Destaque no Masterchef, Wellington Teixeira revela o que rola nas cozinhas e indica alimentos superestimados
O cearense foi semifinalista do reality show gastronômico e confessa que o destaque do programa foi divisor de águas na carreira
Em 2024, Wellington Teixeira, mais conhecido como Well, viveu um desafio profissional que estava há anos em seus planos. Participou da edição Masterchef Confeitaria, surpreendeu os jurados com sabores de suas criações e ficou na semifinal da competição. Não levou o título de vencedor da temporada, mas ganhou uma visibilidade que o fez até repensar rumos da carreira.
Em entrevista ao podcast Que Nem Tu, o confeiteiro cearense relembrou sua trajetória no reality show e destacou sua estratégia. Well contou que sonhava em participar do Masterchef e tinha um combinado com outros amigos chefs de cozinha de quando um deles fosse escolhido para participar do programa. "Quem entrar, os outros dois vão treinar". O que ele não esperava é que a edição fosse voltada para confeitaria e ele era o único especialista na área.
Com mais de 10 anos de experiência em cozinha, em sala de aula e como consultor, Well fez o que gosta: uniu a gastronomia francesa clássica a sabores bem brasileiros. Defensor dos insumos da nossa terra, faz até uma crítica sobre como a indústria vem impactando a cultura alimentar dos povos. Como exemplo, ele cita a febre pelo pistache.
OUÇA UM NOVO EPISÓDIO A CADA QUINTA-FEIRA, NO SEU TOCADOR DE PODCAST PREFERIDO:
"O pistache está para mim assim como a castanha de caju está, porém a castanha de caju tem mais sabor que pistache. Pistache superestimada, castanha de caju subestimada. A grande indústria vem e ela quer empurrar o produto dela, o mundo todo aceita. É o que a Nutella faz com o mundo. O pistache é do mesmo jeito. Está em alta justamente por uma superprodução na Califórnia e aí começou a querer exportar esse pistache para o mundo", critica.
Para Well, o cearense acaba por não comprar a nossa própria castanha de caju e a não valorizá-la em comparação ao que vem de fora da cultura alimentar do brasileiro. Essa pesquisa sobre temperos, insumos e sabores que estão alicerçados na cultura e na tradição dos povos é o que encanta o profissional.
Bastidores da cozinha profissional
Chef e consultor, Well conhece muito bem a rotina da cozinha de restaurantes. Com a vivência, desmistifica o glamour que envolve a área e denuncia uma série de erros e rotinas precarizadas dos profissionais. São esses motivos que fazem com que Fortaleza tenha - conforme ele - uma onda de fechamento de estabelecimentos que já foram "da moda".
"Eu acho que boa parte disso está muito relacionado a que os restaurantes abrem pensando muito num salão lindo e instagramável e esquecem de uma boa estrutura de cozinha. Porque na maior parte dos trabalhos que eu faço de consultoria, a gente resolve problemas como esse com tecnologia rápida. O cara precisa pensar, na hora de criar um restaurante, tanto no salão quanto na cozinha. A cozinha precisa comportar um salão. Você vai criar um salão para 90 pessoas que serão atendidas simultaneamente, a cozinha precisa ser projetada para que a equipe consiga atender. Consequentemente o cardápio também precisa ser idealizado para que a equipe consiga atender".
Veja também
Well pontua que também há uma cobrança muito grande entre os profissionais que trabalham em restaurantes. Quando não é uma cobrança por qualidade, é uma precarização física. "Dobras em restaurantes é muito comum. É precarização do trabalho, é falta de organização, é falta de estrutura, é falta de tudo".
O chef cearense também falou que está se focando em trabalhar como criador de conteúdo focado em gastronomia e também se prepara para lançar um chocolate que terá sua marca. A novidade deve chegar nos próximos dias.