Allan Deberton conta bastidores de 'O melhor Amigo' e revela como encara a pressão após sucesso de 'Pacarrete'
Produtor, roteirista e diretor, o cearense apostou no combo história de amor e musical para seu segundo longa. Com forte referência aos anos 1980 e 1990, a obra em cartaz traz participações de Cláudia Ohana, Mateus Carrieri e a cantora Gretchen
O primeiro longa do cineasta cearense Allan Deberton foi um sucesso. Levou vários prêmios de Festivais pelo Brasil, reuniu muitos elogios de críticos e emocionou o público que viu de coração aberto a história de Pacarrete. Foi uma estreia barulhenta e grande. Quase seis anos depois, em 2025, o segundo longa chega aos cinemas com uma proposta solar e musical. Uma comédia romântica LGBTQIAPN+ embalada pelas canções que marcaram os anos 1980 e 1990.
A leveza do roteiro embala a expectativa do diretor, entrevistado desta quinta-feira (20) do Que Nem Tu. Deberton diz se despe do peso de ter que acertar sempre. Mas que se sente feliz com o que entregou em 'O melhor amigo'.
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"Como 'Pacarrete' repercutiu muito positivamente, eu não quero ficar com a ansiedade de ficar só acertando, sabe: Uma hora eu vou derrapar... Eu vou ter nota 1 no Letterboxd e tudo bem. Não quero deixar de fazer cinema. Eu quero me organizar para manter a linha firme no que eu acho caro, no que eu acho importante, fazendo sempre da melhor forma. Vou ficar sempre muito alinhado a preceitos fundamentais, que são questões de valor humano, de comunidade", confessou o realizador.
Allan contou que transformar o curta em um longa era um desejo que ele tinha desde que viu a repercussão de "O Melhor Amigo" no Youtube, há 10 anos. Depois de "Pacarrete", ele aguardou o momento em que conseguiria realizar o sonho no formato de musical que é queridinho do cearense. "'O Melhor Amigo' já se propunha diferente, em termos de linguagem, em termos de narrativa, em termos de história. Me agarrando a isso, eu quero realmente, que o público tenha paciência para entender que é um filme totalmente diferente [de Pacarrete]. Para minha alegria, a repercussão é muito positiva do filme", conta.
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O romance de Lucas (Vinícius Teixeira) e Felipe (Gabriel Fuente) ganha outras histórias, com personagens que dão ainda mais cor e vida ao filme, com destaque para o núcleo de performers da boate Sal & Pimenta, formado por Denis Lacerda, Rodrigo Ferreira, Muriel Cruz e Souma. Cláudia Ohana, Mateus Carrieri e Gretchen também participam do filme.
"Assim como o Dennis [Lacerda], a Gretchen também foi um desejo antigo, que a gente estava orquestrando há um tempo. desde a versão do roteiro de 2018, já tinha a Gretchen como vivendo ela mesma. E aí, é engraçado que quando eu fui fazer um convite, a Gretchen disse: ' Mas cinema?'. Mas vai ser você mesma. Então a gente vai brincar com isso, a gente vai te homenagear, sou apaixonado pelo seu trabalho, você é importante pra toda uma geração, e vou te colocar no filme numa forma muito respeitosa, muito linda, tentando fazer jus ao que você merece", relata Allan.
Gretchen também faz um link forte com as referências musicais que permeiam o filme. As canções que marcaram o menino-adolescente de Russas fazem coro no musical. Tem Zizi Possi, Xuxa, Blitz, Sandra de Sá, entre outras. Deberton revela até a canção que não entrou por conta do preço dos direitos autorais: "Qualquer Jeito", de Kátia.
A entrevista também volta ao passado para a infância em Russas do diretor e sua trajetória ao cinema. Ele conta sua relação com musicais e os trabalhos que realizou e também já antecipa alguns trabalhos que vão chegar no próximo ano. Deberton já está finalizando o longa que gravou em Quixadá, com Lázaro Ramos, e diz que inicia um novo projeto sobre adoção.