Vacina contra a Covid percorre mais de 4 mil km do Butantan até municípios do Ceará
No Estado, as primeiras doses, transportadas por avião, helicóptero, caminhões e carros, já estão disponíveis nas 184 cidades.
Se você mora no Ceará, nesse momento, o primeiro lote da vacina contra a Covid, após meses de espera por negociação, aprovação e distribuição, está disponível na sua cidade e provavelmente já sendo aplicado nos trabalhadores da saúde. Nesta quarta-feira (20), os 184 municípios do Estado amanheceram com a vacina.
Essa imunização é histórica tendo em vista a dimensão da pandemia, que somente no Ceará já matou mais de 10 mil pessoas.
A Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac, e reproduzida no Brasil pelo Instituto Butantan, é a primeira vacina disponível no país e chegou ao Ceará no fim da tarde de segunda-feira (18). Desde então, a permanente corrida contra o tempo para salvar vidas, já conhecida nesta pandemia, se acelerou. E, qual o percurso feito com a substância para que, finalmente, seja dada a largada na imunização dos grupos prioritários no Ceará?
Se considerada a saída da sede do Butantan, na cidade de São Paulo até Fortaleza, foram cerca de 3,4 mil km. Essa primeira rota, como já praticada nas tradicionais campanhas de vacinação no Brasil, foi feita pelo ar com o uso de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Para seguir até municípios mais distantes da Capital, como, por exemplo, Penaforte, no extremo Sul do Ceará, o itinerário - usando rotas pré-determinadas devido à logística de transporte - totalizou cerca de 4.011 km.
O transporte das 218 mil primeiras doses da Coronavac, que conforme o Ministério da Saúde, foram armazenadas em 5.730 caixas, usou avião, helicópteros, caminhões e carros, tanto do Governo Federal e Estadual, como equipamento dos municípios. Caso o translado - seguindo exatamente os pontos de parada estabelecidos na rota oficial - fosse feito, por exemplo, somente por terra, seriam necessários cerca de 2 dias e 6 horas ininterruptas de viagem pelas estradas do país da cidade de São Paulo ao município de Penaforte (CE).
Trajetos e pontos de parada
A rota do Butantan até Penaforte, cidade em que 58 doses iniciais da vacina chegaram no final da tarde de terça-feira (19), o trajeto em quilômetros - tendo em vista os pontos de parada - é equivalente à distância de viagem entre Fortaleza e Bogotá, capital da Colômbia.
A substância imunizante que, hoje, está distribuída no Brasil é oriunda da China e chegou ao Butantan entre novembro e dezembro, dividida em seis lotes, sob a forma de doses prontas e litros de insumos. A vacina foi então preparada e envazadas na sede de Instituto.
Após a liberação do uso emergencial por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no último domingo (17), as doses da vacina saíram, na manhã de segunda-feira (18), de São Paulo rumo a Fortaleza e, passaram antes por Guarulhos (SP), Goiânia (GO) e Teresina (PI). Entre o Centro de Distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos, e o pouso em Fortaleza, foram 7h39min de viagem. A Polícia Federal garantiu a segurança desse transporte.
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Ao chegarem ao Estado, o primeiro ponto de parada foi o antigo aeroporto de Fortaleza. E, em território cearense, a Polícia Militar fez a segurança e cerca de 200 policiais participaram da operação. Do equipamento, parte das doses foram enviadas imediatamente às demais cidades por rotas de distribuição traçadas pelo Governo.
Na Capital, que recebeu inicialmente 80 mil doses, ocorreu no Hospital Estadual Leonardo da Vinci, por volta das 18h30min a primeira imunização do Estado. Agentes da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), por cerca de 10 minutos, no trajeto entre o aeroporto e a unidade hospitalar deram suporte com o uso de batedores para garantir o trânsito livre nas vias da Capital.
Vacinas chegaram por helicópteros
Para as demais cidades do Estado, foram estabelecidos, pelo Governo, oito trajetos, dos quais seis foram aéreos e dois terrestres, rumo às cidades que são sedes das Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS). São elas: Maracanaú, Caucaia, Baturité, Itapipoca, Sobral, Tianguá, Camocim, Acaraú, Crateús, Juazeiro do Norte, Crato, Iguatu, Brejo Santo, Icó, Tauá, Quixadá, Canindé, Aracati, Russas e Limoeiro do Norte. No caso do transporte aéreo, segundo o Governo do Ceará, foram utilizadas três aeronaves da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer).
As vacinas chegaram às sedes das ADS entre a noite de segunda-feira (18) e a manhã de terça (19). Cada prefeitura manda buscar e levar os imunizantes para a secretaria municipal, locais onde há central de rede de frios. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), até a noite de terça-feira (19), todos os municípios já haviam feito esse procedimento.
“A diferença desse aporte de aviões e helicópteros fez com que a gente em menos de 24 horas pudesse estar contando com essas vacinas nos municípios. A partir daí, caminhões dos municípios foram receber essas vacinas. Esse controle da rede frios é feito a cada duas horas. A segunda dose da vacina já está armazenada na rede frios assim como uma reserva técnica para casos de contingência”, explica a secretária-executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida.
Das ADS para os demais municípios, como são distâncias pequenas, as vacinas são levadas, geralmente, em caixas térmicas com termômetros acoplados com a temperatura, no caso da Coronavac, entre 2°C e 4°C graus. Todos esses percursos também são escoltados pela Polícia Militar.
Nos municípios, as vacinas vão para os refrigeradores da rede municipal e a depender de cada plano municipal seguem para a aplicação, nesse momento, nos grupos prioritários.