Policiais militares presos extorquiam até R$ 20 mil de empresários, segundo MPCE

A Operação Espanta Raposa foi deflagrada para cumprir mandados de prisão preventiva e de afastamento das funções policiais, em Sobral e Tianguá

Escrito por Messias Borges , messias.borges@diariodonordeste.com.br
Legenda: Nove policiais militares foram presos com a deflagração da Operação, em Sobral e Tianguá
Foto: Foto: Maristela Gláucia

Os nove policiais militares presos e afastados das funções no Batalhão da Polícia do Meio Ambiente (BPMA) de Sobral compõem uma "quadrilha", para o Ministério Público do Ceará (MPCE). A reportagem apurou que o grupo criminoso que teria se constituído dentro da Polícia Militar do Ceará (PMCE) extorquia empresários em até R$ 20 mil.

Os PMs cometiam crimes de duas formas, segundo a investigação. Uma das técnicas utilizadas pela quadrilha era verificar os pedidos de regularização das atividades laborativas ou da compra de material junto à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), antecipar-se ao órgão e fazer exigências. Os militares também abordavam caminhões com mercadorias pesadas, como madeiras, lenhas, carvão, areia e pedras, e ameaçavam os condutores de apreender os bens, com a aplicação de uma multa exorbitante, caso os mesmos não pagassem valores de R$ 2 mil a R$ 20 mil. 

A Operação Espanta Raposa foi deflagrada para cumprir mandados de prisão preventiva e de afastamento das funções policiais, em Sobral e Tianguá, contra o tenete-coronel Paulo de Tasso Marques de Paiva (comandante do BPMA em Sobral); o major Francisco Marcelo Nantuã Beserra; os sargentos Raimundo Nonato Cruz; Jorge Luís de Sousa; Marcelo Cristiano de Melo; Reginaldo Bento de Araújo; Antônio Barbosa Filho; e Décio Alves Fernandes; além do soldado Pablo Weslly Cavalcante de Sousa (filho do sargento Jorge Luís). Todos estão detidos, à disposição da Justiça.

O advogado Oseas de Souza Filho, representante do major preso, afirmou que a defesa ainda está conhecendo a prova da Operação por inteiro, mas negou que o cliente tenha cometido crimes. "Pelo que eu conheço da pessoa dele, essa liderança de associação criminosa não existe. Na investigação, não existe elemento de prova que identifica essa versão", contesta. A defesa do tenente-coronel detido preferiu não se posicionar sobre o caso. Já os advogados dos demais policiais não foram localizados pela reportagem.

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou, em nota, que a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) apoiou a Operação. "Cabe destacar que a Controladoria, tendo em vista o caráter sigiloso da prova, aguarda compartilhamento das informações, a ser autorizado pelo Poder Judiciário, para, a partir daí, poder fazer a apuração na esfera administrativa", completou. Demandados através das assessorias de comunicação, o MPCE, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e a Polícia Militar não se posiciaram sobre o caso.

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