Analia Timbó conta sua história marcada pela dança, trabalho social e amor com Belchior
A bailarina criou o Vidança, associação que trabalha através da arte a promoção da inclusão social
A menina que sonhava ser artista no Interior do Ceará completa 51 anos de dança em 2025. Viu sua vida e de sua família mudar quando um projeto social fez de Anália Timbó e seus quatro irmãos bailarinos. Parou de contar o número de meninos e meninas da periferia que também ajudou a formar, alimentar e a ampliar horizontes através da arte. Ela continua a dançar o ciclo virtuoso do fazer o bem.
Premiada, a professora, coreógrafa e bailarina, tem como grande dom o de acreditar. Foi assim desde pequena. "A minha mãe dizia: essa menina só quer coisa que não é para ser dela, A professora dizia pra ela: dona Anália, deixe, isso é o sonho dela, ela está se construindo". E sua grande obra, que veio se tornar o Instituto Vidança, reverbera a potencia da arte em comunidades periféricas há mais de 40 anos. No episódio desta quinta (15) do Que Nem Tu, a fé e a história da agora mulher que continua a sonhar é contada.
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Se não fosse bailarina, queria ser freira. Aos 7 anos, antes de chegar em Fortaleza, ela falava pra mãe. Chegou até a ir para um convento. Dizia que queria fazer o bem para outras pessoas. Mas o chamado para a arte foi mais alto. E ela descobriu que fazer o bem tem muitas formas. 10 anos depois, ela matricula seus irmãos menores e a si nas aulas de dança, ginástica rítmica e teatro do Sesi. A escola de arte para filhos de operário tirava as crianças e adolescentes da rua e do ostracismo e dava oportunidades.
Ela agarrou antes mesmo de contar para sua mãe, que descobriu que os filhos faziam aulas seis meses depois. Foi convidada a assistí-los em seu primeiro espetáculo. Desde então, a vida de Anália e sua família se confunde com a da Vidança, projeto social que nasceu já ali no coração da jovem mas que veio a se tornar concreto em 1981. Antes, no entanto, ela já dava aula no próprio Sesi e em projetos que foram acontecendo de forma orgânica.
Anália dava aula de artes nas ruas, dunas, embaixo das árvores. Fazia do território da Barra do Ceará e Vila Velha um grande palco. Envolveu crianças, adolescentes e suas famílias e trazia para a realidade deles os conceitos artísticos. O mangue, as dores de quem vive alí, os galhos e a natureza... tudo se mistura na forma de ensinar e fazer arte de Anália e seu grupo. Dalí saíram inúmeros artistas- alguns que viraram referência dentro e fora do Brasil-, espetáculos premiados e profissionais que se fizeram a partir do entendimento e da potencia de si. Uma mulher sonhou e conseguiu realizar.
Amor e Belchior
Anália contou suas histórias e revelou até um romance que viveu na juventude com o cantor Belchior. Ela pontua que o relacionamento durou dois anos e meio e eles se encontravam quando o compositor e cantor vinha para Fortaleza. Não havia cobrança. O compromisso entre os dois era de serem felizes.
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"Foram dois anos e meio. Eu fiquei encantada, ele foi me encantando, conquistando de uma outra paixão. Foi muito lúdico, não se cobrava nada. Assim, no sentido de cobrar fidelidade e aí ele, quando chegava, não tinha telefone ele vinha do aeroporto com malas e tudo e passava na minha casa. Agente foi muito feliz um tempo".