4 vias que tiveram readequação de velocidade em Fortaleza diminuíram em 67% o número de mortos

Média de acidentes com feridos graves também caiu 20,9% nessas vias entre 2016 e 2020, segundo estudo da AMC

Em quatro vias de Fortaleza que tiveram os limites de velocidade reajustados pela Prefeitura, a média de acidentes com mortos caiu 67% e, com feridos, 20,9%. Isso foi o que constatou um estudo de avaliação de desempenho das medidas feito pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) considerando o período entre 2016 e 2020.

O levantamento tem como base acidentes registrados nas avenidas Presidente Castelo Branco (Leste Oeste), Osório de Paiva, Francisco Sá e Augusto dos Anjos. Todas elas saíram da velocidade máxima permitida de 60 quilômetros (km) por hora para 50 km/h.

No intervalo analisado, a autarquia concluiu que as quatro avenidas tiveram redução em mais da metade no número de mortos no trânsito e, na avenida Augusto dos Anjos, nem sequer houve registro de acidente com morte após a readequação do limite de velocidade.

“Nessa política de readequação, o principal foco é salvar vidas. E a gente vem conseguindo, os dados vêm mostrando que tem sido benéfico para a Cidade”, celebra Diego Chaves, gerente de estudos e projetos da AMC. Ele diz compreender as críticas de parte dos condutores que acreditam que a readequação lentifica o trânsito, mas argumenta, com base em estudos técnicos, que as reduções não interferem significativamente no tempo de viagem.

Coordenador da Iniciativa Bloomberg para a Segurança Viária no Nordeste, Dante Rosado afirma que a velocidade está diretamente associada a mortes e lesões graves no trânsito e que, por isso, a readequação dos limites deve ser prioridade para a segurança viária do município. 

A velocidade é reconhecida como o principal fator de risco, independentemente da causa do acidente. É ela que vai definir a gravidade da lesão e se aquela lesão vai provocar uma morte”.
Dante Rosado
Coordenador da Iniciativa Bloomberg para a Segurança Viária no Nordeste

Dante cita o exemplo de alguém dirigindo bêbado. Mesmo a direção sob efeito de álcool sendo, também, um fator de risco importante, o que vai determinar a gravidade da colisão ou do atropelamento é a velocidade adotada pelo condutor.

Acidentes

Os números gerais de acidentes nas quatro avenidas analisadas também diminuíram, mas não de forma tão significativa quanto de mortos e feridos graves. A avenida Osório de Paiva, por exemplo, registrou queda de somente 3,3% em 2020 em relação a 2016. Mas isso porque, segundo Diego, a readequação da velocidade na via foi concluída apenas neste ano. 

Em 2018, lembra o gerente, “a gente conseguiu fazer a readequação só em parte da via [Osório de Paiva], do Terminal do Siqueira até o Ginásio [Poliesportivo] da Parangaba”.  A complementação ocorreu somente no último mês, incluindo o trecho do Terminal do Siqueira ao Anel Viário. “Por isso a gente ainda não teve um resultado mais satisfatório”, alegou.

Para complementar as medidas de segurança viária na avenida e diminuir ainda mais a quantidade de acidentes com feridos graves, a AMC estuda implantar lá mais semáforos. 

Métodos de convencimento 

Além de fiscalizar, como garantir que as pessoas obedeçam às adequações de velocidade e vejam a medida como benéfica para o trânsito? Para Dante, é preciso associar essa decisão a intervenções de redesenho urbano como o estreitamento das faixas de circulação de veículos, a instalação de semáforos, ciclofaixas e faixas de pedestre e, eventualmente, faixas elevadas.

Além disso, mostrar resultados concretos da medida. “Nada como um exemplo prático. Quando a população vê que a alteração não causou grande impacto no tempo de viagem ou congestionamento, que não afetou sua mobilidade, mas trouxe outros benefícios, cada vez mais vai percebendo que a alteração não causa problema e é bem-vinda”, diz o especialista.

A expansão do programa para outras vias da cidade também colabora para a mudança cultural no trânsito. Após a última readequação na avenida Antônio Sales, a AMC está ranqueando outras vias com maior número de acidentes com fatalidades e lesionadas para definir onde agir até o fim do ano. “A gente está cruzando dados com o volume médio diário [de veículos] que passam por essas vias”, adianta Diego Chaves.

Campanha nacional

A campanha Maio Amarelo deste ano aborda o respeito e a responsabilidade de cada um no trânsito. Nesse sentido, Dante destaca que Fortaleza, Recife, Salvador e São Paulo têm investido em campanhas pela readequação dos limites de velocidade e pelo respeito à medida.

De acordo com o coordenador regional da Iniciativa Bloomberg, a capital cearense é vista, hoje, como “exemplo para outras cidades de que é possível iniciar um processo de transformação no trânsito”.

Velocidade regulamentada em Fortaleza

  1. Avenida Abolição - 50 km/h
  2. Avenida Augusto dos Anjos - 50 km/h
  3. Avenida Beira Mar - 40 km/h
  4. Avenida Bernardo Manuel - 50 km/h
  5. Avenida Coronel Carvalho - 50 km/h
  6. Avenida Dom Luís - 50 km/h
  7. Avenida Duque de Caxias - 50 km/h
  8. Avenida Francisco Sá - 50 km/h
  9. Avenida Frei Cirilo - 50 km/h
  10. Avenida General Osório de Paiva - 50 km/h
  11. Avenida Gomes de Matos - 50 km/h
  12. Avenida Historiador Raimundo Girão - 50 km/h
  13. Avenida João de Araújo Lima - 50 km/h
  14. Avenida José Leon - 50 km/h
  15. Avenida Monsenhor Tabosa - 40 km/h
  16. Avenida Presidente Castelo Branco - 50 km/h
  17. Avenida Santos Dumont - 50 km/h
  18. Rua Alberto Magno - 50 km/h
  19. Rua Dr. Justa Araújo - 50 km/h
  20. Rua Governador João Carlos - 50 km/h
  21. Rua Marechal Bittencourt - 50 km/h
  22. Rua Vereador Pedro Paulo - 50 km/h
  23. Rua Paulo Firmeza - 40 km/h
  24. Rua Monsenhor Salazar - 40 km/h
  25. Avenida Antônio Sales - 50 km/h
  26. Rua Ana Bilhar - 40 km/h
  27. Rua Canuto de Aguiar - 40 km/h

Fonte: Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC).