Com o início da vacinação contra a Covid-19 no Ceará, na noite desta segunda-feira (18), a imagem dos aplicadores manejando a seringa sem luvas levantou uma discussão sobre a necessidade de se usar ou não o acessório ao imunizar os pacientes. O fato é que a utilização do paramento não é obrigatória.
Uma nota técnica do Ministério da Defesa esclarece que não é necessário o uso de luvas por parte do vacinador. O documento foi publicado ainda em março de 2020, na expectativa para a chegada da vacina. O documento (nota técnica Nº 004) trata justamente de recomendações relacionadas às medidas de prevenção e controle do novo coronavírus durante a campanha de vacinação.
Esta recomendação, por sua vez, tem como base o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação 2014, do Ministério da Saúde (MS). O texto aponta que a aplicação “não requer paramentação especial para a sua execução”.
Luva é obrigatória para aplicador com lesões
Segundo o documento da pasta de saúde, a exceção só deve ocorrer caso o vacinador tenha lesões abertas com “soluções de continuidade nas mãos”, ou seja, se de algum modo a higiene for interferida.
“Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico quanto do usuário”, acrescenta o documento.
Plano de operacionalização no Ceará
No Ceará, o Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), preparou, em dezembro do ano passado, um plano de operacionalização para a vacinação contra Covid-19 com orientações para o serviço de saúde e cita a não obrigatoriedade do uso de luvas por parte do vacinador. O documento também cita que os ambientes de aplicação da vacina devem ser arejados.
Segundo a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE), Ana Paula Brandão, as medidas de biossegurança para a aplicação da vacina contra a Covid-19 exigem que o aplicador esteja com as mãos bem higienizadas. “O uso das luvas não é obrigatório desde que haja um cuidado de limpeza das mãos entre as aplicações”, aponta.
A não obrigatoriedade, conforme a presidente, também é pensada de maneira a não ser um empecilho para a vacinação, “uma vez que os insumos, hoje, estão muito caros”. “Se esse uso fosse obrigatório, [as luvas] teriam que ser trocadas a cada aplicação. Só aqui no Ceará, esse custo sairia por cerca de dois milhões e meio. Isso seria inviável”, afirma.
No entanto, Ana ressalta que, caso haja disponibilidade das luvas no ambiente de trabalho, é importante fazer o uso. “As luvas funcionam como proteção individual. É para que o aplicador não entre em contato com a pele de quem está recebendo. Mas, a lavagem das mãos de maneira adequada, entre um paciente e outro, durante essa época de crise sanitária, pode ser uma técnica que garante a proteção mesmo sem as luvas. Não há risco de contaminação de fluidos, pois a aplicação é intramuscular”, conclui.