúde
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A CPI da Covid-19 ouve, nesta terça-feira (10), o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil. O militar é apontado como elo entre representantes da empresa Davati Medical Supply, que negociava venda de vacinas, e o Ministério da Saúde (MS). 

Helcio comparece ao Senado após requerimento apresentado pelo vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O depoente é amparado por um habeas corpus concedido pela ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), tendo, assim, o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo.

No requerimento pela presença do militar, Randolfe Rodrigues lembrou que representantes da Davati no Brasil disseram, em depoimentos à CPI, que o presidente da ONG Instituto Força Brasil atuou na intermediação de um encontro entre eles e o então secretário-executivo da Pasta, coronel Elcio Franco. A reunião visava discutir a compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.

Conforme o parlamentar, o nome de Helcio Bruno foi citado pelo cabo Luiz Paulo Dominguetti — que denunciou pedido de propina por parte de membros do Governo Federal em tratativas do imunizante — e por Cristiano Carvalho, representante da Davati.

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A reunião no MS teria ocorrido em 12 de março de 2021, com a participação do reverendo Amilton Gomes de Paula, da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), que depôs na última terça-feira (3).

O Instituto Força Brasil, representado por Helcio, já esteve na mira da CPMI das Fake News e no inquérito acerca de fake news, aponta Randolfe Rodrigues. O senador classificou a instituição como "negacionista e bolsonarista" em declarações recentes, pontuando que a ONG divulgava notícias falsas contra integrantes da Comissão.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, afirmou, antes do início do depoimento desta terça, que o coronel da reserva tem de esclarecer diversos pontos sobre as fake news produzidas pelo Instituto Força Brasil. "É muito importante que os militares tomem consciência do efetivo cumprimento de seus deveres constitucionais", salientou o relator em entrevista coletiva.

Retomada dos trabalhos

A Comissão retomou os trabalhos na última terça, após recesso parlamentar de duas semanas. De lá para cá, os parlamentares ouviram, além do reverendo Amilton Gomes de Paula, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística (Dlog), do MS, e Airton Antonio Soligo, empresário conhecido como "Airton Cascavel".

Blanco foi citado diversas vezes em depoimentos como um dos participantes do jantar em que a proposta de propina no valor de US$ 1 dólar por dose de AstraZeneca teria sido discutida.

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Já Cascavel teria atuado informalmente no MS durante meses, mesmo sem ter vínculo com o setor público — ele é amigo do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. 

O ex-titular da Pasta nomeou Airton Cascavel como assessor especial após a informalidade ser descoberta. O empresário, porém, já participara de agendas públicas e reuniões com Pazuello àquela altura.

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