Escolas privadas retornam com estratégias para reduzir o fluxo
Novos horários de entrada e saída, turmas divididas e transmissões de aulas pela internet são algumas das medidas adotadas por escolas da Capital, após a liberação da reabertura de instituições de Ensino Infantil
Creches e escolas da Educação Infantil particular estão autorizadas a receberem alunos presencialmente a partir de hoje. Junto à determinação do governador do Ceará, Camilo Santana, vem a obrigatoriedade das instituições de ensino ofertarem o ensino híbrido. As aulas online devem permanecer. A aposta neste duplo modelo de ensino visa dar oportunidade às famílias que decidirem manter crianças em casa.
Sem um modelo pré-determinado, cada instituição deve adotar um modo de fazer próprio, indo da transmissão ao vivo das aulas que acontecem dentro do estabelecimento, até aulas previamente gravadas pensadas especificamente para o ensino à distância. Professora universitária e doutora em educação, Ticiana Santiago, destaca que o modelo de ensino híbrido deve ser o que pedagogicamente funcione e se encaixe melhor na realidade dos estudantes. Segundo Ticiana, há uma linha tênue entre proteção e cuidado que pode gerar angústia nos pequenos.
Papéis da escola
"A escola tem muitos papéis e tem função social imprescindível. O que há de mais importante na educação infantil é o vínculo. Cada família tem uma dinâmica diferente, necessidades diferentes. Em termo de proteção ao não contágio é seguir o que está na diretriz do governo. As crianças percebem que é uma situação que foge do normal e absorvem isso sensivelmente. É um momento de tentativa e erro. O que funciona para escola e o que funciona para família", ponderou a especialista.
O Colégio Ari de Sá retorna presencialmente no dia 8 de setembro, com os alunos dos infantis IV e V, de forma escalonada. As demais séries da Educação Infantil terão data de retorno divulgada posteriormente. A organização disse que "diversos" colaboradores estão com contratos suspensos, o que requer "prazo para que possam retornar às suas atividades"; além disso, eles ainda devem passar por testagem para Covid-19
Fernanda Denardin, diretora técnica da Organização Educacional Farias Brito, afirma que as atividades retornam hoje, com todas as séries da educação infantil. O planejamento estipulou diferentes horários de entrada e saída para evitar aglomerações. Conforme Fernanda, o projeto se baseou em pesquisa realizada com as famílias, que detectou que o interesse no retorno presencial está abaixo de 60% .
"O modelo híbrido por nós adotado vai ser uma semana os alunos assistindo aula presencialmente na escola, e na outra, realizando atividades remotas pelo computador. Como vamos trabalhar com semana um e dois conseguimos atender à demanda atual da escola", garante Denardin.
Já o diretor do Colégio 7 de Setembro, Henrique Soárez, destaca que a rede pensou em um modelo de ensino híbrido diferente: "Nós participamos da elaboração do protocolo de segurança. Em cada turma do Ensino Infantil temos duas professoras. O ensino remoto vai acontecer com uma das professores que, por alguma particularidade ou por ter alguma comorbidade, não irá retornar agora ao ensino presencial. Entendemos que o direito de escolha é muito importante e faz com que parte das crianças fique em casa", disse.
Desde o anúncio da permissão para o retorno do cronograma de ensino presencial, na última sexta-feira (28), o Sistema Verdes Mares tenta ouvir o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE). A reportagem entrou em contato com a diretoria do Sindicato em diversos horário, inclusivo nos indicados pela sua assessoria de comunicação. No entanto, em nenhuma ocasião foi concedida entrevista. A cada remarcação de entrevista, no sábado (29) e ontem (31), o órgão alegava o surgimento de reuniões que “não estavam na agenda”.
O secretário da saúde do Estado do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto, afirmou durante entrevista ao Sistema Verdes Mares que a discussão do retorno às aulas continua.
De acordo com o titular da Pasta, a cada semana serão analisados fatores e a medida que as escolas particulares tiverem estruturadas, será ampliado a volta presencial às outras séries. “Existe muita dúvida sobre o processo das escolas. Costumo dizer que estamos em uma zona cinzenta. O que foi decidido é um consenso para aquele momento”, ponderou Cabeto.