O Verdão do Cariri, que se acostumou a disputar grandes competições na última década, amargou quatro anos na segunda divisão do Cearense. Após retornar como campeão da Série B, se aproxima da final da Taça Fares Lopes e é o "adversário a ser batido" do Interior.
Depois de três temporadas consecutivas na segunda divisão estadual sem sequer bater na trave pelo acesso, o Icasa voltou à elite do futebol como campeão da Série B 2020 e se mostra um dos favoritos para conquistar uma das vagas nas competições nacionais. O Verdão do Cariri é semifinalista da Taça Fares Lopes e, já no primeiro jogo, venceu o Floresta por 3 a 0, fora de casa, se aproximando de uma final contra o Ferroviário. O torcedor alviverde tem motivos para estar otimista e vê no comando de Washington Luiz a esperança de uma grande temporada.
Torcedores apresentam times do Cariri
Ao contrário dos outros times que disputam a primeira fase do Campeonato Cearense, o Icasa vem de um trabalho de continuidade, desde a segundona, mantendo a base do elenco que foi campeão. A grande perda foi o volante Olávio, destaque da equipe com sete gols na Série B, que se transferiu para o Atlético Cearense.
Ficha técnica
Por outro lado, se reforçou com os laterais Calcinha e Mattheus Silva, o meia Esquerdinha, que tem sido o maestro do tome, e os atacantes Romário e Júnior Juazeiro, este último, um dos artilheiros da Fares Lopes. Outra contratação importante foi a do atacante uruguaio Lázaro Zoppi, que marcou oito gols em nove jogos pelo Campo Grande na segundona. O time conta também com o retorno de Assisinho, após dez anos longe do clube. “É um elenco um pouco mais reduzido (da Série B), só que mais qualificado. Era algo que estávamos buscando: ter, pelo menos, dois jogadores com qualidade para jogar por posição. Hoje, podemos dizer que sim (é melhor que o time de 2020)”, acredita Washington.
Entrosamento
A disputa da Fares Lopes, inclusive, é vista com bons olhos, pois, o time entra no Campeonato Cearense com ritmo de jogo, diferente da maioria das equipes. Contudo, o calendário apertado preocupa. “Isso pode, lá na frente, complicar, porque teremos um número de jogos maior que os adversários”, pondera o treinador. Em seis partidas disputadas até agora, o Verdão do Cariri venceu cinco e empatou uma, contra o Ferrovário, fora de casa, em 1 a 1. “Não é porque estamos tendo bons resultados que não enxergamos que precisamos de alguns ajustes. Se puder trazer um ou dois para o Cearense é importante, mas até então estou satisfeito com elenco”.
A estreia do Icasa estava agendada para a próxima quarta-feira (10) contra o Crato, mas, devido sua participação na fase final da Fares Lopes, a partida foi adiada e ainda não tem data definida. Já o segundo jogo, está marcado para o próximo sábado (13), contra o Pacajus, às 15h30, no Inaldão, em Barbalha. Para Washington, o objetivo é claro: recolocar o Icasa em competições nacionais. “Isso fundamental na minha renovação de contrato. A porta de entrada é a série D. Para isso, temos que respeitar os momentos da competição. O primeiro tem oito equipes extremamente equilibradas. Seis passam e duas são rebaixadas. Temos que qualificar entre os seis. Avançando, aí a série D é mais palpável e temos grandes possibilidades de ter um 2022 com calendário completo”, imagina o técnico.
Identidade
Mais experiente, Assisinho retorna ao clube que o fez explodir no futebol e abrir as portas para defender os dois grandes da capital: Fortaleza e Ceará. Em 2015, foi artilheiro da competição pelo time de Porangabuçu e um dos melhores jogadores daquele certame. Aos 33 anos, sonha em recolocar o Icasa, que classifica foi um “gigante que foi ressuscitado”, nas competições nacionais. Ele, por exemplo, defendeu o Verdão no Cariri na série B do Campeonato Brasileiro, em 2010, sendo destaque com seis gols. “Tenho uma identidade muito forte. Aqui foi onde tudo começou e não vou parar por aqui. Todo jogador, enquanto estiver vestindo a camisa, treinando, trabalhando, ainda tem sonhos a conquista e não sou diferente”, exalta.
Com carinho, o atacante lembra de uma partida válida pela 28ª rodada da Série B de 2010, contra a Portuguesa, onde marcou dois gols fundamentais para a permanência do Icasa no ano seguinte. O placar estava empatado em 1 a 1, quando aos 43 minutos dos segundo tempo desempatou a partida e, aos 46, selou a vitória por 3 a 1. Antes, já havia dado uma assistência para o primeiro gol de André Neles. “Ali, conseguimos dar uma arrancada e manter o Verdão”, lembra. Agora, quer repetir o sucesso: “O Icasa foi um dos melhores times que já joguei na carreira. Conseguimos fazer história. Este ano também é um grande time e estamos no caminho certo”, pontua.
Destaque
Porém, o grande nome do Icasa, hoje, é o atacante Nael. Aos 28 anos, ele vive seu melhor momento na carreira. Na Taça Fares Lopes, é o artilheiro com quatro gols, ao lado do seu companheiro Júnior Juazeiro. Rápido e de uma canhota potente, antes de chegar ao Icasa o jogador passou mais de um ano parado por conta de uma lesão na coxa direita. “Ele sempre foi jogador de grande potencial. O que atrapalhou foram os problemas extracampo. Hoje, está com a cabeça melhor, mas tem que estar moldando, pegando no pé, para que não se deixe empolgar com o momento, que é fantástico”, ressalta Washington.
Natural de Crato, município vizinho a Juazeiro do Norte, Nael começou no futebol como lateral esquerdo nas categorias de base do Azulão da Princesa, mas foi no Luminantes Esporte Clube (LEC), time amador de sua cidade, que começou a se destacar fazendo gols. “No Crato, eu chegava a viajar, mas não era utilizado em jogos, até porque o time era bom, estava na primeira divisão e eu não tive tanto espaço", lembra.
No LEC, jogando os torneios amadores, foi observado pelo técnico Pedro Manta, atual treinador do próprio Crato, que o levou para o Belo Jardim (PE). No futebol Pernambucano, teve sucesso e, quando retornou o Cariri, as oportunidades se abriram. Com o próprio Washington Luiz, recebeu a chance de jogar no grande rival do Icasa, o Guarani de Juazeiro. No Leão do Mercado, voltou a ser lateral-esquerdo. “Coloquei também de meia, volante. É um jogador que tem muitas qualidades. Hoje, até pelo bom momento, não quero mexer nele como atacante, mas se houver necessidade, a gente vai utilizar da melhor forma possível”, pondera o técnico. “De vez em quando precisa de um lateral, ele conversa e aí não tem jeito tenho que ir sempre”, brinca Nael.
O convite para o Icasa veio do dirigente Kléber Lavor, que confiou em Nael, mesmo voltando de lesão. Antes da pandemia, não chegou a treinar e, sequer firmar contrato, mas tratou-se junto ao setor de fisioterapia do clube. Recuperado, marcou cinco gols na Série B e a boa fase se mantém da Fares Lopes. “Tenho nem palavras. Estou fazendo gols em partidas importantes, ganhando títulos. Momento espetacular”. Washington concorda: “Ele se conscientizou que era uma das última oportunidades da carreira dele, agora com família, filho. Está colhendo os frutos que plantou”, completa.