No Dia Mundial da Fotografia, conheça sete perfis de fotógrafas nordestinas para seguir

Celebrada nesta quinta-feira (19), data otimiza novos olhares sobre o trabalho de profissionais do ramo; conheça nossas indicações

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@svm.com.br
Legenda: Da construção de poéticas visuais à utilização de registros como instrumentos de reflexão e mudança, fotógrafas ampliam os horizontes de trabalho na seara imagética
Foto: Denise Luz

Há quem considere uma das maiores invenções da humanidade – misto de recorte memorialístico, documento e representação. Afinal, como pode um aparelho desafiar a brevidade do tempo e registrar, no eterno, nossas vivências mais importantes? 

Estudiosa contumaz do ofício de desenhar com a luz, a intelectual americana Susan Sontag (1933-2004) certa vez afirmou: “Hoje tudo existe para acabar em uma fotografia”. De fato, o peso dessa revolução iniciada em 1837 – mediante a invenção do daguerreótipo, processo desenvolvido pelo francês Louis Daguerre (1787-1851) – conheceu camadas que, atualmente, ampliam ainda mais a ideia primeira sobre o ato de fotografar.

Dos pesados álbuns de família às galerias abarrotadas dos celulares, o modo como passamos a registrar e sermos registrados ganha novos contornos a todo minuto. Assim, neste Dia Mundial da Fotografia – celebrado nesta quinta-feira (19), em alusão à data de criação da ferramenta que deu início a todo esse panorama – é essencial conhecermos e valorizarmos o trabalho de profissionais que se dedicam a capturar a vida e o cotidiano.

Abaixo, você confere o ofício de sete fotógrafas nordestinas cujas lentes apontam para temáticas plurais. Elas abraçam desde a construção de narrativas e poéticas visuais até a utilização da fotografia como instrumento de reflexão e mudança. Um painel que vai mergulhar você na força do olhar de mulheres sobre a existência. Veja:

Dayane Araújo

Cearense, Dayane Araújo já participou de diversas mostras fotográficas importantes – a exemplo da Foto Festival Bienal Solar, Festival Qxas e Maré Foto Festival, entre outras de caráter coletivo no Ceará. Seus trabalhos também estão presentes na 20ª edição da Revista Carcara Photoart, sempre primando por uma abordagem meticulosa e intimista.

Com formação em narrativas e poéticas visuais, a fotógrafa desenvolve produção artística acerca da memória afetiva, incluindo catalogação imagética de arquivo de família e acervo próprio produzido por duas décadas. Este integra o projeto “Conto a inquietação de cada gota que me percorre como infiltração”, que tem o fotolivro “Fresta” como desdobramento.

O interesse de Dayane em cada registro é captar vulnerabilidades da mente, passeando também pelo corpo em seus interstícios, encarando-o como passagem e paisagem. Igualmente fotografa o ordinário, o íntimo autobiográfico e o autoficcional. Um delicado convite à imersão.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

Denise Luz

Fotógrafa, arte-educadora e artista visual, Denise Luz se auto-referencia como alguém que gosta de contar histórias. Os momentos que sua lente capta não mentem. Nascida na periferia de Fortaleza, a artista gostava de cortar papel e pintar, descobrindo, logo na infância, a câmera analógica da família. Ali era o início para uma série de atravessamentos pelo mundo tendo como mote as imagens.

Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) e com formação em realização audiovisual pela Escola Pública de audiovisual da Vila das Artes, Denise desenvolve projetos experimentais intermídia sobre a sua mediunidade e a respeito de reconstrução/ressignificação da memória afetiva e identidade, a partir de suas fotografias encontradas em álbuns de família, diários antigos e fotos atuais.

Fomentadora de inquietações, possui projetos voltados para fotografia e cinema sobre cultura, periferias, cotidiano e memória, além de ser membro dos coletivos “Mulheres da imagem - CE”, “Sol para Mulheres” e “Quatro Telas”. Já participou de exposições coletivas e desenvolve iniciativas abraçando o protagonismo feminino no campo, além de afeto, reflexões sobre o lugar na cidade e territorialidades que surgem a partir da perspectiva dos meninos e meninas que saltam das ruínas da ponte velha, antigo ponto turístico de Fortaleza.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

Maíra Erlich

Nordestina de Pernambuco, mas atualmente residindo em São Paulo, Maíra Erlich desenvolve trabalhos na fotografia desde 2006, com foco na inclusão de pessoas e situações em cada registro. O objetivo é que sua arte seja honesta e possa servir como gatilho para um despertar pessoal ou social

Tendo se dedicado durante oito anos à fotografia de casamento, foi nessa seara que ela conquistou grande prestígio, arrebatando mais de 50 prêmios nacionais e internacionais. Não à toa, chegou a ocupar o ranking entre os melhores fotógrafos do mundo nos mais concorridos concursos da área, a exemplo do Fearless Photographers e ISPWP. Também colaborou com The New York Times, The Wall Street Journal, AirBnb e Revista Istoé.

