2024 é o ano mais quente já registrado e primeiro a superar limite de 1,5 °C do Acordo de Paris

Ano passado alcançou um aumento de 1,6° C da temperatura média global, cifra mais alta desde a Revolução Industrial

Imagem mostra criança com calor usando uma garrafa para derramar água no rosto. 2024 é o ano mais quente já registrado e primeiro a superar limite de 1,5 °C do Acordo de Paris
Legenda: Projeções indicam que 2025 pode se tornar o segundo ou terceiro ano mais quente da história
Foto: Shutterstock

É oficial: o ano de 2024 foi o mais quente já registrado e o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5 °C de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais. A temperatura é apontada por cientistas como o limite para deter as piores mudanças climáticas do aquecimento global. A alta recorde dos termômetros aconteceu em todas as regiões continentais, exceto na Antártida e na Austrália. 

Em relatório, publicado nesta sexta-feira (10), o observatório Copernicus, da União Europeia, confirmou que a temperatura média global ano passado foi 1,6 °C superior aos valores registrados entre 1850 e 1900, período usado como referência para os termômetros antes do início da emissão em larga escala de gases do efeito estufa, causado pela Revolução Industrial.

O recorde superou o de 2023, que, na época, fora apontado como o mais quente da história. A tendência de aumento das temperaturas é um fenômeno que vem acontecendo nos últimos 10 anos, década considerada a mais quente já reportada.

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A elevação de 1,6 °C da média da temperatura global ultrapassa o limite estipulado pelo Acordo de Paris — tratado internacional que visa reduzir as mudanças climáticas —, no qual o Brasil e outros 194 países firmaram o compromisso de limitar o aumento médio dos termômetros em 1,5 °C. 

Apesar da extrapolação da barreia, 2024 ainda não é considerado uma violação da convenção, já que ela não considera uma quebra o caso de um ou dois anos acima da marca estipulada. Porém, se a taxa atual de aquecimento seguir crescendo é possível que a violação aconteça na década de 2030, analisou o Copernicus.

O que causou o recorde

O documento aponta que cada mês superou as temperaturas globais de qualquer ano anterior, em uma série de 13 meses de temperaturas mensais recordes que se encerrou em junho. Em julho, as anomalias de temperatura continuaram significativamente superior à média, com destaque especial para 22 de julho, apontado como o dia mais quente já registrado, com média global de 17,16 °C, destaca o relatório.

E o que pode ter motivado o fenômeno? As altas temperaturas da superfície do mar foram um dos principais fatores que causaram as elevadas temperaturas globais nos últimos dois anos, segundo os dados. Mesmo com o fim do El Niño — fenômeno climático que influencia a variação dos ventos e das temperaturas da superfície do Oceano Pacífico tropical — , e a transição para condições mais neutras no Pacífico equatorial oriental, muitas regiões continuaram a registrar altas na superfície do mar, mantendo a média global acima do normal. 

Outro recorde de 2024 foi a quantidade de vapor d'água na atmosfera, que alcançou os 5% acima da média de 1991–2020. O fenômeno, conforme o relatório, desempenha um crucial no sistema climático por contribuir significativamente para o efeito estufa natural da Terra. Ao contrário de outros gases que influenciam o aquecimento do Planeta, como dióxido de carbono e metano, a concentração de vapor de água não é diretamente influenciada pelas atividades humanas. Porém, à medida que a atmosfera aquece, ela pode reter mais vapor de água. 

Quanto maior a quantidade de vapor, mais o aquecimento é amplificado, e, consequentemente, cresce o potencial para o acontecimento de eventos extremos de chuvas, como tempestades tropicais intensas. 

Outros fatores foram listados pelo observatório como causadores dos recordes de temperatura em 2023 e 2024. São eles:

  • erupção vulcânica do Hunga Tonga–Hunga Haʻapai, em janeiro de 2022 — aquecimento devido ao aumento do vapor de água estratosférico, mas resfriamento devido aos aerossóis;
  • menores emissões de dióxido de enxofre pelo transporte marítimo — aquecimento devido à redução de aerossóis;
  • quantidades reduzidas de nuvens baixas — aquecimento do sistema climático devido ao aumento da absorção da radiação solar;
  • máximo do ciclo solar — aquecimento devido ao aumento da energia solar que chega à Terra;
  • mecanismo de feedback de temperatura/vapor de água — aquecimento devido ao efeito estufa aumentado pelo vapor de água adicional na atmosfera.

O que esperar de 2025?

Segundo o relatório, que se baseia em dados do Met Office, o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido, a tendência é que este ano se torne o terceiro ou o segundo mais quente da história.

Ano passado cumpriu a expectativa da Organização Meteorológica Mundial que, em junho de 2024, projetou que um ano entre 2024 e 2028 estaria mais de 1,5 °C acima do nível de temperaturas registradas no período pré-industrial, se tornando o período mais quente já registrado.     

Segundo os dados da instituição, um único ano nesse intervalo pode atingir até 1,9 °C acima da média de 1850-1900, e há 47% de chance de que a média de cinco anos exceda o limite de 1,5 °C.

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