Bate-papo com os Craques: Paulo Isidoro, da infância ao sucesso na carreira

Ex-meia, ídolo do Fortaleza, herdou apelido ainda na infância, "deu sorte" e assim permaneceu na construção da carreira vitoriosa

Legenda: Paulo Isidoro comemora um dos gols na vitória por 2 a 0 sobre o Icasa, em 2008
Foto: Arquivo

Se perguntar pelo meia Alex Sandro, difícil reconhecer ou associar, mas se chamar por Paulo Isidoro, o torcedor tricolor naturalmente vai relembrar todos os momentos e glórias vividas pelo atleta no clube. O apelido é em homenagem ao ex-ponta da Seleção Brasileira na Copa de 82, Paulo Isidoro, herdado ainda nos primeiros passos da infância no futebol, por causa da evidente semelhança com o craque da Seleção. Ele foi entrevistado pelo podcast Bate-papo com os Craques.

"Alex Sandro é só a família que chama mesmo, todo mundo só me conhece de Paulo Isidoro e não tem como ser diferente, eu tenho o apelido desde os oito anos de idade. Um professor de escolinha quem colocou por causa da enorme semelhança. Ficou. 'Achei a semelhança física, principalmente em campo, e a forma de correr com o Paulo'. Então ficou e me deu muita sorte", revela Isidoro.

Ouça a entrevista

Os caminhos para se tornar jogador sempre carregam esforços e renúncias. Isidoro estudava e tentava chegar à carreira de atleta profissional, mas aos 16 anos de idade precisou estabelecer um prazo para mãe.

"Futebol na época não tinha o status de hoje. A sociedade olhava a profissão como perda de tempo. Minha mãe recebeu uma pressão dos vizinhos porque ela trabalhava muito e eu estudava e jogava bola. Ela chegou pra mim certa vez e disse que o pessoal da rua ficava falando, dizendo que tinha que trabalhar, porque ficar jogando bola é coisa de vagabundo. Então falei pra ela que o futebol tinha espaço pra mim e eu ia atrás. Pedi um prazo até os meus vinte anos de idade", conta Isidoro.

Curiosamente, nesse intervalo de quatro anos, Paulo Isidoro foi vice-campeão brasileiro pelo Vitória aos 19 anos e campeão brasileiro aos 20 pelo Palmeiras da "era Parmalat", jogando ao lado de Rivaldo e Roberto Carlos. O sucesso no futebol foi alcançado dentro do prazo estabelecido.

Idolatria no Fortaleza

Antes de chegar ao tricolor em 2005, Paulo Isidoro vinha de alguns anos oscilantes na carreira e a idade se aproximando dos 30. Foi no Fortaleza onde reencontrou o melhor futebol e a ligação foi imediata principalmente pelo torcedor vibrante nas ruas e nas arquibancadas. E logo no ano de Série A, conquistou o Campeonato Cearense à base de emoção diante do Icasa.

"Eu já tinha jogado contra Fortaleza e Ceará, mas não tinha entendimento do que era a cidade. Nos treinamentos, o torcedor ia em peso, então já foi algo que me surpreendeu. Os caras me abordavam na rua e conversavam. Aquele título de 2005 foi absurdo. O Icasa tinha um timaço e deu trabalho demais. Meu primeiro jogo como titular foi contra o Ceará, ganhamos e eu fiz o gol. Desde o início já foi marcante a história que se construía no Fortaleza".
Paulo Isidoro
Ex-meia do Fortaleza

Tetra e polêmica com Geraldo

Ao lado do paredão Fabiano, Paulo Isidoro é marcante na conquista do Fortaleza, principalmente após o primeiro jogo, onde ele foi o responsável pela vitória e autor de um golaço, que traçava o Fortaleza para conquistar o inédito tetra, mas antes disso, Paulo vinha com pensamento de encerrar a carreira, aos 36 anos, e ainda jogando em alto nível.

"Já estava com mais idade, eu vinha de uma lesão e quase um ano sem jogar. Então Fortaleza me convidou para missão do tetra e para Série C, então pensei que seria a chance de encerrar minha carreira de uma maneira única e ainda mais jogando pelo Fortaleza. Até pensava em parar, mas a rotina, o dia a dia, ele motiva e nos fazem repensar", relata Isidoro.

No primeiro jogo da final, Isidoro fez o gol da vitória tricolor diante do Ceará, que iria disputar a primeira divisão naquele ano. Após o resultado no primeiro jogo, Geraldo deu uma declaração que inflamou ainda mais a decisão.

"Um repórter me abordou e falou em off que o Geraldo tinha me chamado de 'rapaizinho', com menosprezo. Ele perguntou se eu queria responder, então disse que não, naquele momento não. Durante a semana, tive uma entrevista em um canal de TV, então me perguntaram de novo, desconversei e foquei no segundo jogo, mas já estava engasgado com aquela situação. Chegou o final do jogo e dei aquela resposta pra ele, falei muita coisa, estava nervoso e feliz. Até hoje o torcedor me aborda lembrando disso."

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