Três morrem em ataque terrorista na França

No sul do país, tiroteio e tomada de reféns em um supermercado reacenderam o trauma com onda de atentados

Escrito por Redação ,
Legenda: Homem abriu fogo e tomou várias pessoas como reféns, perto de Carcassonne, onde a Polícia realizou uma operação de segurança e investigação
Foto: Foto: AFP

Carcassone/Trèbes. Ao menos três pessoas morreram, e 16 ficaram feridas na sexta (23), no sul da França, em um atentado reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) e executado por um homem que foi abatido pelas forças de segurança.

Ele ficou entrincheirado por cerca de três horas em um supermercado. "Nosso país sofreu um ataque terrorista islamita", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, na TV.

> Atentados criam pânico desde 2015

Este é o primeiro atentado terrorista na França desde que Macron suspendeu em outubro o estado de emergência declarado em 2015 por seu antecessor, o socialista François Hollande.

É também o primeiro ataque desde que o atual presidente endureceu a legislação antiterror.

O autor do ataque, cometido em várias etapas entre as cidades de Carcassonne e Trèbes, foi identificado como Radouane Lakdim, de 25 anos, um francês nascido no Marrocos (em Taza, uma cidade do norte do país). Ele atuou sozinho e era conhecido por "pequena delinquência", informou o ministro do Interior, Gérard Collomb.

Uma mulher que morava com ele foi detida para ser interrogada, anunciou o procurador de Paris, François Molins, encarregado de investigações. O EI rapidamente reivindicou o atentado por meio de sua agência de propaganda Amaq.

"O homem é um soldado do Estado Islâmico, que atuou em resposta a uma convocação" a agir "contra os países-membros da coalizão" internacional contra o grupo no Iraque e na Síria, segundo um comunicado postado na rede social Telegram.

Vigiado por contactar pessoas ativas na internet na esfera extremista, Lakdim esteve na prisão por crimes do direito comum. Em sua saída, voltou a ser vigiado, mas não mostrou sinais "que pudessem pressagiar um passo à ação terrorista", assinalou a o procurador, sem explicar como ele teve acesso ao armamento.

Reféns

O agressor executou o atentado em um violento percurso que culminou em uma tomada de reféns em um supermercado. No terceiro e último local do ataque, um supermercado d de Trèbes, "entrou gritando 'Allahu Akbar' (Alá é grande) e indicando que era um soldado do Estado Islâmico disposto a morrer pela Síria", explicou Molins.

O procurador também anunciou que uma mulher "próxima (Lakdim), com quem compartilha sua vida", foi detida na sexta no fim da tarde. A Polícia realizou uma operação em Carcassonne, onde o agressor morava. Radouane Lakdim "roubou primeiro um automóvel em Carcassonne, matando o passageiro e ferindo o motorista". Um pouco mais longe, disparou e feriu levemente um policial que voltava de uma corrida com outros agentes perto de um quartel.

Alguns minutos mais tarde, às 11h15 locais, entrou no supermercado e matou um funcionário e um cliente. No estabelecimento havia cerca de 50 pessoas, segundo Molins.

No interior, fez uma mulher de refém, enquanto outros conseguiram fugir. Quando uma equipe de gendarmes (guardas) chegou, um tenente-coronel de 45 anos, Arnaud Beltrame, se ofereceu como refém em troca da libertação dos civis.

Às 14h30, o oficial ficou "gravemente ferido" pelos disparos do agressor, desembocando na ação das forças de elite da Gendarmeria, detalhou Collomb, que saudou seu "heroísmo".

Uma das pessoas mortas é "um cidadão português", disse um porta-voz do governo. Um cliente do supermercado assegurou que "um homem gritou e começou a atirar várias vezes".

"Vi a porta de uma câmara frigorífica e pedi às pessoas que se escondessem ali. Éramos 10 e ficamos por uma hora. Houve mais disparos e saímos pela porta de emergência traseira".

O país continua em alerta depois de uma série de atentados, desde o ataque contra a sede do semanário satírico "Charlie Hebdo" em janeiro de 2015 e que deixou 12 mortos.

A onda de atentados extremistas deixou 238 mortos e centenas de feridos em 2015 e 2016.

As autoridades temem novos atentados apesar do aumento das medidas de segurança, cujo sinal mais visível é a mobilização de 10 mil policiais e militares em ruas, estações e locais turísticos.

O ataque anterior reivindicado na França pelo EI ocorreu em Marselha, em 1º de outubro.