Fotorreportagem: crianças ocupam semáforos de Fortaleza neste 12 de Outubro em meio à pandemia

Situação de vulnerabilidade social compromete desempenho escolar e futuro dos pequenos cearenses afetados pelo aumento do desemprego e do custo de vida

Escrito por Lucas Falconery e Wânyffer Monteiro ,
Crianças
Legenda: Pequenos ocupam avenidas e ruas da Capital em busca de ajuda financeira e brinquedos distribuídos neste Dia das Crianças
Foto: Fabiane de Paula

Mãos pequenas sinalizam e tocam janelas de carros na procura por moedas que possam se transformar em alimentos ou brinquedos. A situação revela retratos do avanço da pobreza em Fortaleza durante a pandemia da Covid-19. O brincar, inclusive, estampa o figurino de quem busca convencer aqueles em passeios pela cidade a doar - mas se afasta da realidade dos meninos e meninas cearenses nos semáforos da Capital nesta terça-feira (12), Dia das Crianças.

Nesta data, o Diário do Nordeste percorreu ruas e avenidas de Fortaleza para mostrar os pequenos em situações de restrições de direitos. Os registros são de autoria da fotógrafa Fabiane de Paula. (Veja imagens abaixo). 

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Legenda: Crianças recebem brinquedos doados por motoristas em Fortaleza
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Pequenos se vestem com roupas lúdicas para se apresentar em intervalos dos semáforos
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Pequenos se vestem com roupas lúdicas para se apresentar em intervalos dos semáforos
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Pequenos se vestem com roupas lúdicas para se apresentar em intervalos dos semáforos
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Pequenos se vestem com roupas lúdicas para se apresentar em intervalos dos semáforos
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Em cada parada, uma tentativa pelo valor que pode ajudar na alimentação do dia
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Parte das crianças aprendem malabares como forma de atrair atenção de quem passa
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Parte das crianças aprendem malabares como forma de atrair atenção de quem passa
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Cenário representa piora dos índices sociais durante a pandemia da Covid-19
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Em geral, crianças são acompanhadas por mães
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Os toques na janela se repetem na busca pelo básico
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Meninas e meninos recebem presentes de voluntários na data especial
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Os pequenos se reúnem em grupos para pedir ajuda nos sinais
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Curiosidade prende olhares das crianças em busca de ajuda
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Pequenos se arriscam entre veículos
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Corre corre está fora do cenário ideal para o desenvolvimento das crianças
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Equipes de educadores sociais foram vistos em realização de trabalho com crianças
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Em busca de visibilidade, crianças preparam apresentações para as pausas dos carros
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Os menores aguardam irmãos nas calçadas à sombra de árvores
Foto: Fabiane de Paula

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Legenda: Recorte da realidade gera questionamento sobre o futuro das crianças encontradas nas ruas
Foto: Fabiane de Paula

Realidades das famílias

O cenário de vulnerabilidade em que essas crianças estão inseridas se constrói na realidade das famílias e na falta de acesso à educação, como explica a doutora em Economia, Alesandra Benevides. “São crianças em risco de abandono escolar, ou que já não estão frequentando a escola, e dentro de um contexto de território violento ou de violência doméstica”, detalha.

Alessandra defende ainda que investimentos para mudar o futuro dessas crianças não sejam esquecidos, embora ações para combater à pobreza extrema sejam urgentes. “Seriam necessárias políticas públicas voltadas para as famílias, de assistência social, visando o médio e longo prazo, visando a parte educacional das crianças, mas as famílias precisam de um 'colchão' para sobreviver ao período pandêmico”.

Cenário de pobreza infantil vem aumentando

“O cenário de pobreza infantil vem experimentando aumento desde 2015 com a recessão econômica e as crianças exigem cuidados especiais como saúde e educação, então essas famílias são mais vulneráveis do que a média”, analisa Vitor Hugo Miro, coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza.

353.906
É o total de crianças e adolescentes menores de 18 anos em situação de pobreza ou extrema pobreza registrados no Cadastro Único, do Governo Federal, com dados de Fortaleza até junho de 2021.

O Auxílio Emergencial, programa do Governo Federal para pessoas de baixo renda impactadas pela pandemia, contribui para que o cenário não seja mais extremo. "Enquanto vivemos incertezas políticas, temos uma deterioração nas condições de renda de muitas famílias. Se falava muito pouco sobre fome, mas é um tema que está voltando forte, porque a gente anda pelas ruas e vê nos semáforos a quantidade de pessoas em situação de pobreza", acrescenta Vitor Hugo.

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