Saiba quem não deve receber a vacina Sputnik V contra a Covid-19

As contraindicações representam uma medida de segurança tomada pela Anvisa, e isso é comum quando há o lançamento de novos medicamentos, inclusive imunizantes

Escrito por Redação ,
Legenda: A Sputnik V teve importação autorizada pela Anvisa no início de junho
Foto: Shutterstock

Com a compra direta de 5,8 milhões de doses da Sputnik V realizada pelo governador cearense, Camilo Santana (PT), as primeiras vacinas devem chegar no início de julho, num montante de 183 mil doses iniciais. No caso do imunizante russo, o uso é contraindicado para alguns grupos, como gestantes, lactantes e pessoas com comorbidades, além de ser restrita para a idade de 18 até 60 anos. 

O planejamento para distribuição interna do imunizante só foi possível devido à aprovação feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na primeira semana de junho. A liberação de parte das doses foi realizada “sob condições controladas”, como explica o órgão.

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Conforme as exigências para importação da vacina, todos os lotes só poderão ser destinados ao uso após a análise laboratorial e a liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fiocruz. Além disso, os eventos adversos graves devem ser comunicados à Anvisa em até 24 horas, por meio do sistema VigiMed ou e-SUS Notifica.

Veja lista de grupos contraindicados

  • Indivíduos com hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula;
  • Gestantes e lactantes;
  • Mulheres em idade fértil que desejam engravidar nos próximos meses;
  • Pessoas já vacinadas contra a Covid-19;
  • Aqueles que tomaram qualquer vacina em um período anterior de quatro semanas;
  • Pessoas com febre;
  • Pessoas com HIV;
  • Pessoas com hepatite B ou C;
  • Indivíduos que receberam imunoglobulinas ou hemoderivados em um período anterior de três meses;
  • Quem está passando ou passou por tratamento com imunossupressores, citotóxicos, quimioterapia ou radiação em um período anterior de 36 meses;
  • Pacientes em terapias com biológicos incluindo anticorpos anticitocinas e outros anticorpos;
  • Indivíduos com antecedentes de anafilaxia;
  • Pessoas enfermidades graves ou não controladas, como cardiovasculares, respiratórias, gastrointestinais, neurológicas, insuficiência hepática ou renal e patologias endócrinas.

Restrições como medida de segurança

Como outras vacinas, os imunizantes contra Covid-19 também apresentam contraindicações, não sendo um fenômeno novo, aponta o médico infectologista Pablo Eliack Linhares de Holanda, que atual no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e São José (HSJ). Apesar das restrições, o profissional coloca que a vacina não se torna inutilizada para uso.

Toda vacina não deixa de ser um tipo de medicação. Todos têm seus efeitos adversos e as suas contraindicações, mas isso não impede o uso, contanto que o benefício seja maior do que os riscos.
Pablo Eliack Linhares de Holanda
Infectologista

Conforme Pablo explica, as restrições de uso provavelmente ocorrem por conta de poucos estudos aprofundados com as populações específicas. Ou seja, tem seu uso validado para o grupo de 18 até 60 anos, mas ainda não foram realizados testes suficientes em mulheres grávidas ou lactantes, por exemplo. 

Sempre que tem uma medicação nova, a gente tem essa cautela, principalmente com gestantes, para evitar essas malformações nos bebês”, detalha. No caso da Sputnik V, as contraindicações representam uma medida de segurança tomada pela Anvisa. Outra vacina ministrada no Brasil, a AstraZeneca, também foi proibida de ser aplicada em gestantes.

Para ele, o benefício é muito maior do que os riscos. “O mais importante é a gente conseguir se vacinar o mais rápido possível para tentar ter o máximo de pessoas possíveis imunizadas para conseguir conter essa doença e não ter uma terceira onda”, finaliza.

Contraindicações das vacinas contra Covid-19

Da mesma forma que a Anvisa realizou testes e incluiu as contraindicações no imunizante Sputnik V, essa vistoria técnica também foi efetuada nas outras vacinas contra Covid-19.

Já tendo sido liberadas para uso há mais tempo, essas informações foram organizadas em bulas, aprovadas pela Anvisa, que acompanham as doses. Veja os casos em que não é recomendado receber o imunizante das seguintes vacinas:

AstraZeneca/Oxford

Conforme a bula aprovada pela Anvisa, não é recomendado tomar o imunizante caso o paciente tenha tido um coágulo sanguíneo importante e baixos níveis de plaquetas (trombocitopenia) ou uma reação alérgica grave ao princípio ativo ou a qualquer dos ingredientes da vacina da Covid-19. 

Essa reação pode ocorrer caso surjam erupção cutânea, manchas vermelhas na pele, com coceira, falta de ar e inchaço da face ou da língua. 

Após aprovada no Brasil, o imunizante foi contraindicado para grávidas e puérperas conforme decisão do Ministério da Saúde (MS). A suspensão da aplicação da vacina foi recomendada pela Anvisa após suspeita de efeito adverso que causou óbito de grávida e feto.

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CoronaVac

Já a CoronaVac, aprovada para uso emergencial pela Anvisa em janeiro deste ano, também apresenta a contraindicação para as pessoas que possuem alguma alergia aos componentes da vacina adsorvida Covid-19, com vírus inativado. Além disso, não é recomendado ao grupo que apresenta doença aguda, febre ou início agudo de doenças crônicas não controladas no momento da vacinação. 

Pfizer/BioNTech

Das vacinas, a Pfizer apresenta a menor lista de contraindicações, não sendo indicada somente para indivíduos com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina.

Distribuição da Sputnik V no Brasil

Ao todo, serão 928 mil frascos importados para o Brasil, distribuídos para a Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí. Segundo a Anvisa, após o uso dos imunizantes, o órgão irá analisar os dados de monitoramento da utilização da vacina, a fim de avaliar a próxima remessa a ser importada. 

  • Bahia: 300 mil doses
  • Maranhão: 141 mil doses
  • Sergipe: 46 mil doses
  • Ceará: 183 mil doses
  • Pernambuco: 192 mil doses
  • Piauí: 66 mil doses

número de compras representa 1% da população total de cada estado. A Anvisa também aponta ser responsabilidade dos compradores "criar mecanismos para a realização do monitoramento pós-distribuição e pós-uso da vacina importada”. Com isso, no caso de queixas técnicas ou eventos adversos, é possível dar uma rápida resposta de controle. 

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