Após Edifício Andrea, ocorrências por risco de desabamento cresceram mais de 11 vezes em Fortaleza

Desde outubro de 2019, quando prédio colapsou, quase 3 mil notificações foram registradas pela Defesa Civil e 19 imóveis foram interditados por riscos estruturais

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Legenda: Interdições e inspeções cresceram após desabamento do Edifício Andrea
Foto: Nilton Alves

Em outubro, novembro e dezembro de 2019, a Defesa Civil de Fortaleza registrou 1.585 chamados por risco de desabamento. Em igual período de 2018, foram 139 notificações, número 11,5 vezes menor: era a repercussão, em números, do desmoronamento do Edifício Andrea, no dia 15 de outubro do ano passado.

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A quantidade de chamados que chegaram ao órgão municipal após a tragédia com o prédio de sete andares saltou de 681, em 2018, para 2.853, no ano do desabamento. Para se ter dimensão do movimento que o episódio causou na cidade, só o mês de outubro, quando ocorreu o colapso do Andrea, teve mais registros do que 2018 inteiro: foram 716 ligações à Defesa Civil pedindo por inspeção da estrutura de imóveis.

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O número de visitas realizadas pelo órgão também cresceu expressivamente. Em menos de um mês, entre 16 de outubro e 13 de novembro de 2019, agentes da Defesa Civil de Fortaleza já haviam realizado 500 inspeções. Em nota, o órgão informou que esse quantitativo atual “varia muito, pois algumas ocorrências, de acordo com a tipologia, demandam mais tempo de avaliação in loco da equipe; e um outro fator é a distância, que pode demandar mais tempo para o deslocamento da equipe que está em campo.”

O dever da Defesa é efetuar uma vistoria técnica e elaborar relatório para identificar os danos estruturais visíveis a olho nu. Entre outubro do ano passado e setembro deste ano, 19 imóveis foram interditados por risco de colapso: uma média superior a um por mês.

O primeiro deles foi o Edifício Modigliane, no Bairro de Fátima, interditado na noite do dia 30 de outubro, após chamado dos próprios moradores para denunciar a precariedade da edificação e a escuta de um estalo no segundo andar. Em 6 de novembro, foi a vez do Edifício Ana Cristina Holanda, no bairro Montese, cujos 12 apartamentos foram esvaziados. Doze dias depois, o Edifício Salinas, no Cocó, foi evacuado depois de parte da fachada desabar. São apenas três exemplos da prevenção de possíveis novas tragédias, evitadas pelo Andrea.

Prevenção

Atualmente, as atividades da força-tarefa de inspeções prediais, segundo a Defesa Civil, estão suspensas na Capital desde o início da pandemia. Os chamados, porém, podem ser feitos via Ciops (190). “As equipes trabalham em regime de plantão, 24h, para atender as ocorrências demandadas pela população”, complementa a Defesa Civil.

Em entrevista ao Diário do Nordeste em abril deste ano, o engenheiro José Soares Filho, especialista em engenharia diagnóstica, ressaltou que não efetuar os reparos estruturais imediatos pode significar um risco direto para a vida dos moradores, já que a falha pode se agravar e provocar queda de materiais ou até mesmo o desabamento. 

“Isso vai aumentar os custos, os riscos e colocar a vida dos usuários em perigo. Daí a necessidade de chamar alguém que possa resolver, mesmo em período de pandemia”, ressalta. Aos moradores que perceberem que a estrutura do edifício está em situação crítica, Soares orienta que enviem um comunicado para seus vizinhos indicando as áreas que estão com risco e isolem esses espaços.

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