Escolas podem retomar aulas presenciais a partir de 1º de outubro

Instituições públicas e privadas da macrorregião de Saúde de Fortaleza estão liberadas para expandir os retornos, contudo com 35% da capacidade total. A educação infantil passa de 35% para 50% o número de alunos em sala

Primeiro de outubro é a data para a qual o estudante do 3º ano do ensino médio Izak Gomes agora olha com mais ansiedade. Quando este dia chegar, serão quase sete meses que ele e outras centenas de milhares de estudantes cearenses foram obrigados a deixar a mochila no canto da sala de sua própria casa. "Tô muito ansioso pra voltar às aulas, estudar, jogar bola, encontrar os amigos. E, sim, eu pretendo voltar a ir às aulas. E principalmente nessa reta final que é decisiva, né? O Enem já está chegando e eu acho essencial ter essa volta", diz o aluno, já preparado para voltar à rotina de antes.

A data de retorno das aulas presenciais foi anunciada pelo governador Camilo Santana no início da tarde desse sábado (19). Podem voltar às instituições de ensino, com até 35% da capacidade, estudantes do 1º, 2º e 9º ano do ensino fundamental, 3º ano do ensino médio, matriculados em cursos profissionalizantes e na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Além disso, o ensino infantil teve ampliação do limite de 35% para 50%. O Governo afirmou que as novas regras se estendem a escolas públicas e privadas da macrorregião de Saúde de Fortaleza, que compreende 44 municípios.

Contudo, a decisão pelo retorno em cada cidade dependerá da avaliação e do decreto próprio de cada um dos prefeitos, bem como a análise dos proprietários de estabelecimentos particulares. "Os profissionais deverão ser testados, professores, auxiliares, alunos e só poderá iniciar as atividades (os municípios) com esses protocolos e testagem cumpridos", detalhou o governador, ao ressaltar que o cenário epidemiológico da doença será monitorado por 14 dias.

Diagnóstico

Em nota, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) informou que está sendo realizado diagnóstico das escolas da rede pública estadual de ensino que poderão retomar as atividades presenciais. Conforme a Pasta, será considerado "o contexto de cada unidade de ensino, a fim de promover o ensino público de qualidade e de forma equitativa".

A Seduc afirmou ainda que as escolas que estiverem aptas ao retorno presencial terão até o dia 30 de setembro para planejar o processo de retomada, com adequação do ensino remoto e presencial conforme cada realidade. "O planejamento para a reabertura das unidades de ensino seguirá as diretrizes pedagógicas da Secretaria da Educação do Estado do Ceará e as orientações e protocolos de segurança sanitária do Governo do Ceará", completou.

De acordo com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE), "as escolas já adotaram algumas medidas para a retomada, como totens de álcool em gel, tapetes sanitizantes, aquisições de EPI's, entre outros protocolos". O Sinepe ainda acrescentou que foram realizados 5.913 testes nos profissionais da educação do ensino privado como professores, diretores, técnicos administrativos, recepcionistas, porteiros e zeladores, na primeira fase da retomada. Do grupo, 13 testaram positivo e foram afastados de suas atividades.

Escolhas

Além disso, instituições de ensino estão incorporando a promoção da saúde por meio dos professores, como indica a diretora técnica de uma rede de escolas particulares, Fernanda Denardin.

"As famílias vão poder escolher entre o ensino exclusivamente remoto e o ensino híbrido no qual os alunos estarão na escola durante uma semana e na outra semana continuarão no modelo remoto", explica.

A colaboração de toda a comunidade escolar, como observa Fernanda Denardin, dá maior segurança ao retorno com a ampliação das turmas e quantidade de alunos por sala. "Nós já começamos as atividades com a educação infantil e tem sido uma experiência gratificante, os alunos têm usado máscaras, têm mantido o distanciamento, as famílias estão comprometidas a não enviarem os filhos em caso de ter algum sintomas ou ter contato de alguém com sintomas", diz a educadora.

Fortaleza

Em Fortaleza, ainda não se sabe como será o retorno na rede pública e se ele acontecerá em outubro. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação (SME) afirmou apenas que "realizará reunião, nos próximos dias, para avaliação das medidas e definição sobre o retorno das aulas presenciais". Por outro lado, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute) é contra o retorno ainda neste ano.

"A gente avalia que a única forma preventiva que nós temos hoje é o distanciamento e a escola é um espaço de aglomeração. Mesmo que seja feito por fases, haverá pessoas em espaços, muitas vezes, pequenos", afirmou a presidente da entidade, Ana Cristina Guilherme. Segundo ela, o sindicato mantém diálogo com a Prefeitura de Fortaleza para definir a retomada.

Entre os pais de alunos, há quem prefira não retomar a atividade - pelo menos por enquanto. É o caso do advogado Victor Brasil. "Nós vamos manter inicialmente no ensino remoto até porque ela (a filha) tem convivência com os avós diariamente. E por eles serem grupo de risco, eu não quero expô-los à possibilidade de contágio. Nossa ideia é esperar esse primeiro mês e ver como é que vai se comportar", diz.