6 das 18 cidades da Região Metropolitana têm incidências de casos de Covid maiores que Fortaleza
A taxa de incidência é importante para estimar o risco de ocorrência de casos da doença na população desses municípios
A cidade de Pindoretama, no Ceará, é a que registrou, nesta primeira quinzena de janeiro de 2022, a maior incidência de Covid-19 dentre os 18 municípios que compõem a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), chegando a taxa de 1.512 casos a cada 100 mil habitantes.
O índice é quase cinco vezes superior ao observado na Capital cearense, que registrou taxa de incidência de 342 no mesmo período (1º de janeiro a 15 de janeiro deste ano).
Assim como Pindoretama, outros cincos municípios superam a taxa de Fortaleza: Eusébio (1.355), Maranguape (635), Pacatuba (462), Aquiraz (502) e Chorozinho (370). Os dados são do Integrasus, plataforma oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado, levantados pela reportagem do Diário do Nordeste.
A taxa de incidência é importante para estimar o risco de ocorrência de casos de Covid-19 na população desses municípios. O cálculo leva em conta o número de casos confirmados, dividido pelo número de habitantes e multiplicado por 100 mil.
Na quinzena anterior, isto é, entre 15 a 31 de dezembro, eram cinco cidades cuja taxa de incidência por 100 mil habitantes superava o índice de Fortaleza, que à época era de 83: Eusébio (216,3), Pindoretama (131,3), Paracuru (122,6), Cascavel (90,6) e Pacatuba (85,1).
Já entre os dias 1º de dezembro a 15 de dezembro do ano passado, isto é, há cerca de um mês, eram 9 cidades com taxa de incidência superior à Fortaleza, que naquele período tinha taxa de 16,6: Pindoretama (189,6), Paracuru (65,6), Cascavel (47,4), Eusébio (35,4), Horizonte (32,7), Aquiraz (28,6) e São Gonçalo do Amarante (24,8).
Na quinzena anterior (15 de novembro a 30 de novembro), cinco cidades superaram a taxa de Fortaleza (20,4), foram eles Cascavel (135,2), Pindoretama (111,8), Eusébio (52,2), Paracuru (34,2) e Guaiúba (23).
Este cenário retrata um padrão recente na disseminação do vírus SARS-Cov-2 na RMF, tendo os casos decentralizados da Capital cearense, diferente do que ocorrera nas primeiras ondas. O médico infectologista Maurpicio Lopes explica que, "diante do alto poder de transmissibilidade da Ômicron, a tendência é de que os casos não fiquem tão localizados em uma determinar cidade ou região".
O especialista adverte ainda ser preciso reforçar a fiscalização nessas regiões onde há maior taxa "para se fazer cumprir as medidas sanitárias" e destaca que a taxa de incidência é um indicativo a ser observado e monitorado para evitar uma saturação dos leitos.
Salto nos casos liga o alerta
A cidade de Pindoretama, com cerca de 20 mil habitantes, é a que mais repete no topo das quatro quinzenas analisadas, ficando na liderança em duas delas e, em outras duas, aparece em segundo lugar como a mais alta taxa da RMF.
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O secretário da Saúde do Município e vice-presidente do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Rilson Andrade, relaciona o crescimento dos registros de infecção ao aumento de testes aplicados na cidade.
Nos 15 dias iniciais de janeiro, foram aplicados 820 exames, com 316 positivados. Em igual período de dezembro passado, Pindoretama aplicou apenas 276 testes.
Pindoretama registrou nesse mesmo período referido um dos maiores percentuais, senão o maior, de pessoas testadas dessa região, e esse é um dos fatores principais que eleva o nosso índice de incidência, pois obviamente quanto mais se testa pacientes notificados mais se poderá descobrir a doença entre estes.
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Apesar de justificar o aumento, Rilson reconhece que o momento "traz muita preocupação" diante da "alta transmissibilidade dessa nova variante", a Ômicron.
No entanto, ele ressalta que a maior taxa de incidência não tem representado uma sobrecarga no sistema de saúde do Município. Dos 20 leitos clínicos disponíveis no Hospital da cidade, somente 3 estão ocupados com pacientes infectados pela Covid-19.
Com objetivo de reverter esse cenário de alta nas infecções, Rilson Andrade afirma que o Município "intensificou o monitoramento dos pacientes positivos e seus contactantes diretos, além disso, focamos os atendimentos das síndromes gripais em todos os PSF’s, e dobramos a quantidade de profissionais médicos no Hospital municipal no período diurno".
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Ele também destaca "a fiscalização com a equipe da vigilância sanitária nos eventos que até então estão liberados pelo Decreto estadual" e antecipou que um decreto municipal será divulgado nesta semana "com mais restrições, que fazem-se necessários no momento para conter o avanço da doença".
Questionado se esse aumento de casos estaria relacionado a uma menor adesão da população as determinações sanitárias, a Secretaria da Saúde do Município não se manifestou sobre a indagação.
Incidência no Ceará
Quando ampliado o recorte temporal de 15 para 20 dias de janeiro, Eusébio supera Pindoretama no posto de mais alta taxa de incidência não só da RMF, como de todo o Estado. Entre 1º de janeiro a 20 de janeiro, a taxa em Eusébio é de de 1.753,1 casos por 100 mil habitantes, à frente de Pindoretama, cuja taxa é de 1.536,4, em igual intervalo de tempo.
Confira as dez mais altas taxas do Estado e os respectivos casos confirmados:
- Eusébio: taxa de 1.753,1 e 940 infecções
- Pindoretama: taxa de 1.541,3 e 317 infecções
- Maranguape: taxa de 842 e 1.086 infecções
- Cruz: taxa de 729 e 181 infecções
- Alto Santo: taxa de 723,2 e 124 infecções
- Jaguaribe: taxa de 715,1 e 248 infecções
- Russas: taxa de 713,6 e 558 infecções
- Guaramiranga: taxa de 712,5 e 37 infecções
- Tauá: taxa de 684,7 e 403 infecções
- Aquiraz: taxa de 657,8 e 528 infecções
Os dados dizem respeito ao período de 1º a 20 de janeiro. Os números foram extraídos do IntegraSus às 12h43 desta sexta-feira (21).
Na ponta oposta, está a cidade de Abaiara, com taxa de incidência de apenas 8,5 casos por 100 mil habitantes. Em números absolutos, a cidade do Cariri cearense registrou somente 1 caso neste início de ano.