Pabyle Flauzino fala sobre impacto das redes sociais em sua saúde mental e a vida após detox digital

No episódio 100 do Que Nem Tu, a Nutri Desconstruída retorna ao podcast para falar sobre a decisão em fazer uma pausa no Instagram, X e TikTok; e a psicóloga Cecília Alves pondera sobre os impactos da vida hiperconectada

Escrito por Redação ,
Alan Barros, Pabyle Flauzino, Cecília Alves e Karine Zaranza posam lado a lado na sala do podcast Que Nem Tu
Legenda: Alan Barros, Pabyle Flauzino (Nutri Desconstruída), Cecília Alves e Karine Zaranza durante gravação do episódio 100 do podcast Que Nem Tu
Foto: Ismael Soares

A nutricionista e criadora de conteúdo Pabyle Flauzino tem mais de 94 mil seguidores no Instagram. Foi desconstruindo a ideia de que alimentação saudável precisa ser restritiva, alertando para os impactos da gordofobia e - com humor, ironia e muita profundidade- discutindo sobre o acesso à comida para todos que a cearense criou uma legião de fãs que a acompanham em seus perfis na internet. Com o arroba de Nutri Descontruída, a profissional avisa sempre que não demoniza comida e milita para que as pessoas mudem o mundo e não seus corpos.

O que Pabyle toca digitalmente faz sucesso. Mesmo assim, após anos de trabalho produzindo conteúdo pra redes sociais, ela decidiu que era hora de desativar seus perfis e se reconectar a uma vida offline. Foi sobre esse "estalo" sobre como o excesso de tempo nas redes e telas, a vida que os seguidores não vêem e o impacto pra sua saúde mental o tema do episódio 100 do podcast Que Nem Tu, desta quinta-feira (7).

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A Nutri Desconstruída, que já tinha passado pelo podcast no primeiro ano, retorna agora com novas reflexões e acompanhada da psicóloga Cecília Alves, que trouxe aspectos clínicos e sociais sobre o exagero de vida online desse tempo. A conversa com os jornalistas Alan Barros e Karine Zaranza tocou em temas como a cultura do cancelamento, o excesso de ódio nas redes sociais, os efeitos físicos, psicológicos e sociais que a vida 'mediada" pelo smartphone trouxe para o nosso tempo.

"Eu não estava mais aguentando conversar com as pessoas, porque as pessoas quando a gente volta conversar com elas, elas falam devagarzinho. Não estão no x2 (velocidade acelerada), né? E aí quando eu senti que eu fui relaxando o meu cérebro, eu acho que talvez seja um detox, eu fui percebendo que agora é legal, não precisa ouvir em dois mais, né? Dá pra gente se conectar com as pessoas. Então eu fui percebendo isso. Retomar a Pabyle de 15 anos", conta a nutricionista que encontrou mais tempo pra si e também reorganizou suas urgências a partir de suas necessidades.

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Não foi fácil, ela conta. Mas Pabyle conta consegui resgatar suas memórias de vida de quando a vivência não estava mediada pelas redes sociais. Para a psicóloga Cecília Alves, quanto mais novos maior a dificuldade de perceber uma vida offline.  "Quem nasceu na transição, os Millennials, a gente sabe o que é ficar sem isso. Então a gente tem um parâmetro.  Então assim, existem aquelas pessoas que têm um pouco mais de noção porque viveram fora disso. E quem nasceu já nesse contexto vai ter mais dificuldade".

Nossas experiências têm passado através do celular e não pelos nossos olhos

Alan Barros, Pabyle Flauzino, Cecília Alves e Karine Zaranza posam lado a lado na sala do podcast Que Nem Tu
Legenda: Alan Barros, Pabyle Flauzino (Nutri Desconstruída), Cecília Alves e Karine Zaranza durante gravação do episódio 100 do podcast Que Nem Tu
Foto: Ismael Soares

Pabyle revelou que se sentia mais ansiosa, menos concentrada, perdia muito tempo rolando feeds sem nem sentir e percebeu que estava vivendo menos para performar mais para seus seguidores. "Eu ia procurar um lugar pra comer, não mais pela comida, mas pelo ambiente Instagramável, pela experiência. Quando eu saí de fato (das redes), eu percebi o buraco, porque eu evitei de ficar com o celular. Então eu saía sem celular, e eu ficava horas às vezes sozinha. Em determinado momento, quando nós estamos em uma roda de amigos, as pessoas dão uma pausa e todos estão mexendo o celular. Ok, ninguém fala nada, porque todo mundo tá querendo mexer no celular. E aí eu percebi que nesse momento as pessoas ficavam conversando nas fotos que elas postavam e não conversavam presencialmente", exemplifica.

Eu percebo que a nossa experiência tem passado através do celular e não dos nossos olhos
Pabyle Flauzino
nutricionista e criadora do perfil Nutri Desconstruída

As profissionais de saúde também ressaltaram o impacto da cultura do cancelamento e a onda de ódio que afeta as pessoas nas redes. Pabyle conta que chegou a ser ameaçada e teve medo de fazer coisas simples, como pegar comida com entregadores durante ataques que recebeu nas redes sociais. "É uma terra sem lei, a gente não tem regulamentação firme. Então já existe essa burocracia e as pessoas perderam  mesmo esse feeling. E aí eu percebo que as pessoas comentam algo negativo para gerar engajamento. E isso vai fazendo também com que a gente fique mais tempo na rede, porque eu quero voltar para ver quem comentou, eu quero voltar para ver se tem mais curtidas no meu comentário do que no do colega. Então, é uma maquinaria muito engenhosa, assim, para fazer com que a gente sempre tanto esteja online".

Cecília pontuou ainda que muitos haters praticam essa violência virtual para se sentir pertencente, para se sentirem vistos. "Nós temos um desejo de sermos amados, pertencer, amparados e valorizados, e tem gente que se sente valorizado de outras formas",

 

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