Sem casos de sarampo há 16 meses, Ceará suspende dose antecipada da vacina contra a doença

Dose “zero” da tríplice viral estava sendo aplicada em bebês de 6 meses de forma excepcional, para conter surto da infecção

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Crianças devem tomar duas doses da tríplice viral: aos 12 meses e aos 15 meses de vida
Legenda: Crianças devem tomar duas doses da tríplice viral: aos 12 meses e aos 15 meses de vida
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O Ceará está livre do vírus do sarampo. Sem registro de casos há 16 meses, o Estado suspendeu, nessa terça-feira (22), a indicação de vacinação antecipada de bebês de 6 meses, medida que havia sido adotada de forma emergencial para protegê-los do surto da doença.

A aplicação da chamada “dose zero (D0)” aos 6 meses de idade foi temporária, e teve a função de impedir a infecção em menores de 1 ano quando a doença voltou a circular no Ceará, como reforçou uma Nota de Alerta publicada pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).

A indicação permanece, porém, caso os bebês tenham contato com pacientes suspeitos ou confirmados de sarampo, como alerta o documento.

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Segundo a Sesa, 17 dos 21 estados que tiveram casos da doença em 2020 estão livres do vírus. Diante disso, a reportagem questionou a Pasta sobre os possíveis riscos de suspender a dose zero, mas não obteve resposta até esta publicação.

A vacina contra sarampo, caxumba e rubéola é a tríplice viral, aplicada, segundo o Programa Nacional de Imunização (PNI), em duas doses: D1 aos 12 meses e D2 aos 15 meses de vida. 

Cobertura vacinal

A pediatra Vanuza Chagas alerta que as crianças são as mais suscetíveis a complicações e sequelas do sarampo e que, por isso, é indispensável manter o esquema vacinal completo e atualizado.

O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil, e a volta se deu justamente pela queda da cobertura vacinal. Para mantermos essa tranquilidade, é importante que as pessoas procurem a vacina.

A médica reforça ainda que “adultos que tenham dúvida sobre a própria imunização procurem atualizar o cartão, para que não haja a volta de doenças que só contribuem para sobrecarregar o sistema e deixar sequelas à saúde”.

Casos de sarampo no Ceará

Em dezembro de 2013, teve início um dos mais graves surtos de sarampo registrados no Ceará. A epidemia durou até julho de 2015, com um balanço de 916 casos confirmados da doença entre os cearenses.

Dez semanas após zerar a confirmação de novas infecções, o Ministério da Saúde decretou o fim do surto no Estado em 24 de setembro de 2015.

O último boletim epidemiológico sobre a virose foi emitido pela Sesa em 8 de junho de 2020. Até a data, três casos de sarampo haviam sido confirmados no Ceará, todos oriundos de um mesmo surto no município de Cariré, a cerca de 270 km de Fortaleza.

Todos os infectados eram homens, tinham mais de 30 anos de idade e nenhum sabia se estava vacinado contra o sarampo.

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Em 2019, o Ceará contabilizou 19 casos da doença, sendo 10 em Fortaleza e Região Metropolitana e os demais no interior. Do total, 13 eram crianças e seis adultos. Nove dos infectados não estavam vacinados ou não sabiam dessa informação.

Sintomas do sarampo

Os sintomas do sarampo podem ser semelhantes aos de outras viroses, como caxumba, rubéola ou até mesmo a catapora. De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros sinais são:

  • Febre acompanhada de tosse;
  • Irritação nos olhos;
  • Nariz escorrendo ou entupido;
  • Falta de apetite;
  • Mal-estar intenso.

O órgão alerta que podem aparecer manchas brancas na parte interna das bochechas, e, entre 3 e 5 dias dos primeiros sintomas, podem surgir "manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo".

Conforme o MS, as complicações da doença, que pode levar à morte, variam de acordo com a idade do paciente. 

  • Crianças: pneumonia; infecções de ouvido; encefalite aguda (inflamação no encéfalo – parte do sistema nervoso dentro do crânio); morte.
  • Adultos: pneumonia.
  • Gestantes: parto prematuro; bebê com baixo peso.

O sarampo não tem tratamento específico, e a única forma de prevenção é por meio da vacinação.

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