Fiação subterrânea será instalada na Beira-Mar

Obras devem começar ainda neste ano, segundo a Prefeitura; Centro também terá o cabeamento substituído

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Legenda: A Coelce foi notificada no início do mês passado, pela Secretaria Regional II, a regularizar a situação atual de descontrole na utilização da rede
Foto: Foto: Fabiane de Paula

Além do Centro de Fortaleza, a Avenida Beira-Mar também deve ganhar cabeamento subterrâneo em substituição à rede aérea atual. De acordo com a Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), as obras deverão ser iniciadas ainda neste ano, após o início dos repasses dos recursos, previsto para novembro.

No Centro, os trabalhos fazem parte do projeto de revitalização, prometido para iniciar no primeiro semestre de 2015, com recursos estimados em R$ 1,1 bilhão. Serão instalados 41 quilômetros de cabos das companhias elétricas e de telecomunicações.

O cabeamento subterrâneo abrangerá todas as vias do quadrilátero das avenidas Imperador, Duque de Caxias, Dom Manuel e Rua João Moreira, área a ser beneficiada pelo projeto de revitalização do bairro, segundo a Setfor. Entretanto, a Prefeitura de Fortaleza vai elaborar um projeto com mais detalhes após os primeiros repasses dos US$ 500 milhões financiados pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Os trabalhos na Beira-Mar também serão financiados pelo CAF.

"A Prefeitura tem um projeto conceitual que foi apresentado ao Banco. Com base nisso, o CAF avaliou e, a partir da sinalização, vai ser feito um levantamento de tudo o que é preciso, desde a pavimentação ao tipo especial de poste", explicou a Setfor.

O órgão ressaltou, ainda, que parte do canteiro central da Praia do Futuro, restaurado recentemente, já conta com fiação subterrânea.

Algumas cidades do País, como Recife (PE) e Ouro Preto (MG), já iniciaram a transição do cabeamento aéreo para subterrâneo, especialmente por serem locais que recebem muitos turistas. Dentre as maiores cidades brasileiras, o Rio de Janeiro (RJ) foi pioneiro ao realizar a mudança ainda nos anos 90, mesmo que apenas em alguns pontos do município. São Paulo também estuda a mudança.

Benefício

Especialistas em Urbanismo e Engenharia consideram a alteração benéfica. Conforme a engenheira eletricista e presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará (Senge-CE), Tereza Neumann, além do excesso de fios, é comum encontrar na Capital cabos com altura abaixo do permitido, que é de 5,5 metros. "Uma criança pode subir um muro e alcançar", alerta.

Com relação ao Centro, o estado de conservação do cabeamento também é preocupante. "Lá, a fiação fica por trás de marquises metálicas, que não permitem o acesso. Não há manutenção porque nem mesmo se visualiza a entrada dos fios", avalia. Para ela, a estrutura subterrânea deixará as ruas mais seguras.

O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB-CE), Antônio Custódio dos Santos Neto, concorda. "Essa proposta é bastante interessante porque ajuda a fazer uma limpeza visual da cidade", diz. Contudo, conforme ele, o elevado custo pode ser um empecilho. "É muito caro, exige uma fiação coberta com uma capa de plástico, pois o fio não pode ser exposto".

A solução, para Neto, é escolher pontos específicos para iniciar a mudança, a exemplo do que já foi feito na Praia do Futuro e está prestes a ser iniciado na Beira-Mar. Além disso, ele destaca a segurança. "Veja os acidentes, o risco de meninos soltando pipa nas ruas", concluiu.

Em nota, a Companhia Energética do Ceará (Coelce) informou que a rede subterrânea pode ser até oito vezes mais cara do que a aérea, e a diferença seria repassada à tarifa de energia.

Além disso, a empresa afirma que Fortaleza possui pouco espaço para se construir dutos subterrâneos, tendo em vista o planejamento urbano da cidade.

"Na Capital, existem dutos antigos de água e gás em alguns locais, e os transtornos gerados à população para se construir novas estruturas em função da complexidade das obras civis necessárias seriam bem significativos", esclarece a nota. No Ceará, a Coelce tem 135 mil Km de rede aérea e 164 Km de fiação subterrânea.

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