Quase metade dos idosos faltaram à aplicação da dose de reforço contra a Covid-19 em Fortaleza

Ao todo, 16.246 pessoas desse público não compareceram às unidades de saúde da Capital

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Idosos
Legenda: Queda na proteção contra a Covid-19 se apresenta cerca de seis meses após aplicação da segunda dose ou dose única
Foto: Fabiane de Paula

Em seis ocasiões de agendamento para aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 em Fortaleza, 16.246 idosos não compareceram às unidades de saúde - o que corresponde a 46,5% dos agendamentos. Queda na imunidade e fragilidade de pessoas com idade avançada ao coronavírus evidencia a relevância de completar a imunização.

A aplicação da dose de reforço dos imunizantes começou a ser feita na Capital no dia 25 de setembro para a população geral acima de 70 anos e com período de, no mínimo, seis meses de diferença da aplicação da segunda dose. Ao todo, foram feitos 34.942 agendamentos até o dia 1º de outubro - com comparecimento de 18.696 (53,5%) pessoas.

Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) tabulados pelo Diário do Nordeste a partir do quantitativo de agendamentos e do número de idosos presentes na aplicação da dose de reforço divulgado no Vacinômetro do Município.

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Estudos internacionais mostram que a 3ª dose da vacina se torna relevante porque a imunidade contra a Covid-19 se reduz em cerca de seis meses da última dose da vacina em idosos e imunossuprimidos. “As pessoas que não estão recebendo essa vacina ficam mais desprotegidas para se contaminar e ter uma doença mais grave do que as pessoas que recebem esse reforço”, explica o médico infectologista, Keny Colares.

O médico alerta sobre a pandemia se comportar como ondas e alerta para a possibilidade de aumento dos casos da doença com parcela da população desprotegida. “Com a redução dos casos e da sensação de perigo, as pessoas buscam menos informação e já consideram que o problema está resolvido. Parte não recebeu a informação sobre o reforço e outros acham que não precisam porque acham que a pandemia foi embora”, analisa.

A gente está nesse momento de aparente calmaria, redução do número de casos e as pessoas que receberam a vacina se sentem protegidas, mas essa proteção vai reduzindo com o passar do tempo
Keny Colares
Médico Infectologista

O Ministério da Saúde reduziu a idade mínima para o recebimento da dose de reforço, de 70 para 60 anos em anúncio feito no dia 28 de setembro. Além do público, profissionais da saúde e imunossuprimidos - como pacientes em quimioterapia ou hemodiálise - também são atendidos para a nova aplicação. Para o reforço da imunização, são priorizadas as vacinas da Pfizer, Janssen e Astrazeneca.

Nesta quarta-feira, 1.600 pessoas estão agendadas para receber a 3ª dose do imunizante. Amanhã (7), mais 2.992 idosos poderão garantir o reforço na vacinação. As pessoas com imunossupressão devem atualizar o cadastro no site Saúde Digital com condição clínica para entradas nas listas.

ATENÇÃO AOS IDOSOS

As listas com agendamentos se tornaram notificações constantes na casa do economista Fernando Antônio, de 53 anos, onde mora a mãe, de 79 anos, e os tios, de 82 e 83 anos. Os três idosos receberam o reforço na imunização no mesmo dia. “Foi motivo de alívio e satisfação, porque a gente não estava esperando - pensávamos que as duas doses iam ser suficientes. Quando surgiram os estudos para a terceira dose eu fiquei muito animado”, lembra.

Os cuidados com uso de máscaras e álcool em gel permanecem como rotina para os idosos e a aplicação da dose de reforço traz mais segurança para a família. “Minha mãe e minha tia se mantêm em casa, meu tio é mais de sair para ir ao mercado e resolver as coisas, mas sempre com os cuidados, como desde o começo”, detalha Fernando Antônio.

Idosos
Legenda: Listas de vacina são divulgadas em site da Prefeitura de Fortaleza, mas não há notificação oficial por mensagens ou ligação
Foto: Fabiane de Paula

O acesso à informação foi determinante para que ninguém na família faltasse ao processo de imunização. “A gente teve que se organizar para levar à vacinação, ter paciência por causa da idade deles e cuidado para descer do carro. Eu fico pensando nas pessoas que não tem esse apoio, talvez muitos não foram tomar porque não tem apoio familiar necessário para isso”, reflete.

A Secretaria da Saúde de Fortaleza informou que, entre as estratégias adotadas, realiza aplicação da 3ª dose em domicilio, nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), em formato de drive thru e salas de vacinação. "Além de inúmeras repescagens, ou seja, novas oportunidades para quem perdeu o seu agendamento, garantir o seu esquema vacinal completo", acrescentou a Pasta em nota.

 

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