Estudo vai analisar segurança alimentar de espécies marinhas
O Plano de Monitoramento do Pescado Capturado no Litoral observará, durante seis meses, peixes, sururus e camarões em nove localidades do litoral cearense que foram afetadas pelo petróleo cru de origem desconhecida
O derramamento de óleo no litoral nordestino trouxe consigo danos ainda incalculáveis. Vidas marinhas, pescadores e banhistas foram prejudicados com o petróleo cru que atingiu o mar. Enquanto as respostas não chegam, a qualidade do alimento é questionada. Um novo estudo de segurança alimentar promete avaliar se as espécies estão contaminadas com a substância. O Plano de Monitoramento do Pescado Capturado no Litoral (PMP-CE), apresentado ontem na Secretaria do Meio Ambiente (Sema), vai observar, durante seis meses, peixes, sururus e camarões, mas a execução ainda carece de confirmação orçamentária.
Conforme o plano, nove localidades da Capital, Região Metropolitana (RMF) e do interior receberão equipes para avaliar os animais: Acaraú, Aracati, Barroquinha, Caucaia, Cascavel, Fortim, Icapuí, Paracuru e Sabiaguaba, que tiveram extensa contaminação pelo óleo. Nestes locais, agentes do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e do Instituto Terramar farão coletas de peixes como sardinha, serra, ariacó, além de sururus e camarões por serem produtos “abundantes e bastante consumidos” no setor de pesca, justifica o projeto.
Análise
“A gente vai avaliar a porção comestível desses recursos pesqueiros, no caso, o músculo, e analisar buscando a possível contaminação por petróleo, a existência de metais pesados e também de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos”, explica a engenheira de pesca e professora do Labomar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Vieira.
Em seis meses, o Núcleo de Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará (Nutec), em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a UFC, pretende fazer 1.620 ensaios laboratoriais com as amostras que serão coletadas. Além destas instituições, fazem parte ainda do plano a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), a Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa) e a Vigilância Sanitária.
Para garantir o custeio do projeto, será necessário um orçamento de R$ 1.187.576,61. O repasse da verba, porém, está em negociação e a “resposta concreta” sobre a viabilidade do recurso será definida amanhã (28), segundo anuncia o titular executivo da Pesca da Secretaria do Desenvolvimento Agropecuário (SDA), Antônio Nei de Sousa.
“Esse orçamento vai ser discutido junto com o Governo para viabilizarmos a ação nesse momento e também a continuidade nos próximos seis meses. Hoje já foi conversado com o secretário Francisco de Assis (SDA) e estamos conversando no decorrer dessa semana com membros do Governo. Estamos cientes dessa responsabilidade e acreditamos ser possível conseguir o recurso”, pondera.
Segundo o presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Ceará, Raimundo Félix da Rocha, o plano é uma demanda emergencial, tendo em vista os prejuízos acumulados por quem vive da atividade. “A comunidade foi prejudicada com o preço do pescado que despencou e o consumo caiu porque ninguém se sentia seguro em comer um produto que tinha suspeita de contaminação. Se está ou não, é uma questão que a ciência vai resolver pra gente”.