Na mobilidade, cobranças são por integração entre modais e melhoria do transporte público

Embora essa área em Fortaleza tenha evoluído, nos últimos anos, gargalos como a superlotação permanecem. O que o novo prefeito deve fazer para aprimorar o setor?

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
onibus fortaleza
Legenda: Esteja em tempos de pandemia ou não, o dilema da superlotação nos ônibus da Capital, em determinadas rotas e horários, permanece
Foto: Natinho Rodrigues

Nos últimos anos, Fortaleza avançou no estímulo ao uso dos transportes coletivo e não-motorizado. Exemplos práticos são a implementação dos corredores de ônibus e a expansão da malha cicloviária. Houve também ênfase do poder público em segurança viária. Mas, por outro lado, esteja em tempos de pandemia ou não, o dilema da superlotação nos ônibus, em determinadas rotas e horários, permanece. Além disso, nos últimos períodos, os registros sobre transporte público reiteram a queda permanente no número de usuários. O que o novo prefeito deve fazer, e quais aspectos precisam ser enfatizados para aprimorar a mobilidade urbana?

Na Capital, a frota cadastrada no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Ceará, atingiu  marca de 1.168.546 veículos. Destes,  625 mil são carros e 310 são motos. No transporte coletivo, em dia útil, segundo a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) há 1.460 veículos, o que equivale a cerca de 83% da frota antes da pandemia. 

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Ao todo, 317 linhas de ônibus cortam a cidade, sendo 295 operadas por empresas vinculadas  ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) e 22 operadas pela Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Passageiros do Estado do Ceará (Cootraps). Fortaleza também tem VLT, metrô e trem e dispõe de sistema de bicicletas compartilhadas. Mas, como tem sido a integração física e tarifária entre esses modais? 

Integração ainda não saiu do papel

A integração tarifária ainda não ocorre entre ônibus e transportes metroferroviários na Capital e Região Metropolitana. O professor do Departamento de Engenharia de Transportes da UFC, Bruno Bertoncini, afirma que a questão da integração tarifária é um ponto chave na mobilidade urbana.

“Os municípios precisam entender que a principal razão dos deslocamentos são as pessoas e essas pessoas farão suas viagens em função de  motivos, trabalho, educação, lazer, e para atingir esses objetivos, ela precisa de condição plena e confortáveis. Isso ocorre quando um usuário de um transporte pode se deslocar por ônibus e dali fazer uma viagem de maior distância usando metrô. Essa é uma situação ideal”. 

De acordo com ele, a integração é uma das grandes dificuldade e vai demandar atenção do novo prefeito. Isso, explica ele, porque a gestão e operação dos sistemas de transporte como ônibus e metrô geralmente são feitas por esferas distintas da administração pública. “E envolve também a região metropolitana e vários municípios. Então tem que ter algum mecanismo que possibilite a aproximação desses modais”, destaca. 

Além disso, a queda no número de usuários do transporte coletivo, diz ele, é um “um dos maiores desafios que os municípios brasileiros estão enfrentando nos últimos anos”. Para ele, a retração não é fruto somente do crescimento do uso de aplicativos de carros particulares.

“Os dados apontam uma redução geral da demanda por transporte público, mesmo com os investimentos feitos na rede, e que, obviamente já trouxeram melhorias, como redução do tempo de viagem e renovação das frotas”, reforça.

Boa parte dos deslocamento, lembra ele, são feitos por questões de trabalho, e o desemprego tem aumentado. Portanto, um problema social incide na forma de deslocamento.  

Uma das necessidades a ser equacionada pelo novo gestor, ressalta Bruno, e justamente conseguir alinhar com o setor de transporte a manutenção da qualidade e ao mesmo tempo garantir uma tarifa justa. Isso porque “uma parte do investimento do setor é de arrecadação tarifária”. Com os usuários em baixa, esse desafio cresce. 

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