Carri Costa e a história do ator que transformou galpão em teatro para criar espaços de arte

Operário da arte, o ator, produtor, diretor e realizador cultural conta, ao Que Nem Tu, sua trajetória e o que viu em mais de 40 anos nos palcos

Escrito por

A história do menino que nasceu em Pacajús e logo se apaixonou pela arte ainda criança, se encontrou no teatro de rua na adolescência e recém-formado em Artes Cênicas se viu construindo um teatro na praia para criar palco para ele e os seus apresentarem seus espetáculos poderia estar nas telonas. São mais de 30 anos em que a história do Teatro da Praia e a de Carri Costa se cruzam com a de Fortaleza. Resistência e paixão fazem com que Carri não esmoreça e lute para fazer com que o espaço cultural se mantenha de pé e com portas abertas para público e artistas cearenses.

OUÇA UM NOVO EPISÓDIO A CADA QUINTA-FEIRA, NO SEU TOCADOR DE PODCAST PREFERIDO:

Spotify

Deezer

Apple Podcast

Amazon Music

É o próprio Carri que conta sua trajetória e acaba narrando também muito da história da dramaturgia cearense dos últimos 40 anos no episódio desta quinta-feira (28) do Que Nem Tu. Ator, produtor, diretor e agitador cultural, ele relembra o primeiro espetáculo teatral que participou. O homem conhecido pelo humor e a sátira começou no drama. A "Paixão de Cristo", primeira peça de Carri, mostrou a força coletiva da arte para o jovem. O bairro Piedade viu nos oito anos seguintes Carri se forjar realizador, ator, produtor e tudo mais que a arte lhe pedisse.

Veja também

O teatro de rua o conquistou e o levou até a Universidade. Mas o espírito popular, quase mambembe desse início, nunca o abandonou. O improviso, a interação com o público, o jogo de cintura do artista de rua fizeram de Carri um observador atento dos costumes. Tudo isso foi parar em suas peças.

Muitas delas em cartaz há mais de 25 anos. Tita & Nic, por exemplo, já levou mais de um milhão de espectadores ao teatro. Orgulho de quem sabe o tamanho do feito. "Sou muito feliz com o sucesso dele. Ele é uma sátira genial. A gente foi para o Rio de Janeiro, levou ele para São Paulo, e com sucesso. As pessoas amaram o espetáculo. Quando a gente leva mais que um milhão de pessoas para assistir um único espetáculo, talvez se a gente morasse em outra parte do mundo, ou em outro estado, as pessoas sentiriam a importância que isso tem. Porque a gente levou a molecagem cearense, a forma jocosa, brincalhona e  responsável para o mundo"

Carri cita que o espetáculo livremente inspirado no filme Titanic ficou em cartaz em 12 estados brasileiros. "A gente não precisou abrir mão do nosso jeito para fazer esse espetáculo. Eu deixei espaços na dramaturgia para atualizar ele. Então, ele sempre foi muito atual. A gente fala de política, a gente fala da economia, a gente fala do cultural, a gente fala do social, a gente fala de tudo", conta quase reforçando um dos pontos que explica a longevidade da peça.

O surgimento do Teatro da Praia

Carri fez questão de contar como surge a ideia de transformar o galpão da Praia de Iracema em um teatro e toda a estratégia que criou para erguer e levar público para o equipamento que foi palco de muitos artistas. Morador dos fundos do teatro desde os primeiros dias, ele reforça que foi um dos atores que menos se apresentou no espaço. "As pessoas falam que é o teatro do Carri, mas eu fui um dos que menos se apresentou lá". A justificativa é que seus espetáculos levavam um público maior que a capacidade do Teatro da Praia e a bilheteria ajudava a manter o "teatro-projeto de vida".

No episódio do Que Nem Tu, ele conta também sobre o trabalho no cinema e na televisão, além de reforçar que nunca foi intenção sair do Ceará para fazer seu nome como artista. Carri fala que sua auto estima cearense fez com que ele compreendesse desde muito cedo que não precisaria da validação de quem faz dramaturgia fora do Ceará para que ele entendesse que chegou ao sucesso. E é nessa toada, que ele leva a vida: criando e exaltando o que é daqui. 

 

Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados