Idosos, adultos ou jovens? Veja as faixas etárias de quem ainda está morrendo por Covid-19 no Ceará

Dados indicam que, apesar de redução importante, o vírus continua circulando no Estado e sendo capaz de gerar casos de maior gravidade

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que atendem a casos mais graves da Covid-19, está em 34% nesta sexta-feira.
Foto: José Leomar

58% da população total vacinada com, pelo menos, uma dose contra a Covid-19 em todo o Estado do Ceará. Distribuição constante de vacinas para todas as cidades. Capital com cerca de 70% das pessoas com D1 em dia. Idosos, pessoas com comorbidades e trabalhadores de diferentes áreas já imunizados. 

A cobertura da vacinação, mesmo ainda abaixo dos 90% indicados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), tem avançado. Contudo, uma situação ainda preocupa: praticamente todos os dias morrem pessoas vítimas da doença. Mas quais faixas etárias ainda apresentam óbitos? 

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Uma constatação é que, após o pico em abril, o Ceará atravessa uma significativa queda de mortes. Em julho, mês que marcou os seis meses de vacinação no Estado, foram 459 óbitos, 64% a menos que junho, que teve 1.280.

Agosto seguiu uma tendência ainda maior de redução (74%) quando comparado a julho. Foram 119 mortes, uma média de quase quatro por dia. Os dados foram retirados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), nesta sexta-feira (3).

O poder público ainda não disponibilizou dados detalhando se essas pessoas foram ou não vacinadas contra a Covid-19. Por isso, a faixa etária é um dos únicos indicadores que pode ser aferido em plataformas de transparência para a avaliação do atual cenário epidemiológico.

O primeiro óbito pela variante Delta confirmado no Ceará, por exemplo, foi de um homem de 45 anos que não estava vacinado. Residente de Fortaleza, ele tinha quadro de obesidade e faleceu no dia 29 de agosto, após passar mais de 20 dias internado em um hospital particular.

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Diferenças de idade

Nos últimos dois meses, os idosos acima de 60 anos continuam sendo o grupo que mais morre pela doença, respondendo por 55% do total. Mas não de forma igual: quanto maior a faixa etária, maior a gravidade. 

Entre aqueles com mais de 80 anos, o percentual chega a 24%. Ou seja, a cada quatro óbitos, cerca de um foi nessa idade. Em seguida, vêm os adultos de 55 a 59 anos, com 12% do total.

Uma das vítimas desse grupo, no início de julho, foi a professora da rede estadual Maria do Espírito Santo Barbosa Campelo, 56 anos, em Morada Nova. Mesmo vacinada com a primeira dose da vacina há cerca de um mês antes, ela contraiu a Covid-19 e teve complicações.

"Ela sempre será lembrada como uma pessoa especial para todos. Uma professora exemplar, sensível a ouvir quem a procurava. Sua partida repentina deixou um enorme vazio em meu coração", comenta o sobrinho, Jarson Barbosa.

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A população adulta jovem de 20 a 39 anos, considerada mais saudável, responde por quase 10% dos óbitos. Embora o percentual seja baixo, foram 57 mortes nos últimos dois meses.

Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos permanecem como o grupo com menos óbitos (1,56%), mas ainda assim registraram nove mortes. Seis delas ocorreram em crianças de até quatro anos.

Alerta sobre a Delta

O infectologista Keny Colares, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), explica que pesquisadores da área estão em alerta quanto à variante Delta, que já tem quase 100 casos identificados em todo o Estado.

Ela tem capacidade de transmissão duas vezes maior que o vírus original. Se, no começo, cada infectado transmitia para dois ou três indivíduos, aparentemente essa infecta cinco ou seis. Pode causar infecção com 1.000 vezes mais quantidade de vírus e transmitir muito bem para pessoas que já foram vacinadas.

O médico diz que, em alguns estudos, a Delta parece ter capacidade de driblar a proteção de vacinas e anticorpos, mas isso ainda “não está bem determinado”.

“As vacinas protegem contra as variantes, umas mais e outras menos. Não existe ainda uma em que as vacinas tenham zero de proteção, mas as medidas de proteção com máscaras, distanciamento e ventilação ainda devem ser utilizadas”, lembra Colares.

Imunização de jovens

A vacinação segue a ampliação para adolescentes de 12 a 17 anos desde o fim de julho. Até a última quinta (2), conforme o vacinômetro estadual, 71 dos 184 municípios cearenses já começaram a imunização desse público.

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Ao todo, mais de 61 mil jovens já receberam a primeira dose. No geral, 5,38 milhões de pessoas tomaram a D1, até o momento, e 2,52 milhões estão com o esquema vacinal completo.

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