Enem 2024: questão de Física sobre cafeteira elétrica pode ser anulada; entenda
Professores especialistas na temática defendem que pergunta seja desconsiderada pelo Exame
Uma questão de Física da prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024, aplicada nesse domingo (10), pode ser anulada por falta de alternativa correta, conforme defendem professores especialistas no tema. A pergunta aborda a eficiência energética de uma cafeteira elétrica, mas forneceria inconsistências nos dados para encontrar a alternativa certa.
O item varia dependendo da cor da prova do candidato, mas, segundo dados da agência Estadão Conteúdo e do portal G1, equivale ao número 124 no caderno verde, 100 no cinza, 129 no azul e 102 no amarelo.
"A questão da cafeteira elétrica [...] sobre calorimetria apresenta inconsistências nos dados para encontrar uma resposta e calcular o que ele pede", destacou o gerente-executivo de Ensino e Inovações do SAS Educação, Idelfranio Moreira.
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A análise de especialistas aponta que o enunciado da questão forneceria informações incorretas, resultando em um resultado "fisicamente impossível".
"Existe uma falha que é uma falha conceitual. Então, quando você calcula a potência da cafeteira com os dados do enunciado, a gente encontra um valor de 933 watts. Esse valor é acima da potência total fornecida pelo enunciado da cafeteira de 700 watts. Em suma, a questão ela propõe uma máquina cuja potência total é de 700 watts e quando a gente calcula a potência útil de 933 watts é maior do que a potência total, o que fisicamente é impossível", explica o professor de física do Curso Anglo, Madson Molina.
A má formulação da pergunta pode resultar na anulação dela, conforme defende o também professor de física, Bruno Sá, do Elite Rede de Ensino. "Na questão que envolve a cafeteira, é colocado que a a cafeteira ferve totalmente os 0,5L de água. Isso dá uma dupla abordagem: considerando que a quantidade de água sofreu apenas mudança de temperatura, chegando à 100 °C, teríamos somente o calor sensível envolvido, encontrando o aproveitamento de 75%. Contudo, a potência da cafeteira (933 W aproximadamente) acaba possuindo um valor maior que a potência total/nominal fornecida (700 W), o que vai contrário aos conceitos físicos", avaliou.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela elaboração do Exame, ainda não se manifestou sobre o caso.