Número de óbitos por Covid-19 em UPAs cai 42,9% entre março e abril

Atendimentos a infectados e transferências das unidades para hospitais também diminuíram nesse período, mas não de forma significativa

Escrito por Luana Severo e Theyse Viana ,
Em fevereiro, 18 pessoas morreram por Covid-19 nas UPAs de Fortaleza. Em março, esse número subiu para 142.
Legenda: Em fevereiro, 18 pessoas morreram por Covid-19 nas UPAs de Fortaleza. Em março, esse número subiu para 142.
Foto: Helene Santos

A quantidade de pessoas que morreram por Covid-19 em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza caiu 42,9% entre os meses de março e abril, segundo o IntegraSUS. Nesse período, também diminuíram os números de atendimento e de transferência de pacientes infectados das unidades para hospitais. Porém, essa redução não foi tão significativa.

Em abril, foram registrados 15.091 atendimentos por Covid-19 nas UPAs e feitas 1.111 transferências para hospitais. Isso representou uma queda de 4,9% e 8,8% em relação ao mês anterior, quando foram contabilizados 15.804 atendimentos e 1.219 transferências.

Embora menor do que um mês atrás, o número de óbitos pela pandemia nas UPAs ainda é bem maior do que o registrado em fevereiro, quando morreram 18 pessoas nas unidades.

O Diário do Nordeste procurou o Instituto de Gestão e Saúde Hospitalar (ISGH), responsável por gerir as UPAs da Capital, para entender de que forma as reduções impactam a rede de assistência secundária e se elas possibilitam dar fôlego às unidades neste momento ainda crítico da pandemia. Além disso, questionou a que se deveu a queda de quase 50% nos dados de óbitos. No entanto, o órgão não respondeu até o fechamento da matéria.

Óbitos

Epidemiologista, virologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel lembra que os registros de óbitos por Covid-19 costumam levar alguns dias para serem consolidados. Portanto, considerando que estamos no início do mês de maio, ela acredita que deve haver incremento nos números de abril. A especialista ressalta ainda que as estatísticas referentes à pandemia continuam altas e que há alguns hospitais com 100% da capacidade de assistência lotada.

De acordo com o IntegraSUS, com dados consolidados até 15 horas desta segunda-feira (3), a rede hospitalar do Ceará está com 88,91% dos leitos de terapia intensiva (UTI) ocupados. Alguns dos hospitais sem mais vagas de UTI, segundo a plataforma estadual, são o Hospital Geral Dr. César Cals e o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara. 

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Flexibilização

Um dos principais critérios para definir a flexibilização do isolamento social durante a pandemia é a demanda de doentes por assistência — principalmente, internação. 

Epidemiologista e gerente de Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde de Fortaleza (SMS), Antônio Lima, o Tanta, reforça que, se os atendimentos e os pedidos de transferência não diminuírem, “não tem como negociar” uma flexibilização do isolamento.

Diante dos anúncios semanais de retomada gradual das atividades sociais e econômicas, o especialista justifica que, “neste momento, temos bem definida essa tendência de redução da demanda assistencial diária em Fortaleza e em outras regiões do Estado”. Além disso, garante que “a circulação viral também caiu de 42% para 32% de positividade”.

Caroline Gurgel, por sua vez, considera que os dados ainda são insuficientes para possibilitar a reabertura segura das atividades e que as decisões tomadas até então são uma “forma discreta” de o Estado assumir que não tem como sustentar a população em casa.

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