Pico da segunda onda de Covid em Fortaleza ocorreu em 1º de março; contaminação apresenta queda

Pesquisa aponta que a Taxa de Reprodução da doença deve cair nos próximos dias e seguir nesta tendência de queda pelos próximos meses

Estudo conduzido por professores universitários do Ceará aponta que o auge da segunda onda da Covid-19 em Fortaleza já passou. O pico de casos ocorreu em 1º de março (2.165 casos) e o de mortes no dia 19 do mesmo mês (63 óbitos)

Boletim epidemiológico do Instituto Integra Dados (IID) utiliza dados oficiais da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), além de algoritmo criado pelos pesquisadores para analisar informações. Resultados foram divulgados nesta quarta-feira (7). 

No começo de março, o instituto havia divulgado previsão de que o pico da segunda onda de Covid  ocorreria entre 12 e 22 de março.

Conforme Nonato de Castro, estatístico,  professor do Curso de Computação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), após o pico, já é possível observar uma tendência de alta nas recuperações e de diminuição da positividade de testes. 

O resultados da pesquisa foram consolidados juntamente com o professor da Unichristus e economista Daniel Bentes, sócio-fundador do IID.

O docente e pesquisador aponta efeitos positivos gerados pelo lockdown na Capital, em vigor desde o dia 5 de março.

O horizonte é bom. Isso mostra que os casos estão em estabilidade e tendência de queda, o que indica os efeitos do isolamento. Se mantendo esse dado, a taxa de reprodução deve cair nos próximos dias e aí pode-se começar a sair do lockdown com mais segurança 
Nonato de Castro
estatístico e professor da Uece

Segurança 

Apesar de os picos de maior letalidade e positividade de exames para a Covid-19 em Fortaleza ter ocorrido em março, ainda não é o momento de afrouxar as regras de isolamento social. O sistema de saúde ainda  sofre com alta pressão, conforme Nonato de Castro.

"A contaminação ainda é muito alta e na segunda onda temos um cenário pior do que a primeira, onde não só Fortaleza, mas sim todas as cidades ao redor tem alto índice de contaminação", pontua. 

A pesquisa ressalta a gravidade com o segundo ciclo epidêmico atingiu a Capital. O pior momento do ano passado teve pico de 1.687 casos, em 1º de maio.

28% de alta
Pico de casos na segunda onda foi mais grave em Fortaleza

Apesar de a estabilização dos dados de contaminação ser um fator positivo, Nonato de Castro diz que os indicadores assistenciais de hospitais precisam ser considerados para a flexibilização do lockdown.

Taxa de reprodução em queda

O boletim calcula ainda a Taxa de Reprodução, chamada “Rt”, da Covid-19. Os próximos dias devem ser de queda desse indicador, "sendo possível a saída com segurança do isolamento social rígido. A projeção é de queda para o próximos meses, com probabilidade de previsão de 98%.

Nessa terça-feira (6), o "Rt" está em 1,05. Quando é maior que 1, cada paciente transmite a doença a, pelo menos, mais uma pessoa. Quando é menor que 1, menos indivíduos se infectam.

"Se o 'R' está menor que 1, existem algumas barreiras que impedem a contaminação. Isso quer dizer que o isolamento social está dando certo e que as pessoas usam máscara e álcool em gel", indica o professor Nonato Castro.

O estatístico pondera ainda que a vacinação contra a doença contribuirá para ainda mais uma barreira na contaminação. 

Taxa de recuperação

Outro dado evidenciado pelo IID é a taxa de recuperação de pacientes com o novo coronavírus. Atualmente na Capital este nível está em 53%. "Como os dados indicam que o pico da segunda onda passou, a
tendência é que a mesma continue na trajetória de subida", diz o documento.

Na primeira onda, após índice de recuperação de 31,38%, ocorreu uma subida desse número, chegando a uma taxa de 61% em outubro de 2020.