Enfermeira vacina filha com 1ª dose da CoronaVac para público infantil no Ceará: "esperança"

Criança de 6 anos foi a primeira a receber a CoronaVac no Ceará após Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) autorizar a vacinação infantil com o imunizante

Escrito por Bia Rabelo , beatriz.rabelo@svm.com.br
Legenda: A pequena Clara segurou uma plaquinha agradecendo aos profissionais de saúde que atuam durante a pandemia.
Foto: Arquivo pessoal.

Sentada no colo da avó e segurando um cartaz em agradecimento aos profissionais de saúde, a pequena Clara Lis, de 6 anos, recebeu a vacina contra Covid-19 das mãos de sua mãe. Foi nesta quinta-feira (27), no Eusébio, que a enfermeira Clarissa Fontenele, 34 anos, aplicou a CoronaVac na primeira criança do Estado a receber o imunizante. 

A vacinação ocorreu após a  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) autorizarem a imunização infantil com a vacina produzida pelo Instituto Butantan. Até ontem (26), somente as doses pediátricas da Pfizer estavam sendo aplicadas. 

Para a enfermeira Clarissa, 34 anos, o momento foi carregado de emoção tanto pela vacina da própria filha, quanto pela lembrança das dificuldades que passou ao longo da pandemia.

Isso porque, durante a primeira onda da doença, em maio de 2020, ficou vinte dias longe de Clara depois de apresentar resultado positivo para o novo coronavírus. 

“Vacinar as crianças hoje foi uma das melhores sensações que já vivi. Queria que todo mundo se sensibilizasse, que mais pais aderissem e que mais crianças fossem vacinadas. Que todo mundo pudesse compreender o que é a vacinação. A gente não está aqui por uma opinião tirada da nossa cabeça. É ciência”. 
Clarissa Fontenele
Enfermeira

ANSIEDADE PARA VACINA

Desde o início da vacinação, Clara esperava ansiosamente pela sua vez de receber o imunizante. Depois de ver os pais, os tios e os avós tomarem as duas doses da vacina, sabia que logo chegaria seu momento. 

“Sempre me perguntava quando ia ser a vez dela e mesmo tendo um pouquinho de medo da agulha, ela enfrentou. Sabia que ia ser importante para ela”. Quando o dia finalmente chegou, a alergia dominou a casa e a mãe de Lis produziu uma plaquinha em agradecimento e homenagem aos profissionais de saúde.

Clara relata que se sentiu muito corajosa ao tomar a vacina, porque conseguiu receber a dose apesar do medo que sentia. “É o melhor para mim, para me livrar do coronavírus”

“Estou me sentindo muito bem protegida e estou muito feliz que meus amigos estão vacinados também. Estão protegidos graças a mamãe”. 
Clara Lis
6 anos

Legenda: Com as três gerações de mulheres da família vacinadas, Clarissa não conteve a emoção no momento.
Foto: Arquivo pessoal

DOSE DE ESPERANÇA

A comemoração da primeira dose de Clara foi partilhada também pelos parentes. “Todo mundo da minha família se emocionou bastante. Foi um dia de festa, todo mundo feliz e esperançoso. Agora, só falta mais uma criança da família, que é a Ana Júlia, de 3 anos”. 

Para ela, foi um dia de agradecer pela profissão que escolheu, por ter vacinado 59 crianças contra a Covid-19 e por saber que “a ciência e o SUS, o nosso Sistema Único de Saúde, podem estar oferecendo essa tecnologia para as crianças”.

“Eu me emocionei muito. Tanto na vacina dela, quanto do amiguinho. Foi uma dose de muita esperança, porque eles tiveram que passar um tempo sem poder brincar juntos e, estar vacinando os dois, traz aquela esperança de poder viver como vivia antes, em sociedade, sem tantas restrições”.
Clarissa Fontenele
Mãe de Clara

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DISTÂNCIA NA PANDEMIA

A emoção de poder vacinar a própria filha foi ainda mais marcada pela lembrança de tudo que abdicou ao longo da pandemia: o colo da mãe, o abraço dos pais, as visitas aos familiares e até mesmo a felicidade de ver a primogênita se aventurar ao lado dos amigos

Como Clarissa esteve na linha de frente no combate à pandemia de Covid-19, costumava ter um contato direto com os pacientes suspeitos da doença

“Eu fiquei bastante tempo sem ver meus pais. Por eu estar me expondo muito, a gente perdeu muito o contato pessoalmente, ficamos por telefone. Era realmente para não arriscar a vida deles, principalmente do meu pai, que era fumante”, detalha a profissional de saúde. 

Quando recebeu o resultado positivo para o novo coronavírus, precisou passar 20 dias separadas da filha, que foi recebida na casa dos avós. “Ela entendia porque não podia me ver, mas foi difícil”.

Apesar da filha só ter cinco anos no início da primeira onda, Clarissa explicou para a pequena Clara sobre a pandemia. “Eu tentava explicar de forma lúdica e ela entendia que não podia brincar com os amigos. Ela aceita sair de máscara, é bem consciente em relação a isso”. 

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