Maíra ainda palestrou nos mais importantes congressos de fotografia social. Em 2018, venceu a segunda temporada do reality show “Arte Na Fotografia”, do canal Arte 1, pertencente ao Grupo Bandeirantes. O programa desafia os fotógrafos a criarem ensaios autorais.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

Nathalia Bezerra

Fotógrafa desde 2018, a alagoana Nathalia Bezerra deu os primeiros passos na seara do registro imagético a partir de retratos femininos. Nesse período, ela conheceu várias narrativas de mulheres, indo desde perspectivas sobre seus corpos até a respeito de seus medos e esperas.

Durante a quarentena, ela vivenciou no próprio corpo o efeito de algo que descreve como “visual, linguístico e arrebatador”, um processo que tornou inevitável a junção entre palavras e fotografias. Resultado: a dinâmica a faz hoje escrever até mesmo em cima das fotos, ou por dentro delas.   

“O autorretrato possibilita o contato com a própria imagem refletida em algo. A fotografia dos ensaios e das mulheres possibilita o encontro com a imagem de outra pessoa. São encontros e desencontros que acontecem e se sustentam diante dos olhares”, descreve Nathalia em seu site.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

Priscilla Buhr

A pernambucana Priscilla Buhr trabalha com fotografia há 16 anos, pesquisando e criando projetos relacionados a narrativas visuais motivadas pela compreensão e reconstrução do passado e por trajetos emocionais da mulher. 

Vencedora do Prêmio Brasil de Fotografia 2013 na categoria Revelação com o ensaio “Ausländer”, foi também uma das selecionadas do 10° Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia em 2019. Além disso, a recifense integra o Clube de Colecionadores de Fotografia do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) e participa do projeto Mira Latina. 

Já tendo passado por grandes instituições, ela igualmente foi uma das fundadoras do coletivo 7Fotografia, desenvolvendo diversas atividades de produção, pesquisa e debate na área de fotografia. Em 2010, realizou a primeira exposição individual, com o trabalho “AutoDesconstrução” – exposto na galeria Eulengasse, em Frankfurt (ALE) – além de diversas outras empreitadas.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

Sabrina Moura

Novamente em solo cearense, Sabrina Moura atribui o esmero pelo ofício de fotógrafa ao encanto de quando ganhou sua primeira câmera fotográfica, aos 12 anos. De lá para cá, ela se formou em Gestão Desportiva e de Lazer (2009) e em 2011 fez o primeiro curso de fotografia básica na Casa Amarela, equipamento da Universidade Federal do Ceará. 

A partir daí, realizou vários outros cursos na área da fotografia, sendo atualmente estudante do curso de Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal do Ceará (IFCE). Sua primeira participação em exposições foi na mostra Encontros de Agosto (2016); na sequência, integrou o time de várias outras, como Galeria 3×4 (2017), Movência Poética MAUC (2018), A Cara Negra do IFCE (2018) e Festival Nóia (2020)

No momento, desenvolve projetos e pesquisas com processos de fotografia experimental ligados a memórias afetivas.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

Tatiana Tavares

A cearense Tatiana Tavares é professora de Arte, formada em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará, Campus Fortaleza – IFCE, e pós-graduada em História da Arte pela Universidade Estácio de Sá. Faz pesquisa no campo da História da Arte e Fotografia. 

Na perspectiva fotográfica, tem uma relação mais próxima com a fotoperformance. Busca participar de movimentos na cidade de Fortaleza onde há difusão da fotografia, em especial para fortalecer as mulheres que são fotógrafas. Já participou de algumas exposições dentro e fora do estado do Ceará.

Também integra o Programa Sol para Mulheres e o grupo de estudos em imagem, fotografia e arte Imagem é pensamento. Desde 2013, é presença garantida em diversos cursos na área da Arte e da Educação.

É possível acompanhar o trabalho da artista neste link.

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