Helena Barbosa fala do desafio de montar o pré-Carnaval de Fortaleza em um mês: 'Não teria acontecido'
A secretária municipal de cultura falou sobre as estratégias da pasta para ter uma atuação mais territorializada e próxima das pessoas
Da posse como secretária de cultura de Fortaleza até o primeiro dia oficial do pré-carnaval na cidade, Helena Barbosa teve exatamente 30 dias. Organizar uma festa que já faz parte da identidade de seu povo, em meio a organização da casa, com orientação clara para conter gastos e ainda com a vontade de estar espalhada pelos "quatro cantos" - ou melhor 12 regionais- não foi uma tarefa fácil. Helena confessa que ainda está acontecendo e agradece que em 2025 o Carnaval só acontece em março. "Se não fosse uma coisa orquestrada dentro de uma prioridade da equipe do próprio prefeito, não teria acontecido", reconhece.
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Helena Barbosa - em entrevista ao "Que Nem Tu" desta quinta (13) - diz que ela e sua equipe estão trabalhando três turnos para garantir a festa para a cidade. "Carnaval, eu acho, às vezes consegue ser mais tranquilo do que o pré-carnaval em Fortaleza. Explode essa coisa de folião é no pré-carnaval. Porque ali na Domingos Olímpio já tem uma tecnologia de produção, já tem as coisas mais controladas, mas o pré-carnaval tem a nossa organização e tem as organizações orgânicas. Quando você vê, puf, um bloco aqui, puf, outro bloco aqui. E aí você tem que conduzir tudo isso", explica.
Além de lidar com um tempo mais encurtado e o movimento orgânico do início do ciclo carnavalesco, a gestora precisou também enfrentar trâmites burocráticos que deram um tom mais dramático para a organização.
"A gente está em transição e a gente não tinha todas as informações de transição. A gente ficou um bom tempo dentro da Secultfor fazendo diagnóstico da instituição. Eu preciso fazer pelo menos um diagnóstico aqui para a gente saber para onde seguir. A gente ainda está correndo com os cronogramas de editais, porque para eles rodarem dentro de um conforto tinha que ter sido lançado em novembro. Foi no final de dezembro. Então isso fez com que nós trabalhássemos ainda mais, né? Não houve cuidado [da antiga gestão] nesse planejamento. Então a gente já chega no desafio de, ao mesmo tempo, minimamente organizar a casa internamente, fazer um diagnóstico da situação, cuidar dos editais, ativar licitações e colocar o carnaval na rua com o desafio ainda de arrastar pra toda a cidade"
Sem parar- rodando em todas as regionais, dialogando com secretarias e outros órgãos de governo, participando de eventos em Brasília e no Ceará-, ela faz questão de comunicar suas ações. Enxerga, de forma muito clara, que é preciso chegar nas pessoas e mostrar o impacto da cultura. Para o Carnaval, já planeja fazer uma prestação de contas pública para evidenciar como a festa move a economia.
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"Quando vê o palco, vem um roadie, vem um técnico de PA, vem um técnico de som, vem um produtor geral, vem 500 banheiros... Você tem noção? Quanto que roda de dinheiro? As pessoas não tem noção porque não tem a linguagem. Tem uma estrutura muito grande que ela é invisibilizada pelo processo e a gente aí fica dizendo que a cultura não move nada. Move desde as coisas que ele vai botar na cabeça até ali o cara que vai montar um churrasquinho. Tudo isso está ali por uma função, há uma programação cultural ativando o espaço. Falo isso do ponto de vista econômico, certo? E é o que as pessoas precisam entender melhor. E aí a gente tem o desafio de criar canais de comunicação que sejam direto em relação a isso", aponta.
Para além do impacto econômico, há ainda muito sobre formação. A própria secretária teve a vida atravessada não só pelos eventos, mas pela cultura de uma forma geral. Cria de programa social que oferecia formação cultural para jovens da periferia de Fortaleza, ela enveredou formalmente para essa área porque viu ali uma forma de sustento. Passou, inclusive, por equipamento que hoje é gerido por sua estrutura: o Vila das Artes.
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Helena sabe, por sua história, por sua formação em gestão cultural e por andar e conversar com a cidade a importância da cultura como transformação social. Está em sua linha de gestão, inclusive, descentralizar as ações, chegar na comunidade e valorizar a cultura feita pelo artesão na calçada e não só aquilo que está em museus. E essa vontade de estar viva no meio do povo é o que deve conduzir as ações da pasta nesta gestão. Ela garante que foi pedido também do prefeito Evandro Leitão quando a convidou para integrar sua equipe.
A relação com o prefeito- que é vista nas redes sociais nos pré-carnavais, em reuniões divertidas e nos anúncios - vem sendo construída também ao mesmo tempo que o trabalho na Secultfor. Helena diz que eles não se conheciam antes do convite mas já encontrou semelhanças na forma de gestão. A titular da Secultfor contou até bastidor de quando Evandro levou Jorge Aragão para comer pratinho na Cidade 2000, às vésperas do show de abertura do Ciclo Carnavalesco de Fortaleza.
"Ele [Jorge Aragão] adorou! Chegamos lá, o povo cantando pra ele. Mas demoraram muito pra conhecer o bichinho. Pessoal vinha tirar foto com o Evandro e 'vaila o Jorge Aragão'", contou em meio a muitas gargalhadas. Helena é assim: de riso frouxo e largo.
No episódio, ela conta também sobre sua formação, como foram os 10 anos quando atuou com gestão pública e a relação que tem com a cidade e a cultura. Falou sobre como pretende organizar as ações e já deu spoiler que ainda há muito evento por vir: Aniversário de 299 anos de Fortaleza, em abril e São João só no primeiro semestre.