Primeiro dia de volta às aulas em Fortaleza tem "abraços" a distância e menos crianças nas salas
Instituições privadas de ensino infantil adotaram retorno escalonado e protocolos de higiene e distanciamento social entre os pequenos, para evitar possibilidade de contágio
Após quase um semestre de aulas virtuais, parte dos estudantes da educação infantil da rede privada de Fortaleza e da Região Metropolitana retornou às atividades presenciais, nesta terça-feira (1°). Entre protocolos sanitários rígidos, com higienização de mochilas, lancheiras e uso ininterrupto de máscaras, os pequenos precisaram colocar em prática novas formas de cumprimentar professores e colegas, além de lidar com mudanças na rotina escolar.
Logo na entrada, Mariana, 4, trocou o abraço apertado na "tia" pelo toque entre os pés. A ansiedade pela volta e o estranhamento pelas mudanças e distâncias eram visíveis nos olhos da pequena, que sorriam miúdos, acima da máscara de proteção. Segundo a mãe, mesmo com uma boa adaptação ao ensino remoto, Mariana começou a demonstrar saudades do ambiente escolar.
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“Há um mês, a gente percebeu que ficou muito cansativo pra ela, que estava esgotada e com saudade dos amiguinhos. Isso foi decisivo para que a gente resolvesse voltar hoje”, conta a fisioterapeuta Priscila Pontes, mãe da menina.
Adaptar-se ao retorno, aliás, foi um processo compartilhado entre a filha e os pais. “Ainda dá um frio na barriga, mas ponderamos muito a questão emocional. Ela estava reclusa em casa. Como não temos ninguém com comorbidade, decidimos tentar. A gente conversou com ela, disse que não poderia ter abraço nem beijinho”, conclui Priscila.
Na unidade infantil da escola Farias Brito, no bairro Sapiranga, 48 crianças de turmas dos infantis IV e V foram autorizadas a retornar, mas poucas compareceram à sede. A expectativa é de que o movimento retorne progressivamente, de acordo com Fernanda Denardin, diretora técnica da instituição. "Alguns pais vão esperar a primeira semana correr, para saber como vai funcionar”, avalia.
Adaptação
Para garantir uma nova rotina segura, a escola definiu uma série de protocolos de higiene e pedagógicos, desenhados por uma equipe técnica. Os cuidados começam na entrada. “Implantamos quatro áreas de desinfecção. Todas as pessoas que entrarem na escola passam por medição de temperatura, tapete sanitizante, depois pela higienização das mochilas, e por último aplicação de álcool em gel”, explica Fernanda.
Nas salas de aulas, abertas, com ventilação e iluminação naturais, as pequenas carteiras são demarcadas: onde antes havia quatro "coleguinhas", agora só cabem dois. A interação entre eles é feita apenas por meio da fala, sem contato físico - processo difícil de manter, monitorado pelos olhos atentos das professoras.
As séries iniciais do Colégio 7 de Setembro, no bairro Aldeota, também voltaram às atividades presenciais e adotaram a higienização frequentes dos materiais. A instituição adotou novos cuidados principalmente em relação às refeições: apesar da volta, as cantinas da escola permanecem fechadas.
O lanche na educação infantil acontece na sala de aula, com cada aluno trazendo refeição preparada em casa. Garrafas de água individual também são recomendadas, já que os bebedouros, de uso coletivo, foram desativados. A hora do "recreio" também sofreu modificação para ficar mais segura: o momento compartilhado por todas as turmas juntas não deverá ocorrer enquanto durar a pandemia. Por enquanto, os parques só estão liberados para uma sala por vez.
Escolas públicas
Quanto à rede pública, ainda não há data de retorno às aulas presenciais definida no Ceará. Até o momento, apenas cinco estados têm previsão para retomada: Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O Amazonas foi o único estado a ter voltado com as aulas nas escolas, em 10 de agosto.