Camilo Santana reage a discurso de Bolsonaro: 'desprezo às leis e à Constituição'
Governador do Ceará diz que ameaças tentam demonstrar força, mas só revelam a fraqueza
Após discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Avenida Paulista, na tarde desta terça-feira (7), o governador do Ceará, Camilo Santana (PT) disse que ameaças revelam "fraqueza" e "mostram desprezo às leis e à Constituição".
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"Essas ameaças de tom golpista tentam demonstrar força, mas, ao contrário, só revelam a fraqueza e o desequilíbrio de quem as faz. Mostram desprezo às leis e à Constituição. Tentam provocar o caos para tirar o foco dos reais problemas do país e da total incapacidade de resolvê-los", disse Camilo, nas redes sociais.
Ainda pela manhã, o governador do Ceará já havia usados as redes sociais para pedir que os atos deste 7 de setembro reforçassem "os ideais do respeito, da tolerância e da justiça social".
Ameaças ao STF
Em discurso na capital paulista, Bolsonaro repetiu as ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF), chamou de "canalha" o ministro Alexandre de Moraes e disse que nunca será preso.
O presidente disse que Moraes oprime o povo brasileiro e pediu a saída dele do Supremo. "Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou", disse Bolsonaro.
"Ou esse ministro [Alexandre de Moraes] se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o povo", afirmou o presidente.
Ataque ao sistema eleitoral
Na Avenida Paulista, o presidente voltou a questionar o sistema eleitoral brasileiro, em ataque direto ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. Novamente, pediu voto impresso na disputa de 2022, apesar de esse projeto já ter sido derrubado pelo Congresso.
Disse ainda que só Deus o tira do Palácio do Planalto. "Digo aos canalhas que nunca serei preso".
"A essas pessoas que abusam da força do poder para nos subjugar. Dizer a esses poucos que agora tudo vai ser diferente. Nós continuarmos jogando dentro das quatro linhas, mas não mais admitiremos, qualquer uma dessas outras pessoas a jogar fora dessas quatro linhas."
Repercussões da fala de Bolsonaro
As declarações do presidente repercutem neste 7 de setembro. Ex-aliado de Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu o impeachment do presidente. O tucano pontuou que há uma clara "afronta" à Constituição.
"Minha posição como governador é clara e amparada no Direito e na Constituição. O presidente precisa sofrer o julgamento de impeachment pelos equívocos, erros e pelo afrontamento à democracia", disse Doria, em entrevista coletiva nesta tarde.
Outro que se manifestou pela saída de Bolsonaro do poder foi Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, aliado do então candidato Bolsonaro nas eleições de 2018. Nas redes sociais, Leite escreveu que "foi um erro colocar Bolsonaro no poder. Está cada vez mais claro que é um erro mantê-lo lá".