Bate-papo com os Craques: Fábio Vidal, a ligação e o acesso como um dos maiores laterais do Ceará

Eleito pelo torcedor como o principal lateral-esquerdo da história do clube, compartilha histórias de como o acesso quase escapou e como criou laço tão forte com Ceará

Legenda: Fábio Vidal é um dos ídolos alvinegros que participou da campanha do acesso em 2009
Foto: Reprodução/ Youtube Ceará SC

Do início de uma reconstrução ao laço de identidade com o clube por ter vivido um dos mais importantes capítulos da história do Ceará, depois de dezesseis anos: o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro. Fábio Vidal, considero um ídolo pelos torcedores, teve três três passagens pelo Alvinegro: 2002, 2008 e 2009. A memória afetiva é contundente: o melhor lateral-esquerdo da história do clube, mas Fábio pensa diferente. Ele foi o entrevistado do podcast Bate-papo com os Craques, na Rádio Verdes Mares, Verdinha.

Eu sou muito coerente, tenho carinho enorme pela torcida do Ceará. Mas sei que passaram grandes jogadores antes e depois. Sendo bem sincero, eu não me acho. Eu acho que sim, foi importante, pelo acesso. Tive minha parcela de contribuição, mas não me considero o melhor, isso acaba acontecendo pela emoção e carinho que o torcedor tem por mim.

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Início de carreira e Paulista de Jundiaí

A carreira do jogador de futebol, principalmente na década de 90, não tinha tanta inflação financeira como no momento atual. Para se tornar atleta, era preciso abdicar de estudos, família e a figura do empresário ainda não era tão forte. Fábio Vidal gostava muito de futebol, mas nunca pensou em ser jogador. Porém, quando o momento aconteceu, vieram as certezas mas, também, as dúvidas para desistir.

"Eu precisei parar de estudar para tentar me tornar profissional. Em um desses momentos de transição para a carreira, tive um treino e, após ele, fomos almoçar e o único prato possível era arroz, feijão e tomate. Então a gente olha para aquela situação e questiona se não era uma situação de um atleta. Depois, você joga pelo clube e fica com três meses de salário atrasado, diante de uma entidade onde todos os atletas se dedicam e as vitórias fortalecem o clube e o legado daqueles atletas. Essa é a realidade inicial. Eu não tive ninguém na minha base que pudesse minimizar esses problemas, essas dificuldades, tive que lidar na prática. E o sonho de ser jogador é vendido de uma maneira diferente. E se eu tivesse o estudo, pode ter certeza que não teria seguido no futebol", revelou.

Quando a Copa do Brasil ainda era 'democrática' no aspecto competitivo, Fábio Vidal foi campeão em cima do Fluminense, alcançou uma vaga na Taça Libertadores, onde surpreendeu e venceu o River Plate na fase de grupos. Legado de um atleta que se formou e foi revelado pela equipe de Jundiaí.

"O Paulista foi o clube que me abriu as portas. Eu sou o atleta que mais conquistou títulos pelo clube, desde a Copa São Paulo de Futebol Júnior até a Copa do Brasil. Praticamente metade da minha carreira eu joguei no Paulista. Fazer parte daquela conquista foi o ápice da minha carreira e da história do clube e no ano seguinte ainda com oportunidade de jogar uma Libertadores", conta Fábio Vidal.

Acesso e ligação com Ceará

Uma campanha que foi se solidificando ao longo da competição, com vários líderes dentro do grupo. O elenco foi buscando a unidade para levar o Ceará à Série A. Mas existe um jogo específico que o alvinegro poderia ter perdido a sequência, na reta final. Depois de ser goleado pelo Atlético Goianiense, PC Gusmão 'estourou' com grupo no vestiário, até pela passagem frustrante que o treinador havia tido no clube goiano no início de 2009, ele encarou o duelo como uma revanche.

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"O time do Atlético era muito bom no Serra Dourada. E esse jogo foi engraçado porque o Guarani tinha tomado uma goleada e encontramos eles no aeroporto e questionamos o que tinha acontecido. Os jogadores do Guarani disseram que quando acordaram, já tava de três e era difícil reagir. Aquele papo já era pra ter dado o nosso alerta e quando a gente chega ao estádio, o PC tava dando a vida porque existia essa particularidade dele em relação ao Atlético. E aconteceu a mesma coisa contra o Guarani, quando despertamos, já estava 3 a 0 para os caras. PC explodiu, mas o Jurandir (Júnior, diretor de futebol) foi fundamental para segurar os ânimos e o ímpeto".

A ligação foi em campo, mas os vestiários, as brincadeiras, o coletivo e o clima no Ceará foram fundamentais para o acesso. E uma das cenas mais cravadas na memória de Fábio Vidal foi o retorno após o resultado contra a Ponte Preta.

"PC fez uma reunião entre todo mundo antes do jogo, deu a palavra pra cada um e quando chegou no Sérgio Alves ele foi muito claro. Ele disse que se a gente ganhasse o jogo, o torcedor iria enlouquecer em Fortaleza, não imaginávamos. Então quando chegamos, de cima, do avião, a gente já via o mar de gente, foi algo incrível. Por mais que eu tente aqui encontrar palavras para descrever, vai ser impossível. É uma explicação de Deus, porque não foi normal", comentou Vidal.


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