15 leitos de UTI da Covid-19 devem ser monitorados por inteligência artificial no IJF até outubro

Equipamento de Visualização e Alerta (EVA), desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor), monitora sinais vitais do paciente, como frequências respiratória e cardíaca

Escrito por Redação ,
Legenda: A equipamento inteligente é acoplado ao monitor, capturando as informações na tela, interpretando os dados vitais e podendo enviar as informações para a equipe médica responsável
Foto: Arquivo pessoal

Seis pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor) desenvolveram, durante a pandemia do novo coronavírus, o Equipamento de Visualização e Alerta (EVA), tecnologia de inteligência artificial capaz de monitorar o quadro de saúde de pacientes através de visão computacional. Conforme a coordenadora do projeto e cientista da computação Dra.Andréia Formico, professora da pós-graduação em Informática Aplicada da Unifor, o projeto busca construir 25 EVAs, devendo ceder cerca de 15 para leitos de Covid-19 da UTI do Hospital Instituto Dr.José Frota (IJF), em Fortaleza, até outubro. 

Com o equipamento já montado, resta apenas testar o sistema de alarme com um paciente, seguindo todos os procedimentos éticos da operação. Na próxima semana, o acompanhamento da EVA ao paciente deve ser realizado pelos pesquisadores e a equipe do IJF. Segundo a Andréia, espera já ter a máquina em funcionamento até outubro. 

 

O restante dos EVAs seguirão disponíveis para os pesquisadores continuarem o aprimoramento da pesquisa ou no caso de outros hospitais terem interesse. Além de analisar os sinais vitais, como frequência respiratória, cardíaca, a saturação de oxigênio no sangue, a temperatura e a pressão arterial, a EVA também é capaz de enviar os dados recolhidos para um sistema central, de acesso à equipe médica. Com isso, pode alarmar em situações que qualquer sinal vital sair do esperado.

“Esse monitoramento é feito por visão computacional, que é uma subárea da inteligência artificial. Tem uma placa de circuito impresso na qual é acoplado uma câmera especializada com inteligência, controlada por um programa de computador. Essa câmera consegue monitorar o monitor”, explica a pesquisadora.

A equipamento inteligente é acoplado ao monitor, apresentando um "pescoço" regulável, capturando as informações na tela, interpretando os dados vitais e enviando para a equipe médica responsável, servindo tanto para casos da Covid-19, quanto em quadros mais graves.

Legenda: A coordenadora do projeto e cientista da computação Andréia Formico, professora da pós-graduação em Informática Aplicada da Unifor, organizou a logística de modo a desenvolver o equipamento no prazo mais curto possível
Foto: Arquivo pessoal

Impacto

Durante o auge da pandemia da Covid-19 no Ceará, entre os meses de março, abril e maio, o IJF chegou a ter cerca de 100 leitos de UTI, conforme a médica nefrologista do IJF e professora da Unifor, Dra. Polianna Lemos. Em sua perspectiva, um equipamento como a EVA pode contribuir bastante para auxiliar no tratamento da Covid-19 e reduzir a sobrecarga dos profissionais de saúde.

“O projeto é pioneiro no Estado. Da lente a placa, adquirido e desenvolvido por nós. Acredito que embora tenha chegado um pouco depois do pico da pandemia, a pandemia não passou e tem essa tecnologia que pode ser aplicado em outras situações semelhantes”, afirma.

O monitoramento poderá atender um grande número de pacientes graves ao mesmo tempo, atendendo a alta demanda de checagem e atenção. “A EVA dá assistência ao paciente, sem necessariamente ter a beira do leito o cardiologista, o nefrologista, por exemplo”, acrescenta a Dra.Poliana. 

Pesquisa

O equipamento foi desenvolvido com verba do patrocínio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Iniciado em março, ainda no começo da pandemia, o projeto também contou com a participação dos pesquisadores: Daniel Valente, Carlos Mendes, Herbert Rocha, Raphael Coelho e Geraldo Bezerra  Em colaboração com o IJF, a Dra. Poliana Albuquerque e o Dr. Geraldo Bezerra realizaram a ponte de diálogo entre o hospital e a universidade.

Durante a pesquisa, os desenvolvedores respeitaram o distanciamento social, mas permaneceram em contato remoto constante para elaborar o produto com qualidade e no menor prazo possível. Andréia conta que precisou dormir muitas noites passando das 3h da manhã, pela necessidade de organizar a logística e solucionar os problemas. 

“Agora, como as coisas estão mais tranquilas, estamos pesquisando para saber como podemos fazer um sistema mais robusto”, finaliza.

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